IDEIAS | Realismo fantástico e o Covid-19
Adriana Aparecida de Oliveira Rezende*
Conversando com pessoas da literatura, ouvindo e aprendendo. Percebi que alguém se manifestou estranho, ao tratar do realismo fantástico e sua estreita relação com os autores latino-americanos. Opinei que somos sempre confrontados com a absurdidade e talvez, em decorrência disso, tenhamos desenvolvido uma expressão de relato que beira à delirância, impossibilitados que somos do luxo de dizer com clareza e cartesianismo das nossas realidades concretas.
Para bom entendedor um pingo é gota, e quem está acompanhando o processo do Covid-19, desde o surgimento, percebe sua complexidade. É mais que um movimento da história da humanidade, paralisou a economia mundial, o trânsito de nações vizinhas ou distantes, ampliou muito o conceito de doença, adoecimento e morte na ciência, na sociologia, na economia. Funda-se uma nova medicina.
Na esfera política, ai de nós… Nos Brasis entre cientistas sérios, pensadores ortodoxos, políticos de práticas cretinas, tudo faz pouco sentido. A práxis de desviar verbas ficou suspensa, quem desvia tira daqui e põe lá. Mas onde é lá?
Presidindo um circo sem rede, o presidente pretende que unidades da Federação sejam tratadas como territórios inimigos e brasileiros sejam inimigos de brasileiros, avessos à própria cultura, família e nação.
Nesse quadro de estrangeirismo nacional, nessa pátria que se subverteu para ser ela mesma, temos a convicção dessa brasilidade subversivamente triste, acordamos pedindo uma gota da força de Elza Soares, senão um pingo de sangue nordestino em nossas veias, para seguirmos fortes, sem a melodia do nosso amado Moraes Moreira.
*Pedagoga
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