Fundação Clóvis Salgado faz homenagem às mulheres

Provavelmente, há 400 mil anos, ao voltar da caça, para sua caverna, o homem de Neandertal já se perguntava: “O que ela vai querer hoje?”. Desde então, a humanidade pergunta: o que estes seres divinos e maravilhosos, as mulheres, querem?
Nem o criador da psicanálise, Sigmund Freud, que decifrava enigmas, esfinges e inconscientes, conseguiu descobrir e, numa conferência em 1932, relatando o caso clínico de Marie Bonaparte, sobrinha bisneta de Napoleão, teria desabafado: “A grande pergunta que nunca foi respondida e que eu ainda não fui capaz de responder, apesar de meus longos anos de pesquisa sobre a alma feminina é, o que quer uma mulher?” O máximo conseguido por Freud, estudando a sexualidade, foi levantar a sólida relação entre a psicanálise e o feminino.
Se Freud não conseguiu a missão impossível, a arte, principalmente o cinema e a televisão preferiram transformar a grande dúvida em comédias, umas ótimas e outras nem tanto. “Afinal, o Que Querem as Mulheres?”, ou ainda, “O Que as Mulheres Querem?”.
Apesar destas tentativas e depois de milhares de anos, o século 21 parece ter chegado perto de responder a esta dúvida. As mulheres querem o que quiserem e podem: tudo.
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Ao homenagear as mulheres em seu mês, a Fundação Clóvis Salgado (FCS) mostra o que querem, o que podem e do que são capazes as mulheres. A começar pelo Cine Humberto Mauro. Já no fim de fevereiro, teve início a mostra “Duras, a Eterna”, homenageando os 110 anos da francesa Marguerite Duras, que rasgou e costurou as fronteiras entre a literatura e o cinema. Até 27 de março, a quarta edição de “Clássicas: Mulheres na Direção”. Filmes de Grace Passô, Greta Gerwig, Sofia Coppola e outras cineastas compõem a seleção de mais de 40 obras que refletem a riqueza das narrativas femininas.
Na pauta, diretoras como Emerald Fennell, Melina Matsoukas, as irmãs Lana e Lilly Wachowski. Desde longas-metragens contemporâneos, como “Lady Bird” (2017), de Greta Gerwig e “Maria Antonieta” (2006), de Sofia Coppola, até clássicos de Hollywood, como “Quando a mulher se opõe” (1932), da pioneira Dorothy Arzner e “Mãe Solteira” (1949), dirigido por Ida Lupino. Entrada gratuita, com retirada de ingressos a partir de 1 hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema.
A Sessão Minas, com filmes mineiros dirigidos por mineiras, acontecerá sempre às quintas-feiras, às 19h30. A mostra “Cinema Árabe Feminino” terá suas primeiras exibições em Belo Horizonte de 22 a 24 de março.
Nas tardes de todas as sextas-feiras de março, o Cine Humberto Mauro irá apresentar a primeira edição do “Estudos de Cinema”, projeto de formação e reflexão sobre o Cinema idealizado em parceria com o canal “De filme em filme”. O tema do mês será “Elas na terra desolada: a mulher no faroeste”. Os ingressos são gratuitos.
A homenagem às mulheres também será musical, com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) celebrando compositoras e instrumentistas mineiras em “Concertos da Liberdade – Mulheres Lendárias”.
Com entrada gratuita, o ensaio aberto será realizado no dia 7 de março, ao meio-dia, e o concerto, no dia 8 de março, às 20hs, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, com ingressos a partir de R$ 10.
Em 2023, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais passou a contar, pela primeira vez, com uma regente titular, a maestra e diretora musical da OSMG, Ligia Amadio. Um ano depois, a orquestra reforça o protagonismo feminino apresentando obras de duas compositoras mineiras: Maria Helena Rosas Fernandes, com o prólogo da ópera “Marília de Dirceu” e a soprano Melina Peixoto; Dinorá de Carvalho, em “Três danças brasileiras para piano, percussão e cordas” e o “Concerto nº 1 para piano e orquestra em ré bemol maior”, do compositor russo Sergei Prokofiev, tendo como solista a mineira Simone Leitão. A regência será de Ligia Amadio.
A artista e médica Silene Fiuza inaugura, no dia 7 de março, às 19h, sua primeira exposição, propondo, na PQNA Galeria Pedro Moraleida, um mergulho na finitude do corpo e na interseção entre sentimento e matéria. Intitulada “Mais vasto é meu coração”, a mostra ficará aberta, com entrada gratuita, de 8/3 a 5/5 e é um convite a explorar os intrincados, porém naturais laços, entre a arte e a medicina.
A exposição, com curadoria de Uiara Azevedo, gerente de Artes Visuais, reitera o compromisso da FCS em reconhecer, celebrar e analisar a contribuição das mulheres no mundo da Arte.
Vinte obras que mergulham nas entranhas da anatomia humana, ressuscitando órgãos, ossos, tecidos e sistemas. Utilizando radiografias, cores neon e padrões de hemoglobinas, as pinturas e colagens da artista são um novo olhar sobre o corpo humano, delineando a inevitável jornada sobre a morte e a vida. O título “Mais vasto é meu coração” é uma homenagem ao “Poema de sete faces”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).
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