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Grupo Corpo apresenta “Gil Refazendo” e “Breu”

"Breu" é uma das obras já conhecidas do grupo Corpo, enquanto "Gil Refazendo" é uma criação mais recente da companhia.
Grupo Corpo apresenta “Gil Refazendo” e “Breu”
Crédito: José Luiz Pederneiras/Divulgação

O Grupo Corpo vai realizar cinco apresentações no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (avenida Afonso Pena. 1.537, Centro), hoje, amanhã, sexta-feira (1º) e sábado (2), às 20h, e no domingo (3), às 18h.

Serão duas criações opostas em sua paleta e na densidade. O solar “Gil Refazendo”, de 2022, abre as noites com a costura luminosa e sensual das canções de Gilberto Gil. Na segunda parte, o negro toma conta do palco para a fascinante, angulosa e percutida “Breu” (foto), de Lenine, uma das coreografias de Rodrigo Pederneiras que há mais tempo não é vista pelo público brasileiro – foi dançada no País somente em 2007 e 2008.

“Gil Refazendo é a mais recente criação do grupo – um balé que refizemos, justamente, pela primeira vez em nossos 48 anos, para que ficasse exatamente como gostaríamos”, afirma o diretor artístico Paulo Pederneiras. “Foi uma decisão corajosa, a de recriar do zero – mantendo a mesma trilha – e pode ser vista como uma metáfora da necessidade de se refazer tantas coisas importantes destruídas nos últimos anos”, avalia.

Pederneiras destaca também a escolha de “Breu” neste programa. “É uma das obras mais fortes do repertório do Corpo, uma trilha extraordinária criada por Lenine”, destaca o diretor artístico. “Há muito queríamos remontá-la; foi escolha unânime por parte da companhia, hoje com bailarinos que nunca haviam dançado essa obra. Fora isso, Breu fala da violência que veio se intensificando nos últimos anos. E mais: exige muito preparo físico e técnico dos bailarinos e, portanto, bastante tempo e fôlego para chegar na excelência da sua execução”, ressalta.

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A trilha, especialmente criada por um dos papas da música popular brasileira, Gilberto Gil, chegou às mãos de Paulo e Rodrigo Pederneiras em 2019, quando o baiano completou 80 anos. “Não é somente uma nova coreografia: é um novo espetáculo”, pontua o diretor artístico da companhias.

Trilha de Lenine

Tradução poética da violência e da barbárie dos dias que vivemos, Breu, balé criado em 2007, é uma demolidora partitura de movimentos escrita por Rodrigo Pederneiras. Para expressar em movimentos a densa e lancinante trilha sonora criada por Lenine, coreógrafo e bailarinos partiram para a formulação de novos códigos de movimento, repletos de angulosidade e a rispidez.

A música original de Lenine combina uma vasta gama de timbres, samplers, efeitos, citações e estilos, na construção de uma instigante babel sonora. A peça tem oito movimentos que vão do hard rock aos gêneros populares e tradicionais brasileiros. Paulo Pederneiras emoldura o espaço cênico com grandes placas negras e brilhantes, dispostas lado a lado com precisão, remetendo à frieza das superfícies azulejadas. De malhas inteiriças e todo em preto e branco, os figurinos criados por Freusa Zechmeister dividem ao meio o corpo dos bailarinos: na região frontal, predominam as estampas geométricas variadas; as costas ganham, de alto a baixo, um negro intenso. Sob a incidência da luz, o brilho das malhas destaca as formas fazendo com que, aqui e ali, os bailarinos se misturem ao cenário, emprestando volume e sinuosidade à estética retilínea e bidimensional.

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