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Funarte MG é palco de “Estrangeiro de mim”

"Estrangeiro de mim" faz curta temporada, de hoje a sábado, às 19h, e no domingo, às 18h, na Funarte MG (rua Januária, 68, Centro)
Funarte MG é palco de “Estrangeiro de mim”
Crédito: Zaíra Magalhães Las Palozas

Depois de temporada de estreia no CCBB BH, o espetáculo “Estrangeiro de mim”, dirigido por Cris Diniz, entra em hoje cartaz na Funarte MG. Com humor e poesia, o trabalho leva para a cena histórias vividas pelo ator paraibano Marcelo Marques e o músico baiano Tomaz Mota, que migram para Belo Horizonte para poder (re)existir ao abandono sociopolítico que o nordeste ainda sofre permanentemente.

O espetáculo faz curta temporada, de hoje a sábado, às 19h, e no domingo, às 18h, na Funarte MG (rua Januária, 68, Centro). Todas as sessões contam com interpretação em libras. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) na bilheteria (dinheiro ou Pix) ou pelo Sympla.

“Após a temporada de estreia, chegamos agora ao palco da Funarte MG, com uma compreensão maior das potências do trabalho, sobretudo, na relação com a plateia. Um jogo que de fato acontece. Estrangeiro de mim é um espetáculo pra se divertir e se emocionar”, comenta Cris Diniz, que assina a direção.

“No Sudeste a gente é o de fora, quando a gente volta, a gente é o que tá fora. Então, onde estamos? Por isso, estrangeiro de mim. Passo a ser então, um ser nômade, um corpo andarilho, porque não estou nem aqui, nem lá”, conta Marcelo. É no clima de confidências como essas que o espetáculo “Estrangeiro de mim” se desenvolve.

O cenário, inspirado nos móveis de cozinha das avós dos intérpretes, todo feito de madeira com puxador de metal, contribui para presentificar memórias e afetos. A luz de cena cria uma atmosfera quente e acolhedora. Neste ambiente de intimidade, os artistas nordestinos Marcelo e Tomaz dividem com a plateia suas vivências na região sudeste. “Quem se sentar perto do palco pode se surpreender com um convite para degustar um cafezinho ou um cuscuz nordestino”, adianta Marcelo.

O ator paraibano desembarcou em Minas, pela primeira vez, em 2016, em busca de novas experiências artísticas e iniciou pesquisa de mestrado sobre o bufão na Universidade Federal de Ouro Preto. Em 2018, já no doutorado, mergulhou em uma residência artística no Palácio das Artes (Belo Horizonte), quando nasce “Pathos” – experimento em que o artista tenta identificar manifestações com características bufanescas, na cidade de Belo Horizonte, e materializá-las em sua própria corporeidade. “O bufão é uma figura marginalizada socialmente, assim como o nordestino em relação ao sudeste. Daí surge o ponto de partida para a montagem do espetáculo”, conta.

Neste momento da residência, Marcelo conhece o músico baiano Tomaz, que topa entrar como parceiro no processo de criação, introduzindo um papel musical no espetáculo. “Tomaz veio da Bahia para BH e traz consigo toda uma bagagem de vivências e percepções em sua história”, conta Marcelo. O espetáculo, que neste momento ainda se chama “Mungunzá”, se afasta da pesquisa do bufão e ganha agora um acento pessoal. “Antes a discussão estava num caráter político, como uma resposta ao sudestino. Porém, com o tempo, vieram os próprios questionamentos individuais”, lembra.

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