Fliaraxá é estendido até dia 8 de dezembro
Sempre que um festival literário termina, começa a corrida para apresentar os números. O legado maior do IX Festival Literário de Araxá (Fliaraxá) é o conteúdo que ele deixa como pedra bruta para lapidação coletiva. O festival, que deveria ter terminado no dia 1º de novembro, foi estendido até o dia 8 de dezembro, com várias ações, entre elas, o “Concurso de Redação”, a exposição “Retratos do Aroeira” e, principalmente, o “Manifesto Pela Sinergia das Línguas em Português”.
Trata-se de uma nova perspectiva, qual seja a da integração das diferentes culturas que falam português – e não mais o lugar hegemônico de uma língua mãe a que se atribua a tarefa de urdir a tessitura desses saberes. As línguas – e seus variados ecossistemas –, enriquecidas pelas culturas que se manifestam por ela, fazem a trama.
Melhor dizendo, “não há uma língua portuguesa, há línguas em português”, frase de José Saramago e tema do Fliaraxá deste ano. A síntese alcançada pelo grande escritor português revela este lugar de ser e de conviver, no qual as várias línguas em português, graças à diversidade das culturas que traduzem, constroem solidariamente – e não unificadamente — uma visão de mundo rica e transformadora.
Com esta pedra bruta nas mãos, o idealizador do festival Afonso Borges e sua equipe de curadoria perceberam que o Fliaraxá não poderia terminar em 1º de novembro. A lapidação precisa prosseguir, atendendo à chamada do Manifesto: “Se o que nos une é o código com que falamos, então vamos falar, vamos falar mais, vamos falar muito. Vamos praticar a sinergia”.
Balanço – A 9.ª edição do Fliaraxá apresenta números extraordinários na versão virtual/digital/híbrida, 24 horas no ar, totalizando 101 horas de transmissão contínua. O público, desta vez, foi contabilizado pelo número de alcance nas redes, registrando 6.294.763 de visualizações do conteúdo exibido no Facebook, Instagram, Twitter e Youtube, canais oficiais de divulgação e de exibição do festival. No site do evento, 22.556 usuários foram alcançados, num total de 58.178 visualizações do conteúdo disponível.
Para não perder o sentido de geolocalização, a transmissão foi toda feita direto do palco do Teatro Tiradentes, no Grande Hotel de Araxá, quando atuou, de forma presencial, uma equipe de trabalho de 25 pessoas — todas testadas para Covid-19 e seguindo os protocolos recomendados pela Organização Mundial de Saúde; 129 pessoas trabalharam direta ou indiretamente o pré, o durante e pós-evento. O festival contou com alguns momentos híbridos, com participação ao vivo de Afonso Borges, que fez a moderação de grande parte das mesas da programação nacional e internacional; e dos escritores Léo Cunha e Tino Freitas, que ancoraram a programação infantojuvenil.
Remotamente, estiveram presentes cerca de 100 escritores, e a equipe de transmissão passou pelo desafio de conectar autores em 11 diferentes fusos horários nos seguintes países: Portugal, Brasil, Cabo Verde, Timor Leste, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, Estados Unidos e Espanha.
O IX Fliraxá homenageou Conceição Evaristo e José Eduardo Agualusa e teve como patronos João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector e Calmon Barreto. O ator Antonio Fagundes foi a personalidade literária do ano. A curadoria foi composta por Afonso Borges, pelo cientista político e escritor Sérgio Abranches, pela historiadora, escritora e professora Heloísa Starling e pelo escritor Tom Farias. Os curadores locais foram Luiz Humberto França e Rafael Nolli. Assina a curadoria infantojuvenil o escritor Léo Cunha.
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