Guto Muniz exibe acervo de fotos

O fotógrafo Guto Muniz disponibiliza para o público acervo inédito que traz espetáculos registrados pelo artista em filme fotográfico, ainda nos anos 80 e 90. As fotos estão no site Foco in Cena, criado pelo fotógrafo em 2012, com o objetivo de documentar a memória das artes cênicas brasileiras e internacionais.
No fim da adolescência, Guto Muniz abandonou o sonho de se tornar arqueólogo. Com a entrada na faculdade, descobriu a paixão pela fotografia e pelo teatro. Era meados de 1980, quando teve contato no curso de publicidade com a disciplina de teatro’ Na época, havia assistido a poucas peças, mas foi tomado pelos encantos do teatro, chegando a montar um grupo amador com os colegas. Depois veio a expressão plástica’, uma matéria com ênfase na fotografia. Comprou então sua primeira câmera e tornou-se monitor no laboratório de fotografia da faculdade. “Foi quando registrei meu primeiro espetáculo teatral: Antígona (1987), da Cia. Sonho & Drama. A conexão foi tanta que claramente me imaginei fazendo isso por toda a minha vida. Acho que, inconscientemente, percebi que teria um valor grande no futuro”, conta.
Desde então, Guto fotografou quase 2.000 espetáculos, sendo cerca de 300 nacionais, 300 internacionais e mais de 1.000 trabalhos locais. Até 2012, parte desses registros ainda não era conhecido do público. Na época, Guto decide, então, lançar o Foco in Cena, com o objetivo de reunir seu acervo digital realizado desde 2001.
Agora, para celebrar os dez anos do portal, o artista disponibiliza, em primeira mão, a digitalização e disponibilização de um acervo raro – com grande importância histórica para as artes cênicas mineiras e nacionais – que abrange toda a primeira fase de seu trabalho, registrada em papel fotográfico ainda no século XX. “Fotografava apenas com filmes preto e branco. No início de 1990 começou a demanda pela fotografia colorida para os jornais e passei a usar filmes coloridos. Já na segunda parte da década, veio a necessidade de transitar para a fotografia digital. Como os equipamentos ainda eram caros, continuei fotografando em filmes e digitalizando as fotos em scanners específicos para a finalidade”, relembra.
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É na virada do século, em 2001, que Guto adquire sua primeira câmera digital. Apesar de ter encarado com facilidade a mudança, o fotógrafo ressalta que a experiência anterior com o papel fotográfico faz muita diferença no seu trabalho hoje. “Fotografar em filme me ensinou a necessidade de me concentrar nos espetáculos e esperar o momento certo de bater a foto. Levei isso para o digital e, rapidamente, entendi que, apesar de não ter mais o custo dos filmes e o limite do número de fotos que eles me propiciavam, era o mergulho em cada trabalho que me dava ou daria o resultado que eu precisava, e não o tipo de equipamento que eu usava”, explica.
Atualmente, antes de fotografar um trabalho, Guto faz um estudo sobre o espetáculo. Procura por informações e imagens de trabalhos anteriores da companhia, dos artistas e da direção. “Evito ver fotos já produzidas daquele espetáculo, pois não quero ser conduzido por elas. Prefiro criar imagens na minha mente em cima do que pesquisei e deixar que o espetáculo se apresente para mim”, diz. No dia da apresentação, chega ao local com uma hora de antecedência. “Converso com a equipe, me ambiento com o espaço, passo a luz com o responsável pela iluminação, entendo qual o melhor local para me posicionar e que tipo de equipamento devo usar”, explica.
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