Variedades

Grupo Giramundo é tema do Sempre Um Papo

Grupo Giramundo é tema do Sempre Um Papo
Crédito: Guto Muniz

O Sempre Um Papo recebe os diretores do Grupo Giramundo, Beatriz Apocalypse, Marcos Malafaia e Ulisses Tavares, para falarem sobre a trajetória de 50 anos da companhia, que já montou 36 espetáculos, construindo um acervo de aproximadamente 1.500 bonecos. O evento acontece de forma on-line – com transmissão pelo YouTube e Facebook do projeto, hoje às 19h, com mediação de Afonso Borges. 

O Giramundo completou 50 anos em meio à pandemia da Covid-19, em 2021. Todo o planejamento de atividades comemorativas do cinquentenário do grupo foi afetado pela calamidade e, por pouco, o grupo não teria nada a comemorar, ao contrário, poderia ter deixado de existir. O contexto político de ataque à estrutura de apoio cultural vigente no país há praticamente três décadas também provocou um risco considerável à existência do patrimônio material e imaterial do Giramundo, numa somatória de pandemia e pandemônio não enfrentada pelo setor cultural em tempo algum, nem mesmo durante os anos de chumbo da ditadura.|

Neste período, entretanto, o Giramundo se manteve vivo e ativo. A Cemig foi o principal apoiador do grupo no triênio 2019-2022, apoiando a produção do espetáculo “Pirotécnico Zacarias”, a tradução dessa montagem para o formato audiovisual com o filme homônimo, inaugurando a produção de longa metragem pelo próprio Giramundo e patrocinando  a exposição “Giramundo 50 anos”.

Essa atividade durante a pandemia cresceu imersa na dificuldade prática, operacional, assim como todos os campos sociais, sofrendo com as restrições com que toda a sociedade também padeceu, mas, paradoxalmente, vivenciou um período extremamente rico do ponto de vista criativo, e, não seria exagero afirmarmos que essa ação e energia se converteram em mudanças das mais profundas vividas em toda a história do grupo.

O conteúdo continua após o "Você pode gostar".


A migração para o mundo virtual e digital levaram o Giramundo para outros territórios, especialmente ligados ao vídeo e à pesquisa das “novas formas da marionete”, para usarmos um termo cunhado e perseguido por Álvaro Apocalypse em toda a sua trajetória como criador. A digitalização do acervo promovida pelo projeto da mostra 50 anos também se consolidou como a maior iniciativa de proteção e preservação do acervo do Giramundo, lançando o grupo nas correntes da internet, ampliando em muito sua visibilidade e sua função social.

A ênfase na criação de animações digitais com bonecos entrou de vez no corpo e mente do grupo, alterando até mesmo sua configuração física ao constituir o estúdio Giramundo definitivamente ativo, ao lado da ancestral oficina de construção de bonecos.

Assim, podemos dizer que da pandemia e de seus frutos surge um Giramundo novo, como um verdadeiro marco histórico que inaugura uma nova fase essencial da companhia, o período “Giramundo digital”.

A introspecção promovida tanto pelo isolamento forçado, quanto pela revisão de todo o acervo para o extenso trabalho de digitalização, criou um momento de autoanálise, de balanço, de revisão da obra e trajetória do grupo, sem dúvida um estado de espírito que deixará marcas decisivas na compreensão do Giramundo do século XXI.

A transição do Giramundo teatro de bonecos para o “estúdio de animação Giramundo” é uma delas, pois não nos parece que haja retorno nessa situação. O Grupo Giramundo certamente continuará atuando nos palcos, em performances presenciais com bonecos analógicos em punho, no contato direto com o público, mas, também exercerá sua atividade remotamente, em produções audiovisuais, nas telas.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas