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Exposição “Confinadas” aborda universo feminino

"Confinadas", de Lígia Teixeira, apresenta 32 pinturas em pequenos formatos produzidas no período de confinamento da pandemia
Exposição “Confinadas” aborda universo feminino
Em um contexto social de isolamento, a artista encontrou na arte uma válvula de escape | Crédito: Eduardo Mariz

O universo feminino, as inquietações e as representações sociais das mulheres são temas presentes em “Confinadas”, nova exposição da Casa Fiat de Cultura, que fica em cartaz a partir de terça-feira (15) a 1º de outubro. A artista carioca Lígia Teixeira foi escolhida no 6º Programa de Seleção da Piccola Galleria. A mostra apresenta 32 pinturas em pequenos formatos produzidas no período de confinamento da pandemia, que revelam mulheres solitárias, confinadas na maior parte das vezes em seus ambientes domésticos, sendo uma metáfora para se discutir o silenciamento e o apagamento do ser feminino ao longo dos séculos. Na quarta-feira (16), às 19h, será realizado um bate-papo virtual com a artista, no YouTube da Casa Fiat de Cultura. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas pela Sympla (http://bit.ly/BatePapoLigiaTeixeira). 

A temática é recorrente no trabalho de Lígia Teixeira, que destaca a presença feminina mesmo quando o olhar está voltado para questões mais sociais ou políticas. Em “Confinadas”, mulheres enclausuradas e solitárias aparecem em cenas inusitadas e provocativas, como em um banho na pia da cozinha, abraçada a um aspirador de pó ou observando uma panela em chamas. 

Em um contexto social de isolamento, a artista encontrou na arte uma válvula de escape para a sobrevivência psíquica. Para isso, usou os recursos que tinha disponíveis à mão, o que resultou em quadros de pequenas dimensões. “Não havia nenhuma perspectiva para além das janelas. Vivíamos um mundo reduzido”, reflete Lígia. Nas protagonistas de cada obra, ela encontra espaço, também, para explorar a sua própria vivência. “A exposição é uma viagem introspectiva. Ao mesmo tempo em que falo sobre o que muitas mulheres passavam naquele momento, eu também falo de mim”, analisa a artista.

O curador da mostra, Osvaldo Carvalho, destaca que Lígia Teixeira apresenta a forma e o vigor do conteúdo de maneira simples e objetiva, mas sem se deixar levar por fórmulas simplistas ou moralistas. “Ela enxerga nos fatos ordinários a mais preciosa contemplação.” Para ele, “Confinadas” é o “testemunho de um tempo de silenciamento e apagamento das mulheres, que não foi menos implacável durante ou depois da pandemia”.

Referências

Cores fortes, como vermelho, azul, laranja e rosa, são aplicadas em ambientes monótonos e sufocantes.

As 32 obras de “Confinadas” foram produzidas a partir de referências encontradas na internet. As imagens iniciais se transformam em trabalhos com um grande sentimento de urgência e busca pelo equilíbrio de composições. “Transparece certa angústia ao observarmos linhas de esboço perdidas ou ignoradas ou simplesmente absorvidas ao acaso”, aponta o curador Osvaldo Carvalho.

Para ele, as cores aplicadas nas superfícies pictóricas são o principal destaque. “Nelas encontramos seu mais caloroso embate ora burlando sistemas conhecidos de composição, ora perfeitamente ajustada às demandas de matiz, de tonalidade, de policromia”, explica Osvaldo.

A artista Lígia Teixeira observa que as obras devem provocar algum estranhamento e que os elementos desconexos presentes nas pinturas “devem gerar perguntas no visitante”, a partir das conexões que cada pessoa cria com as pinturas e os elementos ali representados.

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