Italiano coleciona trens em cidade miniatura em Minas Gerais

Quando a vida passa em flashes na memória, os trilhos e as locomotivas da movimentada estação ferroviária de Bolonha se destacam ao resgatar a nostalgia de uma época feliz. Nascido na Itália e hoje radicado em Minas Gerais, o jornalista Emilio Camanzi despertou uma paixão por meio de recordações da infância: o amor por trens, que o levou ao ferreomodelismo.
As memórias são de momentos vivenciados durante o período pós-guerra, quando o pai de Camanzi, ainda na Itália, trabalhou na estação ferroviária de Bolonha, uma das principais do país europeu. Entre três e quatro anos de idade, Camanzi passou a visitar com frequência a estação e as próprias locomotivas do local, até que aos quatro anos, mudaram-se para o Brasil, onde vive até hoje.
Radicado em Minas desde 1952 e atualmente com 76 anos, Camanzi formou-se em telecomunicações, mas não deixou de apreciar carros, aviões e trens, assim como modelismo, autorama e ferreomodeslimo. Mas, neste meio tempo, começou a se envolver mais seriamente com o ferreomodelismo, um hobby que se tornou um verdadeiro antídoto contra o estresse da vida cotidiana.
Em 1992, ele se mudou para Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), quando se tornou membro da Associação Mineira de Ferreomodelismo (AMF) para utilizar os recursos do espaço. “Naquela época eu tinha apenas uma tábua e meu sonho sempre foi ter uma maquete”, revela.
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Foi em 2013 que, com o apoio da família, especialmente da filha Camila, Emilio Camanzi conseguiu realizar esse sonho. Juntos, criaram um espaço que não apenas reflete sua paixão por trens, mas também fortalece os laços familiares.
Eles, então, compraram os materiais necessários para a construção da maquete e composição do cenário, que hoje está em um quarto dedicado à maquete. A miniatura conta com mais de 70 locomotivas e 300 vagões na escala 1:87 HO (a mais utilizada do mundo).

Cada detalhe foi cuidadosamente planejado pela família: carrinhos, pessoas, igrejas, fazendas, casas, uma praia de nudismo, uma fábrica de cerveja, dentre outros detalhes. “Hoje, normalmente dedico mais tempo ao hobby aos sábados, quando não estou em viagens ou compromissos familiares. Porém, pelo menos duas ou três vezes por semana adianto alguma pintura ou customização nos trens, ou mexo neles só para admirá-los e ver se continua tudo em ordem”, detalha.
A maquete ocupa um quarto inteiro e é controlada por um transformador que regula a velocidade das locomotivas, com iluminação que simula postes reais. Entre as locomotivas, há modelos da Vale, Fepasa, Paulista e MRS.

Para Camanzi, o hobby de ferreomodelismo é mais do que um passatempo: é uma maneira de, através dos trens, encontrar paz e relaxamento na rotina intensa em Minas Gerais. Ele explica que a precisão necessária para trabalhar com peças tão pequenas e delicadas o ajuda a sair do mundo real e encontrar momentos de tranquilidade.
O que é ferreomodelismo?
O ferreomodelismo é um dos hobbies mais antigos do mundo, e sua origem remonta ao período em que o transporte ferroviário foi adotado massivamente. Segundo o diretor da Frateschi Trens Elétricos, Lucas Frateschi, a prática vem auxiliando famílias que passam por longos períodos em casa relaxarem e ocuparem a mente.
“O ferreomodelismo é uma mistura de entretenimento, baseado em modelos de escala, e arte, pois os amantes deste hobby ficam fascinados quando começam a construir suas maquetes, fazer toda a parte de decoração, cenário e projetar as construções. É preciso ter capacidade de observação para se construir uma maquete, pois todo esse trabalho de reprodução do mundo real é totalmente artesanal”, explica Frateschi.
Veja mais fotos da maquete de Camanzi






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