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Confira quais são as atividades culturais mais populares de Belo Horizonte

Mias da metade (53%) dos belo-horizontinos frequentam atividades distantes do bairro onde vive
Confira quais são as atividades culturais mais populares de Belo Horizonte
Foto: Divulgação/ Facebook Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais

As atividades culturais mais populares em Belo Horizonte são os livros e os jogos eletrônicos, conforme apontam 61% e 56% da população, respectivamente. A pesquisa Cultura nas Capitais, realizada pela JLeiva Cultura & Esporte, aponta que a maioria (53%) dos belo-horizontinos realizaram atividades deste tipo em locais distantes dos bairros onde vivem.

O estudo, que contou com a participação de 600 pessoas na capital mineira, também aponta que os concertos de música clássica (63%) e os saraus (62%) foram as atividades com menor frequência da população nos últimos 12 meses. Além disso, apenas 13% das pessoas frequentaram algum evento no bairro onde moram.

Outras atividades que se destacaram positivamente foram os shows de música (45%), museus (30%) e teatro (28%) , com uma frequência acima da média nacional em Belo Horizonte. Por outro lado, casos como o acesso a cinemas (47%) e a festas populares (34%) ficaram abaixo da média das capitais brasileiras.

Para o diretor da JLeiva Cultura & Esporte, João Leiva, esses dados evidenciam a força cultural que existe na capital mineira, destaca que o crescimento no interesse pelos jogos eletrônicos é uma tendência mundial. “As pessoas estão interagindo cada vez mais com celulares, tabletes e etc. Isso tem popularizado cada vez mais os jogos eletrônicos, é um fenômeno mundial”, avalia.

Já os resultados positivos relacionados aos shows, conforme o especialista, estão relacionados à tradição musical de Minas Gerais e a uma maior diversificação de espaços na Capital. No caso dos museus, ele destaca o papel importante do Inhotim e do Circuito da Praça da Liberdade para o aumento do interesse da população de Belo Horizonte em visitar exposições realizadas nesses espaços.

Foto: Adobe Stock

Quanto ao desempenho negativo do cinema, o dirigente explica que a atividade sofreu uma queda generalizada desde a pandemia de Covid-19 e está passando por um processo de retomada após esse período. “Nós não sabemos até onde ele vai, se vai conseguir voltar aos níveis que estavam antes da pandemia ou não”, diz.

Sobre as festas populares, Leiva avalia que o resultado pode estar ligado a uma baixa diversidade de festas se comparado com outras regiões e destaca que o cenário em Belo Horizonte está muito concentrado em eventos como as festas juninas e o Carnaval.

O levantamento ainda aponta para o potencial de crescimento do público frequentador de eventos em Belo Horizonte. Um bom exemplo é o teatro, em que dos 78% que relataram não ter ido, 31% demonstraram alto nível de interesse em visitá-lo. No caso da dança, essa taxa é de 25%; nos museus e shows são 22% deste grupo de respondentes, e quanto às festas, 20% apresentaram muito interesse em frequentar futuramente.

Espaços como praça, parques, jardins botânicos, aquários, zoológico e planetários são os mais frequentados na capital mineira, com 25% do público. Em seguida aparecem os centros culturais (10%).

O Palácio das Artes é o espaço cultural mais popular em Belo Horizonte, com 69% dos entrevistados afirmando conhecer e já ter ido ao local, seguido do Conjunto Arquitetônico da Pampulha (63%). Por outro lado, 63% dos respondentes não conhecem a Sala Minas Gerais e 56% não conhecem o Memorial Minas Gerais Vale. Além disso, 34% conhecem o Inhotim, mas nunca o visitaram.

Teatros e Museus

Peça amarra situações corriqueiras e inusitadas de extremo humor.
Foto: Pedro Vale

O tipo de peça mais popular nos teatros da Capital são aquelas voltadas para público adulto, com 68% dos belo-horizontinos frequentando este tipo de evento. Em seguida aparecem as peças para o público infantil e os shows de comédia stand-up, ambos empatados com 51%. Já o musical aparece com 49% de frequência.

