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Cine Santa Tereza chega a sete anos da reabertura

Cine Santa Tereza chega a sete anos da reabertura
Crédito: Ricardo Laf

O Cine Santa Tereza, uma das salas de cinema mais tradicionais da cidade, completa sete anos desde sua reabertura como um espaço público vinculado à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). O cinema de rua, atualmente um dos poucos ainda atuantes na cidade, foi reinaugurado em 2016 com a intenção de ser um local de difusão, circulação e criação artística da linguagem audiovisual, atendendo assim a uma reivindicação dos moradores da cidade e do setor cultural. A sessão inaugural aconteceu no dia 26 de abril de 2016 e, desde então, o cine já recebeu cerca de 50 mil pessoas em mais de 2.200 sessões gratuitas.

Para celebrar este aniversário, a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Municipal de Cultura promovem, durante todo o mês de abril, a “Nossa Mostra”, com filmes de estilos e narrativas variadas, selecionados pelo público do cinema. Também acontece uma edição especial do projeto “Circuito Cine Santê”, com homenagem ao cineasta Geraldo Veloso (1944-2018) e debate em torno do tema “Memória e Preservação”. Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados no site www.sympla.com.br. Uma quota de 50% dos bilhetes é reservada para distribuição no próprio cinema, 30 minutos antes das sessões. A programação completa do Cine Santa Tereza pode ser consultada no Portal Belo Horizonte.

Os filmes foram sugeridos pelo público frequentador do Cine Santa Tereza. A escolha levou em consideração a vivência dos frequentadores do cinema e as suas relações com determinados filmes, seja por estas obras terem sido marcantes na história pessoal de cada um ou mesmo por terem ficado na memória de sessões presenciadas no cinema. Também foram consideradas a pluralidade de propostas, períodos e estilos representados, que vão do mais leve entretenimento a obras que exaltam o onírico e o sensorial, passando pela força potente do cinema local, assim como por antigos e novos clássicos do cinema mundial. Ao todo, o cinema recebeu mais de 200 sugestões.

O público pôde também compartilhar as suas histórias relacionadas àquelas obras. Estes relatos, que trazem como traço comum a paixão pelo cinema, ficarão expostos no hall do Cine Santa Tereza ao longo do mês.

Uma das obras de destaque da mostra é o mineiro “Marte Um” (de 2022, classificação 16 anos), dirigido por Gabriel Martins, ganhador de inúmeros prêmios nacionais e internacionais e indicado pelo Brasil, em 2022, para concorrer a uma vaga ao Oscar. O filme foi o recordista de pedidos do público para exibição na “Nossa Mostra”. Para Marcos Fileto, de 27 anos, seria incrível rever e divulgar ainda mais essa obra que é tão nossa: “Marte Um já fez história por seu enredo, simplicidade e representatividade”.

Outro filme muito solicitado pelo público é “Cinema Paradiso” (1988, classificação 12 anos), de Giuseppe Tornatore, uma das mais tocantes homenagens à sétima arte. Para Tomás Correa, de 21 anos, “esse filme, além de ter tudo a ver com a atmosfera de um cinema de rua e as emoções nele cultivadas, como é o nosso Cine Santa Tereza, tem uma forte conexão com a história pessoal de minha mãe, que viu esse filme no cinema, num momento de sua vida em que ela desenvolvia suas ambições e seus sonhos. Ela volta recorrentemente à sua icônica trilha sonora para reviver aqueles momentos de magia da juventude”.

Para José Bernardo Souto, de 28 anos, rever “E.T, o extraterreste” (1982, classificação livre), de Steven Spielberg, é a oportunidade para um encontro de gerações. “A primeira vez que assisti ‘ET’ foi aos sete anos, em 2002, no relançamento comemorativo do aniversário de 20 anos. Foi uma das minhas experiências cinematográficas mais marcantes, por ser também uma das primeiras”, lembra.

Já para Frederico Sálvio, de 51 anos, assistir novamente “Amadeus” (1984, classificação 12 anos), um dos mais famosos filmes do diretor Tcheco Milos Forman, significa acionar lembranças preciosas do pai. “Quando eu era pequeno, meu pai me levou para assistir ‘Amadeus’ umas 5 ou 6 vezes. O tempo passou freneticamente. Meu pai se foi e eu fiquei. E quando fiquei sabendo dessa proposta do Cine Santê foi o primeiro filme que veio na minha cabeça. Meu pai era tenor e ouvia música clássica 24 horas por dia, 365 dias por ano”, destaca.

A relação entre pais e filhos também foi citada pela moradora do bairro e jornalista, Eliza Peixoto, de 68 anos, ao enviar sua sugestão para a exibição de “A Noviça Rebelde” (1965, classificação livre), de Robert Wise. “A primeira vez que vim a Belo Horizonte e fui ao cinema aqui, no Cine Jacques, se não me engano, eu tinha uns 15 anos. Foi uma maravilha. Depois esse filme eu vi pela TV com minha filha pequena. Ela amou. Então, fizemos uma gravação da TV e mesmo sendo precário ela assistia ao filme quase todos os dias”, destaca.

Para Tiago Pereira, de 36 anos, a paixão pelo cinema e pela cultura popular brasileira o inspirou a sugerir “Tapete Vermelho” (2005, classificação 10 anos), de Luís Alberto Pereira. “Por ser uma homenagem ao amor pelo cinema e por um dos maiores ícones do cinema brasileiro, Mazzaropi. Além de tudo é um filme engraçado, emocionante e uma aula de cultura brasileira com atuações excelentes”, argumenta.

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