‘Galeria Mundo’ expõe fotografias a céu aberto no Parque Municipal em BH; veja obras

Com o objetivo de aproximar a arte do público, o projeto Galeria Mundo chega a Belo Horizonte com uma exposição itinerante que reúne o trabalho de 13 fotógrafas de diferentes estados brasileiros. Desta quarta-feira (9) a 15 de abril, o Parque Municipal, cartão postal da capital mineira, se transforma em um espaço de arte a céu aberto, exibindo 50 fotografias que exploram o tema Identidade e Território.
A exposição é um manifesto visual que busca romper com as barreiras físicas e simbólicas que, muitas vezes, afastam o público da arte. Idealizada por Raquel Gandra e com curadoria assinada por Heldi Reale, Ana Vitório e pela própria Gandra, a exposição propõe uma imersão em narrativas visuais que desafiam noções preconcebidas sobre identidade e pertencimento.
“Nossa intenção é democratizar o acesso à arte, desmistificando a ideia de que ela se restringe a espaços fechados e elitizados”, afirma a também diretora artística da Galeria Mundo. E completa: “Queremos ocupar a cidade, transformar o espaço urbano em um lugar de encontro, de troca, de questionamento”.
Ela conta que a ideia original do projeto surgiu no fim de 2022, mas somente em 2023 foi para a rua com uma primeira exposição percorrendo três cidades do Rio de Janeiro. “Vivemos em um mundo polarizado, onde pessoas com pensamentos diferentes acabam não se encontrando. Espaços de arte, mesmo sendo centros culturais com entrada gratuita, muitas vezes não são convidativos para as pessoas e há aqueles que levam muito tempo da vida para frequentá-los”, explica.
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A ideia é esbarrar em arte
Para Raquel Gandra, uma das prioridades da exposição é que as obras estejam acessíveis ao público e no caminho de quem circula pela cidade, não se restringindo apenas aos grupos de pessoas que costumam fazer passeios culturais e visitas à obras de arte.
“A gente vive num momento muito desigual. Na fotografia, quando se fala em quem produz, escuta-se muito sobre Walter Firmo e Sebastião Salgado, portanto, um espaço com uma ótica ainda muito masculina. Se não dermos espaços para as mulheres, ficaremos sempre no mesmo ciclo. Por isso, trazemos 13 fotógrafas com muitas experiências a compartilhar. Há uma diversidade no olhar”, afirma.
Veja algumas fotografias que fazem parte da exposição ‘Galeria Mundo’




Um novo protagonismo
A decisão de incluir exclusivamente mulheres na exposição reflete a necessidade de aumentar a representatividade feminina nas artes. Para a curadora Ana Vitório, o cenário atual é de uma crescente participação feminina, mas com poucas oportunidades. “Iniciativas como a Galeria Mundo são fundamentais para abrir novos caminhos e desafiar a hegemonia masculina ainda predominante no campo da arte”, destaca.
Para a exposição itinerante que esteve recentemente em Cuiabá (PR) e após Belo Horizonte seguirá para Salvador (BA), o elenco é formado pelas seguintes fotógrafas: Cecília Araújo, Joyce Nabiça, Nayara Jinkinss, Priscila Tapajowara, Marina Alfaya, Amanda Tropicana, Andressa Zumpano, Jéssica Bittencourt, Luiza Kons, Lou Bueno, Dolores Orange, Lais Reverte e Salemm.
A curadora Heldi Reale destaca que, historicamente, a fotografia foi dominada por um olhar masculino. “Hoje, as mulheres assumem o protagonismo de suas narrativas. Não estamos mais apenas do outro lado da lente, sendo registradas, mas sim construindo histórias, criando ficções e realidades. Acredito que a fotografia feminina na contemporaneidade é uma ‘arte do ajuntamento’, onde, juntas, rompemos barreiras”, pontua.
Exposição conta com roda de conversa e oficinas
Neste sábado (12), entre 10h30 e 12h, a Galeria Mundo promove uma roda de conversa com o público sobre os processos criativos e práticas. Já nos dias 11, 12, 15 e 16 de abril, vão acontecer duas oficinas gratuitas voltadas à experimentação artística e à reflexão sobre o uso da arte como ferramenta de expressão, educação e ocupação dos territórios urbanos.
As atividades serão presenciais, com vagas limitadas, e são voltadas a pessoas interessadas em arte, imagem, educação e intervenção urbana — não sendo necessário ter experiência prévia.
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