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Grupo Galpão estreia espetáculo inspirado em obra de José Saramago

As apresentações vão ocorrer semanalmente de quarta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 19h. Já a venda de ingressos está disponível na plataforma Sympla
Grupo Galpão estreia espetáculo inspirado em obra de José Saramago
Foto: Tati Motta Fotografia/Grupo Galpão

A companhia mineira de teatro Grupo Galpão, com uma trajetória de 43 anos marcada pela experimentação e pesquisa teatral, traz o mais novo espetáculo “(Um) Ensaio sobre a Cegueira”, inspirado na obra homônima do escritor e jornalista português José Saramago. A nova peça, aliás, inicia a nova temporada do grupo que segue até o dia 1º de junho no Galpão Cine Horto, na região Leste da Capital, com uma proposta que busca a imersão do espectador. Com direção de Rodrigo Portella, aliada à direção musical de Federico Puppi, o público é convidado a refletir sobre a condição humana.

A escolha da obra de Saramago, com sua narrativa que evoca a fragilidade da civilização e a busca pela essência do ser humano, demonstra uma intenção de estabelecer um diálogo com questões urgentes da atualidade. A “cegueira branca” da trama, mais do que uma aflição física, apresenta-se como uma alegoria da perda de valores e da capacidade de percepção. Nesse contexto, o Galpão Cine Horto, com sua história de montagens que desafiam o convencional, parece o espaço ideal para dar vida a essa obra.

A experiência proposta vai além do ato de assistir a um espetáculo. O “Ingresso Experiência” demonstra a busca por uma nova relação com o público, oferecendo uma vivência sensorial e imersiva. Essa abordagem aponta para uma tendência nas artes cênicas, que procura romper a barreira entre palco e plateia, tornando o espectador parte da obra, conforme explica o diretor do espetáculo, Rodrigo Portella.

“A obra revela o modo como, em um mundo despojado das aparências, enxergamos, realmente, quem somos e o que, em essência, significa ser humano. A cegueira pode ser uma metáfora da perda de sentido e do senso de humanidade, assim como de nossa capacidade de enxergar além do que se vê”, detalha.

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Foto: Tati Motta Fotografia/Grupo Galpão

O ator e um dos fundadores do grupo, Eduardo Moreira, destaca a importância da parceria com o diretor Rodrigo Portella para a concretização desta nova empreitada. “Sempre buscamos experiências que nos façam refletir sobre a natureza do teatro e como ampliar nossos conhecimentos”, afirma Moreira, ressaltando o compromisso do Galpão com a inovação e a diversificação em sua prática teatral.

A questão central de todo o processo de trabalho ligado a “(Um) Ensaio sobre a Cegueira” está na elaboração de um ator formulador, que constrói permanente dialética entre narrativa e drama, a partir da obra de Saramago. “A natureza de ensaio, de algo construído no calor do aqui e do agora, na busca por um frescor permanente do acontecimento teatral, foi o impulso primordial da adaptação proposta por Rodrigo Portella, ao abordar a fábula da distopia de um mundo dominado pela metáfora de uma cegueira branca”, pontua o ator.

Foto: Tati Motta Fotografia/Grupo Galpão

Projeto perpassa por elementos, expressões e simbolismos 

No que tange ao processo de modelagem de “(Um) Ensaio sobre a Cegueira”, a atriz do Grupo Galpão, Fernanda Vianna, enfatiza que, em Rodrigo Portella, características que tornam o projeto ainda mais intenso: “Ele é um diretor afetuoso e respeitoso, que busca, com tranquilidade, uma linguagem autêntica, ao partilhar sua visão com toda a equipe criativa. Tenho aprendido muito, e apanhado um bocado, também! Além disso, a dramaturgia dele é brilhante. Cabe o livro inteiro do Saramago nessa montagem, ou, como disse o próprio escritor, ‘o mundo inteiro está aqui dentro’.

Ela destaca, ainda, que a “cegueira branca” de Saramago retrata a “cegueira moral da indiferença, do egoísmo, da tirania e da covardia, de nossa impotência diante das guerras, dos que têm fome. É uma oportunidade ímpar poder falar sobre isso neste momento”. A direção musical do espetáculo é do violoncelista, produtor e compositor musical, Federico Puppi, parceiro de Portella em outros trabalhos.

Para ele, trabalhar com o Grupo Galpão é como compor para um instrumento com timbre próprio, marcado por história, personalidade e alma. “Cada ator, cada gesto, carrega uma sonoridade única, como se o grupo inteiro vibrasse em harmonia. Criar música para o Galpão é dialogar com essa memória viva, ouvindo o que a cena pede e respondendo com afeto e escuta. Não é apenas música: é ressonância. É esculpir a sonoridade da cena a partir da riqueza evocativa que o grupo propõe, somando a minha identidade”, conclui.

As apresentações vão ocorrer semanalmente de quarta a sábado, às 20h, e aos domingos, às 19h. Já a venda de ingressos está disponível na plataforma Sympla.

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