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Grupo Galpão lança espetáculo sobre sonhos

Grupo Galpão lança espetáculo sobre sonhos
Crédito: Divulgação

Em junho de 2021, o Grupo Galpão e o dramaturgo Pedro Brício iniciaram a pesquisa para um novo projeto. Com os teatros fechados e a pandemia ainda fora de controle, nasceria a ideia do espetáculo, a ser apresentado na internet, com ênfase na natureza do ato de sonhar em período tão atípico. Os artistas, então, receberam relatos de mais de 150 pessoas, com o desejo de coletar sonhos e realizar uma série de indagações: “O que temos sonhado?”, “Como os sonhos revelam os traumas da pandemia?”, “Estamos sonhando coletivamente?”, “Como sonharemos o futuro?”, “Transformar um sonho em cena pode ampliar a experiência do sonhador?”. As respostas a tais perguntas foram transmutadas no espetáculo “Sonhos de uma noite com o Galpão”, cuja estreia será no dia 21 de agosto, ao vivo, por meio do aplicativo Zoom. Ingressos gratuitos podem ser retirados pela Sympla. O espetáculo estará em cartaz de 21 de agosto a 12 de setembro, às 20h, sempre aos sábados e domingos.

“Sonhos de uma noite com o Galpão” integra o projeto “Dramaturgias – Cinco passagens para agora”, que conta com o patrocínio master do Instituto Cultural Vale e patrocínios da AngloGold Ashanti e do banco BV, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. O projeto realiza, de junho a dezembro de 2021, cinco espetáculos em diferentes formatos nas redes sociais.

No elenco da peça, estão os atores Antonio Edson e Eduardo Moreira e as atrizes Inês Peixoto, Lydia del Picchia, Simone Ordones e Teuda Bara. De todos os relatos coletados, alguns foram escolhidos para serem desenvolvidos em cena. Os sonhos selecionados foram compartilhados por Adyr Assumpção, Amanda Palma, Beatriz Radicchi, Benjamin Brício, Bruna Mitrano, Cássia Lima, Clarissa Tomasi, Elisa Aldunate Werdet e Ignacio Aldunate, Evandro Costa, Fernando Chagas, Gil Milagres, Gil Amancio e Dani Adil, Inês Peixoto, João Santos, Juliana Martins, Kayete, Kdu dos Anjos, Letícia Castilho, Lica Del Picchia, Marina Pêgo, Nil César, Pedro Brício, Raquel Carneiro, Raysner de Paula, Sávio Leite, Suely Machado, Tadeu Fernandes, Tati Mateus, Théda Mara, Titina Medeiros, Valéria Alvim, Vanessa Machado e Vera Casanova.

Na visão do dramaturgo e diretor Pedro Brício, o espetáculo há de gerar grande curiosidade nos espectadores, devido à dramaturgia e à reunião de sonhos reais – e bastante atuais. “Conversamos com muitas pessoas, e reunimos um apanhado sobre o que elas sonharam durante a pandemia: que tipos de traumas e desejos os sonhos têm revelado? Pudemos constatar que eles são muito variados, apesar de haver repetições. É muito bonito perceber como nosso inconsciente se articula neste momento”, comenta, ao explicar que, na peça, alguns sonhos foram encenados, enquanto outros, apenas contados: “Aí, entra toda a criatividade do Grupo Galpão, além da poesia e do humor, já que, também, há sonhos engraçados. Aliás, o sonho, em si, já é uma criação. O que fazemos é recriá-lo, a partir do teatro”.

A parceria com o Galpão, segundo o diretor, foi a oportunidade de aproximar princípios artísticos semelhantes. “Fiquei superfeliz com o convite! Acompanho o trabalho do Grupo há muitos anos, e sei do gosto por trabalhar com diretores e autores variados. Isso tem muito a ver com meu estilo, pois também tenho o hábito de escrever para outros diretores e companhias”, diz, ao lembrar do humor como outra característica em comum, já que está muito presente no trabalho de ambos. “Além disso, buscamos comunicação com o público. Falo de uma dramaturgia que pretende, ao mesmo tempo, ser acessível e popular, no melhor sentido dos termos, e caracterizada pelo experimentalismo”, completa.

Convidados – Em “Sonhos de uma noite com o Galpão”, uma parte do espetáculo foi filmada. Trata-se do encontro, nos palcos reais do teatro, entre os sonhadores e os atores da peça. Cada ator convidou duas pessoas, que mandaram relatos de seus sonhos, para um encontro, que aconteceu e foi gravado no Galpão Cine Horto.

“Foi muito rico estar em contato com essas pessoas, que têm refletido muito sobre os sonhos, como forma de dividir experiências. É, ainda, uma maneira de autoconhecimento e de conhecimento da sociedade. Agora, todos poderão ver, ouvir e compartilhar sonhos, encenados ou relatados”, completa Pedro Brício.

Para Simone Ordones, atriz do Grupo Galpão, o projeto do espetáculo nasce, justamente, da indagação proposta por Brício acerca do que as pessoas andavam sonhando.

“Ele nos pediu a coleta de sonhos, para que pudessem ser usados na formação de um retrato teatral. A gente sabia que os modos de sonhar tinham sido afetados, devido às incertezas da pandemia, que rompeu com o que as pessoas faziam”, conta, ao lembrar que, de repente, tudo parou, de modo a também gerar dúvidas em relação ao futuro: “Até quando ficaremos isolados? Quando e como será o retorno disso? Como recomeçar? Os sonhos têm muito a ver com os desejos e os medos das pessoas. Por isso, achamos o projeto muito pertinente”, disse.

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