Festival de documentários começa nessa quinta-feira com 71 filmes
O Festival do Filme Documentário e Etnográfico de Belo Horizonte (forumdoc.bh) 2020, na sua 24ª edição, começa amanhã em modalidade virtual. Com o tema “Esta terra é a nossa terra”, até o próximo dia 28, serão exibidos 71 filmes organizados em três mostras centrais. Sessões especiais, seminário e masterclass com Joana Pimenta (Portugal) integram a programação totalmente on-line e gratuita
A quase totalidade dos filmes que compõem a programação permanecerá on-line e disponível durante todo o período do festival com acesso amplo e gratuito, no site oficial forumdoc.org.br. O público é convidado a acessar espaços virtuais para conhecer, assistir e debater produções que abordam perspectivas autorais e culturais diversas. Na edição deste ano, serão exibidos filmes, distribuídos em três mostras centrais, sendo uma delas dedicada à temática do território e da luta pela terra, intitulada: “Esta terra é a nossa terra”.
A intensa programação de filmes, discussões e masterclass será aberta amanhã com transmissão pelo canal do forumdoc.bh no YouTube (@forumdoc), a partir das 19h30. Participam do debate Paloma Rocha e Luís Abramo, diretora e diretor do filme “Tentehar – Arquiteturado Sensível” (foto), produção do Distrito Federal e do /Rio de Janeiro, de 2020. A mediação fica por conta de Daniel Ribeiro e Júnia Torres, integrantes da equipe de programação. “Tentehar” e o curta “O que há em ti”, de Carlos Adriano (SP, 2020), que compõem a sessão de abertura do festival, poderão ser vistos on-line a partir de amanhã, às 12 horas, e até o próximo dia 22 , às 23h59.
Os títulos da abertura do forumdoc.bh.2020 dialogam com a atual cena política brasileira e reforçam o compromisso do festival em ser um espaço de reflexão e exibição de trabalhos resultantes do universo de produção e resistência do filme documentário e etnográfico.
A Mostra Temática “Esta terra é a nossa terra” conta com 23 filmes históricos estrangeiros e brasileiros organizados em 10 sessões. A curadoria assinada por Carla Italiano, Ewerton Belico e Milene Migliano evidencia produções cujas narrativas se valem da relação entre realizadoras e realizadores e movimentos sociais dedicados às lutas fundiárias, urbanas e rurais. A maioria das produções convidadas testemunha atos, processos históricos de movimentos ou lutas e registram conflitos em curso.
Segundo a curadoria, “há diversas modalidades de luta popular em cena: desde a resistência camponesa e estudantil à construção do Aeroporto de Narita, em Sanrizuka, no Japão, até a luta quilombola urbana nos dias de hoje, nos Luízes, em Belo Horizonte; da organização de moradores na crise dos aluguéis na Londres dos anos 1960 às iniciativas de autoconstrução, mutirões e organização popular de bairros nas periferias brasileiras, dentre várias outras”.
Longas estrangeiros – A Mostra Temática é a única no festival a exibir filmes internacionais. Entre os longas estrangeiros, estão trabalhos históricos de cineastas notórios como Shinsuke Ogawa (Japão), que assina o longa “Narita: the Peasants of the Second Fortress” (1971, 143’); Alanis Obomsawin (Canadá), diretora de “Kanehsatake – 270 years of resistance” (1993, 119’); Anand Patwardhan (Índia), autor de “A Narmada Diary” (1995, 57’); Omar Amiralay (Síria), diretor de “Everyday life in a Syrian Village” (1974, 82’) e Kamal Aljafari (Palestina), responsável por “The Roof” (2006, 63’).
Das 15 produções brasileiras convidadas estão trabalhos realizados junto a movimentos sociais, que marcaram a cinematografia nacional. “Fim de Semana” (SP, 1976, 31’), de Renato Tapajós, e “Mulheres no front” (PE/RJ/RS, 1996, 36’), de Eduardo Coutinho são dois dos títulos da grade Lutar, morar, construir, que reúne médias-metragens sobre organizações comunitárias a forjar e dar a conhecer laços de morada, no cenário brasileiro.
Merecem destaque também “A classe roceira” (PR, 1985, 29’), de Berenice Mendes, que testemunha os primórdios do MST num acampamento rural paranaense em prol da reforma agrária e o lançamento do longa indígena maxakali “Nũhũ yãgmũ yõg hãm: Essa terra é nossa! “(MG, 2020, 70’), de autoria dos cineastas Isael Maxakali e Sueli Maxakali em conjunto aos pesquisadores e realizadores Carolina Canguçu e Roberto Romero. Os trabalhos estão na grade Cantar o solo, que traz um recorte da terra e o seu potencial de vida.
A Mostra Contemporânea Brasileira, dedicada a filmes selecionados entre centenas de inscritos, mapeando o documentário recente, exibe 36 títulos nacionais produzidos em 2019 e 2020, oriundos de 13 estados e do Distrito Federal, incluindo coproduções nacionais e uma internacional, feita em parceria entre Pernambuco e Colômbia.O número expressivo de inscritos, de acordo com os curadores André Novais de Oliveira, Daniel Ribeiro, Júnia Torres e Luisa Lanna, é resultado da política de incentivo ao audiovisual implementada em gestões anteriores à do atual governo federal.
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