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Filarmônica faz concerto com “Poema do Êxtase”

Filarmônica faz concerto com “Poema do Êxtase”
Crédito: Assaf Ambram

Os 150 anos de nascimento de Scriabin serão comemorados pela Filarmônica de Minas Gerais com uma de suas mais impactantes obras: o “Poema do Êxtase”, hoje e amanhã, na Sala Minas Gerais, às 20h30. Pela primeira vez, a orquestra também recebe a violoncelista israelense Danielle Akta, de 19 anos, um dos grandes talentos da nova geração, que interpretará o célebre “Concerto para violoncelo”, de Schumann. Com sua rica paleta orquestral, “Escalas”, de Jacques Ibert, dá início ao programa das duas noites. A regência é do maestro Fabio Mechetti, diretor artístico e regente titular da Filarmônica de Minas Gerais. Os ingressos estão à venda no site www.filarmonica.art.br  e na bilheteria da Sala Minas Gerais.

De acordo com as orientações da Prefeitura de Belo Horizonte para a prevenção da Covid-19 em ambientes fechados (Portaria nº 375/2022, publicada no dia 14 de junho de 2022), o uso de máscara é obrigatório na Sala Minas Gerais.

Desde 2008, Fabio Mechetti é diretor artístico e regente titular da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro.

Eleita pelo jornal nova-iorquino Daily Gazette como uma das dez artistas da música clássica de 2016, a violoncelista Danielle Akta atualmente estuda na Academia Barenboim-Said, em Berlim, sob orientação de Frans Helmerson. Nascida em 2002 em Israel, em uma família de músicos, recebeu em 2016 o prêmio Oleg Yankovsky na categoria Jovem Artista. Já se apresentou com a Filarmônica de Israel, da Rússia, da Cidade do Cabo e também com a Sinfônica de Cannes e de Jerusalém. Atuou como solista em palcos como Lincoln Center e Carnegie Hall, ambos em Nova York, Barbican, em Londres, e Tchaikovsky Concert Hall, em Moscou.

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Repertório

Escalas”, a mais popular das obras de Jacques Ibert, foi escrita entre 1921 e 1922, como trabalho obrigatório do então pensionista da Villa Médicis. Trata-se de uma suíte orquestral cujos movimentos, por sugestão do editor, receberam títulos alusivos a um cruzeiro do compositor pelo Mediterrâneo — na costa italiana, na Tunísia e na Espanha. A música, deliberadamente pitoresca e ilustrativa, explora motivos populares dos locais retratados. Assim, a primeira escala, de Roma a Palermo (Calme), inicia-se com um tema inspirado no folclore italiano, exposto pela flauta, depois pelo oboé, sobre um fundo noturno de cordas e harpas.

A música orquestral de Robert Schumann (quatro aberturas; quatro sinfonias; sete obras concertantes, entre elas os três concertos — para piano, para violino e para violoncelo) é bastante original e, em muitos aspectos, inovadora. O compositor trata o característico jogo bitemático da forma sonata com grande liberdade — os contrastes necessários ao discurso musical se estabelecem mais pelo encadeamento melódico do que pela oposição temática. E, para obter maior unidade orgânica entre as diferentes partes de suas grandes obras orquestrais, desfazendo o caráter fechado de cada uma delas, Schumann recorre à reapresentação de um mesmo tema em movimentos diversos e/ou à ligação ininterrupta dos andamentos (como no Beethoven de algumas sonatas). O “Concerto para violoncelo em lá menor, op. 129” (1850) ilustra, de forma exemplar, esses procedimentos schumannianos: no primeiro movimento –Allegro (Nicht zu achnell)–, sobre três acordes das madeiras, o violoncelo expõe os temas dominantes – o primeiro traz uma inefável melodia e o outro se apresenta ritmicamente sincopado.

Escrito pelo russo Alexander  Scriabin, o texto que serviu de base à composição musical da obra “Poema do Êxtase, op. 54” (1905/1908) era visto por ele como um manifesto de suas crenças filosóficas e estéticas. Na mesa de Scriabin, livros de Helena Blavatsky dividiam o espaço com partituras de Richard Strauss. A escritora russa servia de inspiração para o conteúdo de seus trabalhos, ao passo que as partituras do maestro alemão eram referência para a forma. O poema sinfônico “Poema do Êxtase, op. 54” continuava o ciclo de quebra das formas tradicionais adotado por Scriabin em suas três sinfonias; a obra, no entanto, não pretendia ser uma sinfonia. Trabalhado entre 1905 e 1908 (inicialmente nos 369 versos, mais tarde na música), o poema passou por diversas modificações até chegar a sua forma definitiva. “Estou desenvolvendo um novo estilo, e que alegria é vê-lo tomar forma tão bem! (…) Por vezes, o efeito do poema é tão potente que nem é necessário nenhum conteúdo. Estou exprimindo – no poema – o que virá a ser o mesmo como música”.

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