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Em Minas, diminuem casamentos entre pessoas de sexos diferentes e entre cônjuges masculinos

No Estado, número de registros de casamentos civis entre cônjuges do mesmo sexo passou de 1.118, em 2022, para 1.103, em 2023; queda de 1,3%
Em Minas, diminuem casamentos entre pessoas de sexos diferentes e entre cônjuges masculinos
Crédito: Reprodução Adobe Stock

Minas Gerais registrou, em 2023, 101.940 casamentos. Destes, 100.837 (ou 98,9%) foram entre cônjuges de sexos diferentes, formando expressiva maioria, e 1.103 (1,1%), entre pessoas de mesmo sexo (sendo 420 entre homens e 683, entre mulheres). Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes à 2023.

Em relação a 2022, os casamentos entre pessoas de sexos diferentes sofreram redução de 2,9%. Entre dois homens, também apresentaram queda, de 12,3%. Por sua vez, os casamentos entre cônjuges femininas cresceram 6,9% em 2023 em Minas Gerais, na comparação com o ano anterior.

Após uma intensa queda nos números de casamentos, ocorrida em 2020, os dados de Registro Civil demonstraram aumento expressivo em 2021, com alta de 35,2% no Estado, em relação a 2020. Os números indicaram estabilidade em 2022 e redução de 2,9% em 2023, na comparação com o ano anterior.

Num comparativo com as médias de 2015 a 2019, nota-se que os casamentos entre pessoas de sexos diferentes apresentaram queda de 8,5% em 2022. Já os casamentos entre cônjuges masculinos aumentaram 68,4%, e entre cônjuges femininas, cresceram 124,2% no mesmo comparativo.

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Queda é menos acentuada do que nos anos da Covid-19

Para o supervisor de Pesquisas Sociais do IBGE em Minas Gerais, Leonardo Cabral, nos últimos anos da pandemia o setor de casamentos sofreu um impacto muito grande e depois veio se recuperando.

“Em 2023, já entrou em um patamar normal e continua a tendência de queda que já vinha apontando antes. De 2020 para 2021 o segmento registrou um aumento muito expressivo, mas nos últimos anos da pesquisa (2022 e 2023) voltou a ter uma queda, não tão acentuada como aconteceu na pandemia, mas segue essa tendência de redução leve de um ano para outro. Os casamentos homoafetivos também vinham em grande crescimento, mas, em 2023, apresentou estabilidade, ou começou até a apresentar uma leve queda”, observa.

Registros de casamentos de cônjuges do mesmo sexo recuam

Ainda em relação ao número de registros de casamentos civis entre cônjuges do mesmo sexo, foi observada, em Minas Gerais, uma redução de 1,3% entre 2022 (1.118) e 2023 (1.103).

No ano de 2023, os casamentos ocorridos entre cônjuges femininas representaram 61,9% dos casamentos civis entre pessoas de mesmo sexo. Vale ressaltar que, apesar da queda em relação ao ano anterior (puxada pela redução no número de casamentos entre cônjuges masculinos), o quantitativo de registros de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, em 2023, foi o segundo maior desde 2013 (atrás apenas de 2022).

Em 2013, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou a Resolução n. 175, impedindo que cartórios de todo o País se recusassem a converter uniões estáveis entre pessoas do mesmo sexo em casamentos ou a celebrá-los.

Desde o início dessa série histórica, os dois únicos anos nos quais houve queda nos números de casamentos entre pessoas de mesmo sexo foram em 2020, primeiro ano da pandemia, e 2023. No entanto, a redução neste último ano foi muito pequena.

Saiba quais foram os 3 meses mais e menos procurados para casamentos em Minas Gerais em 2023:

Mais procurados

  • setembro (11,0%),
  • dezembro (10,6%),
  • outubro (10,1%).

Menos procurados

  • março (7,4%),
  • janeiro (6,6%),
  • fevereiro (5,5%).

“Historicamente existe essa questão de considerar maio como mês das noivas, mas, em 2023, não foi o mês com maior número de casamentos, nem o segundo. Na verdade, ocupou o quinto lugar. Quando se analisa os dados, não sustentou tanto. As pessoas estão preferindo bem mais os meses setembro, dezembro, e até mesmo outubro do que maio. Já tem um bom tempo que maio não é o principal mês. Em 2021 estava em sétimo lugar, em 2022, em sexto. E, em 2023, ocupou a quinta posição”, observa.

Mineiros estão se casando por volta dos 30 anos

Quanto à idade média dos cônjuges que eram solteiros na data do casamento, em 2023, era de 30,7 anos para homens e 28,3 anos para mulheres em Minas Gerais (para casais de sexos diferentes). A média de idade dos cônjuges em Minas é menor do que no Brasil (31,5 anos para homens e 29,2 anos para mulheres). Já os cônjuges de mesmo sexo se casam mais tarde no Estado: na média, 34,9 anos quando os cônjuges são homens, e 32,3 quando são mulheres. No País, as médias para cônjuges masculinos é de 34,7 anos e, para cônjuges femininas, 32,7 anos.

“As pessoas estão se casando levemente mais velhas e tendo filhos também mais velhos. É uma idade um pouco mais elevada, para cima dos 30 e até mesmo dos 40. Ainda é uma média menor que a do Brasil, mas segue a tendência do País, de pessoas casarem com um pouquinho mais de idade  e terem filhos um pouco mais velhos também”, avalia Cabral.

A duração dos casamentos entre pessoas de sexos diferentes era de 14,2 anos no Estado – um pouco acima da média nacional, de 13,8 anos. Já a idade média ao se divorciar era de 44,3 anos para homens e 41,1 anos para mulheres em Minas (também para casamentos de pessoas de sexos diferentes); no País, as idades médias de divórcio eram 44,3 anos (masculina) e 41,4 anos (feminina).

Um dado interessante, quando se analisa os dados de casamentos, diz respeito ao estado civil dos cônjuges: de 2013 para 2023, a proporção de casamentos nos quais os dois cônjuges são viúvos ou divorciados dobrou em Minas Gerais (de 5,2% para 10,5%). Já o percentual de casamentos entre dois cônjuges solteiros caiu de 78,8% para 70,2% no Estado, no mesmo período.

Estado responde por 12,5% dos divórcios do País

Já com relação aos divórcios, em 2023, foram registrados 55.209 em primeira instância ou por escritura extrajudicial em Minas Gerais – o que corresponde a 12,5% do total de divórcios do País. Esse número representa uma redução de 0,2% em relação ao quantitativo do ano anterior (55.333 divórcios no Estado) e um crescimento de 70,3% na comparação com 2013 (quando foram registrados 32.428 divórcios em Minas).

Quando se observa o tempo transcorrido entre a data do casamento e a da sentença ou
escritura, nota-se que 44,9% dos divórcios registrados em Minas, em 2023, foram entre casais com
até nove anos de casamento; 16,2%, entre cônjuges com 10 a 14 anos de casamento; 11,2%
ocorreram em casamentos que tinham de 15 a 19 anos de duração; e 27,7% foram entre casais
com 20 anos ou mais de casamento.

Segundo Cabral, diante da leve redução nos divórcios, pode ser entendido mais como uma estabilização ao analisar os anos de 2021 e 2022. “Agora, se esse cenário vai se manter nos próximos anos, teremos que esperar as próximas publicações para saber”, salienta.

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