CineBH mostra 20 filmes feitos na RMBH

A 15ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte, iniciada ontem, tem programação até o próximo domingo, apresentará uma seleção de 20 filmes produzidos na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) para integrar a programação da mostra temática “A Cidade em Movimento” e serão exibidos em cinco sessões definidas por alguns recortes e acompanhadas de bate-papos com os realizadores, realizadoras e convidadas. A mostra poderá acompanhar por transmissão ao vivo no site www.cinebh.com.br.
Para 2021, a temática proposta pela curadora Paula Kimo a “Cidade (em) comum”. O recorte traz como perspectiva a ideia do comum no cinema e convoca as relações entre filme, processo e cidade na construção de um sentido de comunidade.
Em relação à temática, “Cidade (em) comum” foi pensada a partir de alguns questionamentos, a serem levados para reflexão durante a CineBH: é possível pensar uma comunidade de imagens que dialoga com as práticas e fazeres coletivos que movem a cidade? Como os gestos de produção coletiva e compartilhada se inscrevem nos filmes que a cidade produz, não apenas do ponto de vista temático, mas também na forma, na narrativa e nos processos de criação e distribuição dos filmes?
Para a curadora Paula Kimo, a pandemia abalou a relação “imagem/cidade em movimento”. “A mostra do ano passado recebeu muitos ‘filmes de janela’, ou feitos nas frestas das janelas, como costumo dizer. Diante dessa mudança de cenário político que venho observando ao longo dos anos, a mostra também vem mudando”. Em 2021, o que Paula percebeu foi uma diminuição de títulos diretamente relacionados à política. “As ruas se esvaziaram, os movimentos voltaram para cuidar das suas bases frágeis e as câmeras se voltaram para outros lugares, ou foram guardadas no armário, mesmo porque produtor independente precisa sobreviver, e não é o cinema que coloca comida na mesa”, pondera a curadora.
Em 2021, A Cidade em Movimento busca olhar para a cidade compartilhada entre os sujeitos e as coletividades que produzem a experiência cinematográfica, onde filmar não é o ato primeiro (aquele de produzir um filme), mas “um ato com”, um gesto comum, e onde as imagens surgem no mundo não apenas para torná-lo visível, mas também para constituí-lo e transformá-lo.
A mostra foi aberta com o filme “Amador”, da Cris Ventura, sobre um amigo da cineasta, Vidigal. “É um filme lindo, que ativa muitas memórias afetivas, que fala de um modo de vida que aciona questões da cidade, da trajetória de vivência nas ruas, da arte, da loucura, da lucidez”, aponta Paula Kimo.
A segunda sessão se chama “Mátria Amada”, com filmes que problematizam lugares e conceitos preestabelecidos: mãe, mulher, materno, amor parental. Na terceira sessão, “Contra Poder”, há filmes que provocam a pensar sobre essa força capitalista que move, persegue, arrasta, destrói. “Tem um filme muito forte sobre o crime ambiental de Brumadinho, chama ‘O Vazio que Atravessa’, e também ‘O Resto’, a história de uma vida apagada pelo Estado, como tantas outras”, destaca a curadora.
A quarta sessão se chama “Tem Diferença” e discute racismo, colonialismo e violência institucional, enquanto a quinta e última é intitulada “Singular” e traz alguns retratos de vida, “o pessoal, os modos e meios de viver, em filmes de personagens bem marcados, histórias de afeto e amor, vidas narradas e contadas”.
A mostra “A Cidade em Movimento’ foi criada em 2016 numa ação coletiva em diálogo com as questões, pulsações e movimentos atuais da cidade de Belo Horizonte e sua Região Metropolitana, e que são expressos em manifestações culturais, audiovisuais e educacionais. O objetivo da mostra A Cidade em Movimento é destacar produções e coletivos que atuam política e artisticamente no espaço urbano, tomando para si a câmera para tornar visíveis lutas, atritos e subjetividades de cidades que vibram, resistem e se organizam, mesmo diante das adversidades que assolam os nossos dias.
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