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Filarmônica recebe Luisa Francesconi

Filarmônica recebe Luisa Francesconi
Crédito: Lincoln Iff

Amanhã, às 20h30, a primeira das nove monumentais sinfonias de Beethoven, a “Sinfonia nº 1 em Dó maior, op. 21”, abre o programa da Filarmônica de Minas Gerais, na Sala Minas Gerais. Os 50 anos da morte de Stravinsky serão celebrados pela orquestra com a execução, pela primeira vez, da obra “O fauno e pastora”, que terá a participação da mezzo-soprano brasileira Luisa Francesconi (foto). A “Sinfonia nº 6, a Pastoral”, de Beethoven, encerra o repertório. A regência é do maestro Fabio Mechetti, diretor artístico e regente titular da Filarmônica de Minas Gerais.

Por enquanto, a autorização para a retomada das atividades da orquestra não prevê a presença de público na Sala Minas Gerais. O concerto terá transmissão ao vivo aberta a todo o público pelo canal da Filarmônica no YouTube.

Durante a apresentação, haverá um intervalo de 20 minutos, quando serão realizados os Concertos Comentados, palestras em que especialistas comentam o repertório da noite. O palestrante da noite é Werner Silveira, curador do projeto e percussionista da Filarmônica de Minas Gerais.

Luisa Francesconi tem excepcional capacidade para a execução de coloratura, destacando-se no repertório rossiniano e mozartiano ao interpretar papéis em óperas como “O barbeiro de Sevilha”, “L’Italiana in Algeri”, “Così fan tutte” e “Don Giovanni”. Ela canta com frequência nos principais teatros brasileiros e italianos e tem se apresentado regularmente também em Portugal.

Seu repertório de concerto é vasto, com atuações marcantes em obras como a “Rapsódia para contralto” e a “Missa em si Menor”, de Bach; o “Requiem” e a “Missa da Coroação”, de Mozart; o “Messias”, de Haendel; a “Missa em Dó maior” e a “Fantasia Coral”, de Beethoven; as sinfonias números 2, 3 e 8, de Mahler; a “Pequena Missa Solene”,de Rossini; e a “Floresta do Amazonas’, de Villa-Lobos. Luisa gravou como solista a “Nona de Beethoven” e o “Requiem Hebraico”, de Erich Zeisl, lançados em CD pelo selo Biscoito Fino.

A “Sinfonia nº 1” revela um artista inquieto, em busca de seus próprios ideais. Uma introdução, Adagio molto, abre a partitura com inesperado acorde dissonante. Esse começo em tonalidade incorreta foi considerado muito audacioso e reprovado pela crítica da época. A “Primeira Sinfonia” corrobora com a ideia do musicologista Donald Francis Tovey de uma “despedida apropriada para o século XVIII”. A obra traz a essência do estilo clássico em sua tessitura, mas já mostra algumas características que irão marcar o Beethoven que chegou aos dias de hoje.

Em janeiro de 1906, Stravinsky casou-se com sua prima Yekaterina Nosenko, filha mais nova órfã de seu tio. Em uma das temporadas que passou em Ustilug, terra da noiva, ele compôs uma peça vocal orquestrada a partir dos três primeiros poemas eróticos de Aleksandr Pushkin. Ele afirmaria mais tarde que seu opus 2 teria sido um presente de casamento para Katya. E foi pela valiosa tutoria de Rimsky-Korsakov que a obra, denominada “O fauno e a pastora”, ganhou o mundo. Sua primeira apresentação se deu em 1907 com a Orquestra da Corte Imperial, sob a batuta de Hugo Wahrlich em uma apresentação semiprivada. No ano seguinte, seus opus 1 e 2 – foram apresentados em concerto público com a mesma orquestra, pelos quais Stravinsky recebeu seus primeiros comentários favoráveis na imprensa.

Em 1808 Beethoven oferece ao público vienense um concerto extraordinário, em que, além de várias outras estreias importantes, apresenta suas Quinta e Sexta sinfonias. O público se mostra mais uma vez apático, certamente por não reconhecer o gênero de prazer a que estava habituado.

Essa reação do público demonstra claramente a adoção de uma nova postura estética em Beethoven, que o desvincula do continuísmo clássico e cria laços estreitos com a ideologia romântica, especialmente no que concerne ao direito quase revolucionário de uma expressão individual: a expressão de um gênio criador, consciente de sua missão diante de um status quo que precisa ser modificado. Experiência única em Beethoven, o conceito dessa sinfonia funda-se no movimento de se tentar utilizar a música dita pura para expressar realidades e conteúdos extramusicais.

Academia de Música – Um sonho que vem desde a fundação da Filarmônica de Minas Gerais é a criação da sua Academia de Música, destinada à formação específica de instrumentistas para a atuação profissional em orquestras. E por que isso? Quem nos conta é o maestro Fabio Mechetti, idealizador de mais essa iniciativa, destinada a profissionais de 15 a 30 anos e parte do Programa Vale Música: “Entre a formação individual, ou mesmo universitária, desses músicos, há grande lacuna no que se refere à formação direcionada ao exercício competente da função de um músico profissional sinfônico”, ressalta.

O edital da Academia Filarmônica foi aberto na última segunda-feira e seguirá até 6 de julho. Serão 17 vagas destinadas a instrumentistas residentes em Minas Gerais. Tanto o edital, como o formulário de inscrição e o repertório exigido para a inscrição estarão disponíveis no site da orquestra, no endereço fil.mg/academiafilarmonica.

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