Dialogar é um ato de amor

Agrupados em abril de 1984, nomes como Darcy Ribeiro, Millôr Fernandes, Celso Furtado, Abdias do Nascimento, José Mindlin, cacique Marcos Terena, Ruth Escobar e muitos expoentes do pensamento e agentes da cultura nacional se mobilizaram na realização de debates paralelos, simultâneos e muito disputados pela nata da intelectualidade brasileira, reunindo segmentos diversos da sociedade brasileira e políticos, que naquela época não se limitavam à gestão de numerários do orçamento estatal. O propósito era apresentar propostas, soluções, reflexões e saídas para as dificuldades sedimentadas nos regimes ditatoriais que precederam as eleições diretas e a redemocratização do Brasil.
Entre os dias 21 e 24 de abril de 1984, acontecia o I Encontro Nacional de Política Cultural, em Ouro Preto e Belo Horizonte. José Aparecido de Oliveira, então secretário de Estado de Cultura de Minas Gerais e presidente do Fórum Nacional de Secretários de Cultura, citando Paulo Freire, lembrou então que dialogar é um ato de amor. O conteúdo das palestras, debates e mesas-redondas promovidos no encontro foi editado pela Imprensa Oficial em 1985 (CDD 390.281).
Num momento em que pecamos pelo retrocesso histórico, revivendo num curto período de tempo tantos problemas que nos pareciam de impossível retorno, diante de um avanço civilizatório, acompanhado de revolução tecnológica sem precedentes e aparente promoção da democratização de recursos de comunicação e ciência.
Enfim, epidemias e doenças erradicadas retornam, dizimando populações aos milhares. Religiões, cujo convívio estava equacionado, e líderes religiosos dialogavam respeitosamente, fronteiras eram fronteiras. E as guerras se justificavam em fenômenos familiares e pontuais. Tudo desanda, ao passo que um desequilíbrio ecológico faz avançar quadros de terror climático.
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Não existe governo que se sustente silenciando seus pensadores e asfixiando a cultura do próprio país. Esta é a lição que todos aprendemos e que fez do Ocidente uma potência sempre à frente do Oriente e da Ásia. Modelo por imitar, escola de poder e saber, território que não se conquista. Premissa da liberdade de pensar. Mas caranguejos e caranguejeiras não querem se libertar. Enquanto nos desfazemos do nosso patrimônio humanístico e nossas esplêndidas montanhas riquíssimas, segue um silêncio feito de medo e memória, ou de esquecimento de história.
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