Cine Humberto Mauro exibe “Épicos de Fé”

A partir desta sexta-feira (7), o Cine Humberto Mauro apresenta a mostra inédita “Épicos de Fé”, uma mostra dedicada a filmes capazes de proporcionar profundas reflexões sobre a humanidade e sua relação com o divino. As exibições gratuitas seguem em cartaz até o próximo dia 16.
A primeira sessão da Sexta-feira da Paixão será de “O Príncipe do Egito”, um filme de animação para todos os públicos, que será exibido dublado em português. Embora se inicie com uma história do Antigo Testamento, o simbolismo da data será contemplado nas sessões seguintes, dedicadas a duas versões de “O Rei dos Reis”, que narram a trajetória de Jesus Cristo, com base nos Evangelhos.
A primeira versão foi realizada em 1927 e foi dirigida por Cecil B. DeMille, um pioneiro da indústria cinematográfica americana – DeMille dirigiu mais de 70 filmes ao longo de sua carreira, muitos dos quais eram épicos históricos e bíblicos que se tornaram icônicos. A segunda versão, lançada em 1961, foi dirigida por Nicholas Ray. Ambos os filmes são obras impressionantes e impactantes em sua própria maneira; por terem sido lançados em épocas distintas
No sábado (8), após uma sessão de “Francisco, Arauto de Deus”, do brilhante diretor italiano Roberto Rossellini, serão exibidas duas versões de “Os Dez Mandamentos”. Nesse caso, ambas são dirigidas por Cecil B. DeMille. O primeiro filme foi lançado em 1923 e o segundo em 1956, isto é, existe uma diferença de mais de 30 anos entre os dois filmes.
O primeiro filme foi produzido em preto e branco, no período do chamado cinema silencioso e, embora uma parte de sua história acompanhe Moisés (Theodore Roberts), guiando os judeus do Egito para a Terra Prometida, seu enredo também oferece outra história, contemporânea à época de sua produção, a qual é focada em dois irmãos que vivem em São Francisco e que, de certa forma, são influenciados pelas histórias das Escrituras Hebraicas.
O segundo filme foi produzido em cinemascope, é colorido e se utiliza muito das possibilidades sonoras oferecidas pelo avanço tecnológico do cinema; o enredo dessa versão é totalmente focado na saga de Moisés (Charlton Heston), na adaptação do Êxodo. Entre esses filmes, talvez o mais interessante a se observar seja a transformação e o amadurecimento do olhar de um cineasta.
É inequívoco afirmar que a tradição judaico-cristã exerce um papel fundamental na formação da civilização ociental, mas não é a única via acesso à religiosidade. A fim de criar uma ponte de diálogo mais diversa com os demais filmes exibidos e com tal tradição, foram selecionados dois filmes brasileiros lançados em 2019: “Fé e Fúria”, de Marcos Pimentel, e “A Rainha Nzinga Chegou”, de Isabel Casimira e Júnia Torres. Acreditamos que esses filmes transportam questões muito atuais sobre a fé em nosso país e sobre os espaços ocupados pelas religiões de matriz africana.
A religiosidade, de modo inequívoco, tem sido uma força motriz na história humana, influenciando importantes aspectos políticos, filosóficos e culturais que formam e transformam a sociedade. Assim como as mitologias, as religiões serviram como fontes de inspiração para inúmeras criações artísticas. No cinema, desde Lumière (considerado um dos inventores da sétima arte – e produtor de ao menos uma versão da Paixão de Cristo), histórias de aspecto religioso, extraídas especialmente da bíblia, ganharam vida nas imagens em movimento e se destacaram ao impulsionar alguns dos aspectos narrativos e formais da engenharia cinematográfica: épicos hollywoodianos, como “Os Dez Mandamentos” e “Ben-Hur” (foto), por exemplo, são amplamente reconhecidos como produções grandiosas e audaciosas.
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