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Grupo Corpo apresenta “Parabelo” e “Gira”

Grupo Corpo apresenta “Parabelo” e “Gira”
Crédito: José Luiz Pederneiras

Depois de apresentar no Palácio das Artes seu mais novo trabalho, “Primavera”, o Grupo Corpo retorna aos palcos da cidade com a sua já tradicional temporada de final de ano, apresentando em programa duplo os espetáculos “Parabelo” e” Gira”. A curta temporada, com preços populares, acontece a partir da próxima quinta-feira e até domingo no Cine Theatro Brasil Vallourec.

A inspiração sertaneja e a transpiração para lá de contemporânea da trilha composta por Tom Zé e José Miguel Wisnik para “Parabelo”, de 1997, permitiram ao coreógrafo Rodrigo Pederneiras dar vida àquela que ele mesmo define como a “a mais brasileira e regional” de suas criações. 

De cantos de trabalho e devoção, da memória cadenciada do baião e de um exuberante e onipresente emaranhado de pontos e contrapontos rítmicos, emerge uma escritura coreográfica que esbanja jogo de cintura e marcação de pé, numa arrebatadora afirmação da maturidade e da força expressiva da gramática construída ao longo de anos pelo arquiteto de “Missa do Orfanato” e “Sete ou Oito Peças para um Ballet”.

A estética dos ex-votos de igrejas interioranas inspira Fernando Velloso e Paulo Pederneiras na composição dos dois painéis, de 15mx8m, que dão sustentação cenográfica ao espetáculo.

Com a intensidade das cores velada por um tule negro e revelada somente no espaço exíguo e imperativo das sapatilhas, a figurinista Freusa Zechmeister cria o jogo de luz e sombra que veste os bailarinos na primeira parte de “Parabelo”, enquanto na reta final e explosiva do balé as malhas se libertam do véu, alardeando a temperatura jubilosa e alta de suas cores.

Umbanda – Os ritos da umbanda – a mais cultuada das religiões nascidas no Brasil, resultado da fusão do candomblé com o catolicismo e o kardecismo – são a grande fonte de inspiração da estética cênica de “Gira”.

Exu, o mais humano dos orixás – sem o qual, nas religiões de matriz africana, o culto simplesmente não funciona – é o motivo poético que guia os onze temas musicais criados pelo Metá Metá para “Gira”.

Mergulhar no universo das religiões afro-brasileiras para se alinhar ao tema proposto pelo Metá Metá foram as primeiras providências dos criadores do Grupo Corpo. Mas engana-se quem pensa que vai assistir a uma representação mimética dos cultos afro-brasileiros. Alimentado pela experiência em ritos de celebração tanto do candomblé quanto da umbanda (em especial as giras de Exu), Rodrigo Pederneiras reconstrói o poderoso glossário de gestos e movimentos a que teve acesso. 

Concebido como uma instalação, o não-cenário assinado por Paulo Pederneiras cobre com o mesmo tule negro os corpos dos bailarinos sempre que estão fora da cena, transformando-os em éter, e as três paredes da caixa-preta, criando uma ilusão quase espectral de infinito.

Nos figurinos, Freusa Zechmeister adota a mesma linguagem para todo o elenco, independente do gênero: torso nu, com a outra metade do corpo coberta por saias brancas de corte primitivo e tecido cru.

“Parabelo e “Gira” serão apresentados de quinta a sábado, às 20h30, e no domingo, às 19h, no.Cine Theatro Brasil Vallourec. Com preços de R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia), os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ( telefone: 3201.5211) ou por meio on-line em www.eventim.com.br.

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