Cinebitaca reúne 26 curtas sobre pandemia

A Mostra Cinebitaca, idealizada pela fotógrafa Beth Freitas e pela produtora cultural Tamira Abreu está de volta a partir de hoje e até o próximo domingo. O evento, originalmente pensado como mostra de cinema independente no boteco, agora é retomado em versão on-line.
O público poderá conferir no canal do Youtube a segunda edição, que tem programação gratuita e diversa de filmes mineiros. São 26 curtas que abordam a pandemia de Covid-19 e a quarentena a partir de pontos de vista singulares, compondo um mosaico de experiências, angústias e imaginação do contexto pelo qual passamos.
Na impossibilidade de estar no boteco vendo filmes e conversando, a mostra vai homenagear bares saudosos da cidade. Cada um dos quatro dias de programação leva o nome de um dos bares: Bar do Lulu, Pastel de Angu, Social Bar e Restaurante e Bar Aqui, Ó..
A primeira edição do Cinebitaca aconteceu em abril de 2019, no Bar Brasil 41 (Santa Efigênia). Inicialmente concebida para acontecer em bares da capital mineira e agora em versão on-line devido à pandemia, a mostra se estrutura em quatro sessões, que são abertas por um debate com diretores e seguidas pelos filmes, com uma duração média de 50 minutos. Os filmes selecionados para a Mostra Cinebitaca concorrerão a premiação por votação do júri popular, que será realizada também online.
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Foram inscritos mais de 130 filmes de todas as regiões do Estado, de gêneros, abordagem, linguagens e duração variadas. Desses, foram selecionados 26 curtas, com duração de 47 segundos a 15 minutos, numa amostra que manteve a marca da diversidade.
O processo de escolha dos filmes contou com a curadoria da cineasta, produtora e professora de cinema Cristiane Ventura e a pesquisadora, mestre em Estudos de Linguagens e cineclubista Renata Oliveira.
São 26 filmes realizados durante a pandemia, no período de confinamento e distanciamento social que configuram uma Mostra em que a pluralidade estética dos curtas se faz presente. Neles percebemos repertórios de gestos e imagens que já se cristalizaram em nossa experiência e imaginário da quarentena: dançar em casa sozinho, se embriagar, fazer a própria festa, olhar pela janela e para dentro, trabalhar frente à tela, conversar pela tela, se reunir e produzir entre a tela e a câmera; cuidados com a casa de si, a busca pela luz solar, imagens do tédio e do trabalho doméstico que parece não ter fim.
Os curtas produzidos no contexto da pandemia revelam os dramas do isolamento social, a dificuldade de se adaptar, os transtornos causados pelo trabalho remoto ou a ausência dele. Mas também apresentam brechas nas quais se criam espaços para revisão da própria vida, outras formas de habitar o espaço, a relação com o corpo e tentativas de imaginar possíveis futuros.
Cada sessão apresenta o universo dos filmes selecionados através da variedade de linguagens e gêneros. Apostando em manter de alguma forma o tom de descontração do boteco, a heterogeneidade das obras é mantida a cada dia da Mostra, visando inspirar conversas e reflexões em torno à quarentena.
Beth Freitas é publicitária, fotógrafa e videomaker. Tamira Abreu é produtora cultural em Belo Horizonte há mais de 15 anos.
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