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Cine Humberto Mauro tem Mostra Joan Crawford

Cine Humberto Mauro tem Mostra Joan Crawford
Crédito: Paulo Lacerda

A Fundação Clóvis Salgado reabriu na última sexta-feira as portas do Cine Humberto Mauro para o público mineiro, após um ano e quatro meses sem realizar eventos presenciais. Interrompida em março de 2020 em razão da pandemia, as sessões serão retomadas com a Mostra Joan Crawford, que homenageia esta grande artista da história do cinema mundial. Todos os eventos do Cine Humberto Mauro têm entrada gratuita, e os ingressos serão distribuídos durante o horário de funcionamento da bilheteria, no dia de cada sessão, com lotação máxima do cinema de 30 lugares (25% da ocupação), garantindo o distanciamento do público. A mostra permanece em cartaz até o dia 5 de agosto, e terá duas sessões diárias, às 15h e 18h.

Do cinema mudo à televisão, Joan Crawford construiu uma carreira se adaptando aos mais diversos formatos e movimentos da indústria audiovisual, tornando-se uma personalidade marcante durante mais de 50 anos de carreira. A mostra exibe 17 filmes de sua trajetória, desde os primórdios da carreira como dançarina até performances que lhe renderam o Oscar. De personalidade e temperamento fortes, Crawford possui uma carreira polêmica, extremamente produtiva e impactante para o mundo do entretenimento. Além de acompanhar a evolução da carreira da atriz, a mostra também é uma oportunidade para o público conferir obras de diferentes diretores consagrados, como Nicholas Ray, Michael Curtiz, Dorothy Arzner, George Cukor, Otto Preminger e Robert Aldrich.

Conhecida como uma das maiores atrizes do seu tempo, Crawford consagrou uma carreira de peso e marcou a história do cinema. Segundo o gerente do Cine Humberto Mauro, Vitor Miranda, a capacidade de Crawford de reinvenção ao longo do século foi um grande marco em sua carreira. “Joan buscou uma posição em Hollywood de forma mais autônoma possível. Ela personifica a força de vontade feminina de uma forma intensa e representa muito bem a capacidade de adaptação e trabalho duro de uma artista ao longo de cinco décadas”, ressalta Miranda.

A mostra perpassa as diferentes fases do legado da atriz, iniciado com exibições da década de 1920, na qual Crawford interpretava dançarinas ao estilo flapper, termo popularmente conhecido no Brasil como “melindrosa”, referindo-se ao estilo de vida de mulheres jovens que desafiavam as normas limitadoras ao feminino. Deste período, a mostra exibe o longa “O Monstro do Circo” (1927). “Iniciando a carreira como dançarina, Crawford assina contrato com a Metro-Goldwyn-Mayer (MGM) em 1925, ano que passa a assumir o mesmo papel em filmes mudos. A transição da atriz para o cinema falado, a partir de 1928, foi muito bem-sucedida”, conta Miranda.

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Ascensão social – Nessa época, Crawford, que sempre teve como princípio escolher papéis que tivessem identificação com o público, começa a interpretar mulheres trabalhadoras e pobres que buscam a ascensão social, e, após reviravoltas na narrativa, tem a vida modificada encontrando o glamour e a riqueza. “Temáticas com essa natureza se tornaram sucesso de público durante o período de Grande Depressão, época em que o cinema norte-americano foi de grande valia para um momento de escapismo da pobreza que assolava o país. Interpretando essas mulheres, que ecoavam a própria vida da atriz que começou a trabalhar aos nove anos, Crawford se tornou uma das estrelas mais bem pagas e populares dos EUA”, explica Miranda.

Dos sucessos dessa época que representam esse papel, se destaca “Possuída” (1931), longa contracenado com o ator Clark Gable. A programação segue com “Grande Hotel” (1932), “Amor de Dançarina” (1933), “Felicidade de Mentira” (1937), e “As Mulheres” (1939).

Ao final da década de 1930, o arquétipo que a rendeu sucesso passou por um momento de declínio e estagnação, culpa em grande parte da própria MGM, que dedicava suas campanhas de publicidade a novas estrelas como Judy Garland e Lana Turner. Mesmo assim, obteve destaque nos longas “Um Rosto de Mulher” (1941) e “Uma Aventura em Paris” (1942), últimas produções da atriz com a MGM – após 18 anos de parceria, o contrato foi rompido mutuamente. O grande retorno estratégico de Crawford, já em contrato com a Warner Bros. (WB), foi em “Alma e Suplício” (1945), longa que a rendeu o Oscar de melhor atriz. Apesar de outras duas indicações – como em “Precipícios d’Alma” (1952), que também fazem parte da mostra – essa foi a única premiação do gênero na qual Crawford foi vencedora.

Este retorno demonstrou um reconhecimento da capacidade profissional da atriz de se reinventar e determinou a nova fase de sua carreira a partir do final dos anos 40: interpretando personagens nobres e maduras em melodramas noirs que exploram desejo e possessão. Se destacam suas interpretações em “Acordes do Coração” (1946) e “Êxtase de Amor” (1947). Nesse ponto de Hollywood, poucos atores e atrizes haviam sobrevivido à transição do cinema mudo para o falado no final dos anos 1920. A relevância de Crawford ainda se manteve nos anos 50, em papéis importantes como “Os Desgraçados não Choram” (1950), “Folhas Mortas” (1956) e o cultuado “Johnny Guitar” (1954), dirigido por Nicholas Ray.

Na década seguinte, o maior destaque da atriz fica com “O Que Terá Acontecido a Baby Jane?” (1962), longa no qual Crawford divide cena com a rival Bette Davis. O filme foi responsável por mais um retorno bem-sucedido das duas grandes atrizes e foi um marco para o cinema thriller e de horror, gerando diversas cópias posteriores. O grande sucesso se limitou à sua época e não rendeu papeis de sucesso à Crawford. O restante de sua carreira contemplou filmes B de suspense e episódios de programa de TV.

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