Professores de forró ganham até 3 vezes mais no exterior; entenda o fenômeno

O forró, tradicional ritmo brasileiro, ultrapassou as fronteiras e se consolidou como um fenômeno global. Essa internacionalização não aconteceu por acaso, mas graças ao trabalho de produtores, professores e músicos que, movidos pela paixão à cultura brasileira, levaram o ritmo a novos públicos ao redor do mundo.
O professor Luiz Henrique do Carmo, por exemplo, que dá aulas há dez anos na escola Pé Descalço Eldorado, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, revela que recebe três vezes mais na Europa do que no Brasil em cada aula que ministra, tanto particular quanto em grupo.
“A exportação do forró não apenas promove a cultura brasileira, mas também gera uma importante fonte de renda para os profissionais envolvidos”, explica.
Ele é um exemplo de brasileiro que também tem desempenhado um papel fundamental na difusão do forró pelo mundo. Com turnês na África, Ásia e Europa, Carmo ministrou aulas para aproximadamente 3.840 pessoas fora do Brasil, incluindo países com culturas muito distintas, como Egito, Japão, Rússia e Turquia.
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O professor acredita que o forró conquista tantas pessoas em diferentes países porque “provoca um abraço caloroso, uma liberdade de se expressar pela dança e, obviamente, uma busca para aperfeiçoamento técnico”.
Outro exemplo de iniciativa que ajudou a popularizar o forró no exterior é a Relabuxo Productions, uma produtora especializada no ritmo, que está há três anos promovendo turnês internacionais de DJs, bandas e professores desse gênero nos estilos Universitário e Roots.
Segundo o fundador e CEO da produtora, Rudolfo Batista, a Relabuxo já realizou 28 turnês, levando a cultura do forró a países como Alemanha, Japão, Estados Unidos, Canadá, entre outros. O impacto dessas turnês vai além do intercâmbio cultural, movimentando também a economia local dos países visitados.
Embora muitos dos números financeiros relacionados às turnês internacionais sejam mantidos em sigilo por questões contratuais, é inegável que o forró movimenta cifras significativas tanto no Brasil quanto no exterior.
Em abril de 2023, o Itaú Cultural divulgou uma pesquisa sobre a Economia da Cultura e das Indústrias Criativas (Ecic), revelando que o setor representou 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2020. Esse dado evidencia a crescente importância das indústrias criativas para a economia do País. Dentro desse cenário, o forró surge como um destaque não só cultural, mas também econômico, com impacto tanto no Brasil quanto em diversas partes do mundo.
O papel dos festivais e da internet na expansão do forró
Os festivais de forró exercem um papel crucial na expansão internacional do ritmo. Segundo o professor Felipe Raso, que já lecionou em países como Austrália, Japão, Alemanha e Polônia, “na Europa, existem mais festivais de forró do que no Brasil, chegando a ser realizados cerca de 50 eventos por ano”.
Esses festivais não só reúnem dançarinos e músicos, mas também ajudam a criar e a fortalecer comunidades de forró ao redor do mundo.
A internet também tem sido uma ferramenta poderosa na disseminação do forró globalmente. Com a popularização das redes sociais e plataformas de vídeo, como o YouTube, forrozeiros de diferentes partes do mundo passaram a compartilhar suas experiências e técnicas, o que contribuiu para o aumento do interesse pelo ritmo fora do Brasil, segundo Raso.
A expansão do forró pelo mundo é um exemplo de como a cultura pode transcender fronteiras e se transformar em um fenômeno global, como destaca Felipe Raso:
“O forró tem todos os ingredientes para se tornar um grande fenômeno global. E isso acontece porque o forró não quer ser melhor que o zouk e nem maior que a salsa. O foco do forró é crescer para melhorar a vida de cada vez mais pessoas”.
Conheça as principais vertentes do forró
O forró, com suas variadas vertentes, evoluiu ao longo do tempo e se desdobrou em estilos distintos, cada um com características próprias. O Forró Pé de Serra, originado com Luiz Gonzaga, mantém a essência tradicional com zabumba, triângulo e sanfona.
Já o Forró Universitário, que surgiu nos anos 90, incorpora influências modernas e traz complexidade à dança, enquanto o Forró Roots busca resgatar e valorizar as raízes da dança, com um abraço fechado e músicas antigas.
Por outro lado, o Forró Eletrônico, predominantemente popular no Norte e Nordeste do Brasil, atualiza o gênero com guitarras e baterias.
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