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Historiador faz palestra sobre “Guernica”

Historiador faz palestra sobre “Guernica”

A expressão artística moderna europeia foi profundamente influenciada pelas guerras que assolaram o mundo durante o século XX. A obra “Guernica”, de Pablo Picasso, é um exemplo emblemático, que demonstra o espanto do artista diante do horror da destruição e da morte provocadas por conflitos internacionais. Para falar sobre a obra e seus significados, a Casa Fiat de Cultura realiza hoje, das 19h às 20h30, a palestra on-line “A guerra pelo olhar de Picasso: uma análise da Guernica”, que será ministrada pelo professor e historiador Marco Elizio de Paiva. A inscrições são gratuitas pela Sympla (https://bit.ly/GuerraPeloOlhar).

A enorme tela representou a ideia da aniquilação como denúncia, criando alertas político-sociais em mensagens diretas e penetrantes sobre os direitos de defesa humana. Picasso conseguiu demonstrar que nunca o homem foi tão poderoso belicamente, mas também nunca se sentiu tão diminuído e abandonado moralmente. Marco Elizio de Paiva abordará a relação do artista com a guerra, a partir da análise da “Guernica”, mostrando como a obra foi construída e, principalmente, como produto de um grande humanista. “A obra Guernica é importantíssima, porque possui o poder de impactar qualquer um que se poste à sua frente. São cenas cheias de paixão, que transcendem qualquer escola ou categoria de arte”, defende Marco Elizio. 

Em 1937, o governo espanhol encomendou a Pablo Picasso um painel para o pavilhão espanhol, na Exposição Internacional de Paris e, até 26 de abril daquele ano, o artista ainda não havia decidido qual tema abordar. Mas, nesta data, a cidade Guernica foi bombardeada durante 3 horas seguidas por aviões alemães da Legião Condor. A tela foi pintada como uma denúncia contra o autoritarismo, sendo, ao mesmo tempo, uma obra de memória. “Picasso se inspirou na destruição da cidade basca de Guernica a partir de fotos publicadas no periódico francês L’Humanité. No entanto, muito além do drama espanhol, sua pintura trata o calvário moderno da agonia das ruínas produzidas pelas bombas e a fragilidade humana diante dos conflitos como alerta sobre a crueldade humana quando se perde a racionalidade superando qualquer possibilidade de acordos civilizados”, analisa o professor Marco Elizio.

Com grandes dimensões – 7,76 metros de comprimento por 3,49 metros de altura –, “Guernica” foi a primeira obra exibida em seu pavilhão. A tela foi pintada com uma tinta especial fosca, para evitar efeitos de brilho. Toda em tons de preto, cinza e branco, apresenta toda a sensação de drama daquele momento, quase como uma fotografia. A composição cubista apresenta figuras decompostas em formatos geométricos, com vários elementos que retratam todo o horror do bombardeio: uma mulher ajoelhada com o filho morto nos braços; um cavalo agonizando, trespassado por uma lança; o fogo que invade o cômodo pelas janelas.

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O historiador conta que Picasso conseguiu, em sua investigação plástica, pintar um grito de horror e angústia de toda a humanidade diante das guerras. “Não há no mural de Guernica nada identificável com soldados, bandeiras, aviões, armas ou sangue. O que foi pintado foram motivos de uma iconografia muito mais reveladora da dor e da destruição de valores comuns. Esta é a razão por que a Guernica é uma obra definitivamente imortal”, destaca.

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