Mais da metade (52%) relata ter ido ao teatro com a família e crianças; 22% em casal e 14% com amigos. Além disso, 67% dos entrevistados afirmam ter pago os ingressos, enquanto 33% obtiveram as entradas de forma gratuita.

Dentre as principais razões apontadas pelos moradores de Belo Horizonte para ir ao teatro, estão o passeio e diversão (36%) e o interesse dessas pessoas pelo tema ou pela obra (14%). Por outro lado, 35% disseram que não vão ao teatro por falta de interesse; 31% por falta de tempo e 18% apontam para questões econômicas.

O diretor da JLeiva Cultura & Esporte destaca que o teatro da Capital tem apresentado uma taxa de frequência acima da média nacional, mesmo após uma leve queda no período pós-pandemia. “Isso pode estar relacionado a forte tradição do teatro na cidade. Um dos exemplos disso é o grupo Galpão, de importância nacional e ligado à história do desenvolvimento da atividade em Belo Horizonte”, diz.

A pesquisa também aponta que o CCBB-BH foi o museu mais citado quanto à última visita, com 23% do público. O Circuito Praça da Liberdade aparece logo em seguida, com 13% dos respondentes. A maioria (76%) realizou a visita de forma gratuita.

Entre os motivos apontados para visitar o museu, 40% dos entrevistados explica que costuma frequentar para aprender, enquanto 11% disseram gostar de história e 10% apontam o interesse pelo tema como principal razão para ir ao museu. Já entre as pessoas que não frequentam esse tipo de local, 37% demonstraram falta de interesse; 36% relatam falta de tempo e 15% questões econômicas.

Carnaval é considerado o evento cultural mais importante de Belo Horizonte

Festa Junina
Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O estudo realizado pela JLeiva Cultura & Esporte ainda aponta que o Carnaval é considerado o evento cultural mais importante de Belo Horizonte, com 19% da população fazendo esta avaliação. Outro destaque é a música, apontada por 13% dos entrevistados na pesquisa.

No entanto, as festas juninas são mais frequentadas pelos belo-horizontinos que o Carnaval, com uma taxa de frequência de 77% contra 61% dos blocos de Carnaval e 39% dos desfiles de Carnaval. Vale ressaltar que, conforme o levantamento, o arraial (7%) é apenas o quarto evento mais importante da capital mineira, depois do teatro (8%).

Leiva destaca que muitas pessoas se surpreendem com o fato das festas juninas apresentarem maior frequência frente ao Carnaval. Ele explica que isso acontece pelo fato do arraial ocorrer durante um período maior que a folia. “O Carnaval, quando está expandido, acontece durante 20 dias. Ao passo que as festas juninas expandidas vão para mais de um mês, com 40 ou 45 dias. Tem vários estados onde acontecem as festas ‘julinas’”, relata.

Outro fator que também explica esse cenário, segundo o especialista, é o fato das festas juninas serem mais centralizadas, sendo realizadas em igrejas ou escolas. Isso acaba contribuindo para que ela atraia um público mais diverso quanto à faixa etária se comparado com o Carnaval.

O Carnaval é um pouco mais concentrado entre as pessoas mais jovens e de meia idade, ao passo que a festa junina abrange toda a família. É isso que faz explicar a diferença de resultado”, completa.

Leiva também destaca que, além do potencial de crescimento, a diversidade no acesso à cultura na capital mineira, com uma grande variedade de ritmos musicais, eventos apontados como importantes pela população e espaços culturais, seja ele tradicional ou não. “O que mostra a importância da ação do poder público não apenas nos espaços tradicionais, mas também ajudando a levar eventos culturais para parques, praças, ruas e avenidas da cidade”, diz.

No entanto, ele também aponta como ponto negativo o alto percentual de pessoas que nunca foram a algumas atividades culturais, como o teatro, dança e concerto de música clássica. Além da diferença de acesso observada na divisão por classe ou nível de escolaridade. “Mas, neste caso, não é um aspecto negativo só Belo Horizonte, mas sim do conjunto das capitais brasileiras”, completa.

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