Variedades

“Diário do Mar em Minas” inova na estética

“Diário do Mar em Minas” inova na estética
#DC Mais | Imagem: Pexels / Arte: Will Araújo

A artista visual carioca Beatriz Mom sente falta do mar. Desde que se mudou para Belo Horizonte, há 20 anos, essa ausência se tornou tão presente que a solução foi vivenciar isso através da arte. Criou o “Diário do Mar em Minas”, um projeto que mistura intervenção, instalação e fotografia “para levar o mar” a cidades mineiras.

Depois de passar por Aimorés, Belo Horizonte, Cataguases, São Joaquim de Bicas e São João del-Rei, o Diário do Mar em Minas se prepara para desaguar em Capitólio, entre amanhã e o próximo domingo. E como aconteceu nas cidades anteriormente visitadas, a artista escolheu um ponto estratégico de Capitólio para instalar seu mar: o calçadão na entrada da cidade. 

Banhado pelo lago de Furnas e considerado o “mar de minas”, o balneário vai testemunhar o mar se materializar através do sal grosso. “O sal contém o mar; é o mar desidratado. É só hidratar que o mar volta!”, brinca a artista. Essa partícula marítima em forma de cristal se torna assim a matéria-prima de Beatriz Mom. É com o sal que ela escreve/desenha a palavra mar.. E, de frente para ele, instala barracas e cadeiras de praia e ali se senta para ler poemas e interagir com o público.

Nesse sentido, “Diário do Mar em Minas” flerta com a literatura na medida em que Beatriz, enquanto performa, lê poemas que falam do mar ou da falta do mar em Minas. “Essa ausência-presença do mar em Minas Gerais é percebida desde os versos de Tomás Antônio Gonzaga, o primeiro a apontar para a dualidade mar-montanha”, afirma a artista.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


Essa espécie de nostalgia-de-mar-sem-nunca-ter-tido-o-mar, segundo Beatriz, está presente também na obra de João Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos, Murilo Mendes, Ana Martins Marques, entre outros tantos poetas e escritores de Minas Gerais.

Pandemia – A fim de evitar aglomeração, em função da pandemia, as ações deste ano serão mais contemplativas e menos interativas. As intervenções seguirão à risca os protocolos de segurança para prevenção da Covid-19. As cadeiras serão instaladas com a distância recomendada e será disponibilizado álcool em gel, álcool 70 em spray e papel toalha, tanto para higienização do público quanto do mobiliário. 

A temporada 2021 de “Diário do Mar em Minas” irá, na sequência, a cidades de Ipanema (“cidade com o mesmo nome de uma das praias mais famosas do mundo, mas ironicamente sem mar”, diz Beatriz), Juiz de Fora (“é esquina com o Rio de Janeiro”, brinca), encerrando a temporada em Januária (“praia do rio São Francisco com o mais lindo pôr do sol”).

Com registro fotográfico de Alexandre Guzanshe, a temporada 2021 de “Diário do Mar em Minas”, que teve início em 2013, está sendo realizada através de edital da Lei Aldir Blanc.

Beatriz Mom é artista visual, designer gráfico e editora. Trabalha com arte, comunicação visual e cultura desde 1990. Seu trabalho transita pelo desenho, pintura, objetos, intervenção, instalação e fotoperformances. 

Frequentou cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, de 1989 a 1992 (Beatriz Milhazes e Xico Chaves), Centro Cultural Hélio Oiticica (Leda Catunda), no Rio de Janeiro; e na Escola Guignard (Sebastião Miguel), em Belo Horizonte, em 1998.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas