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Ligia Amadio estreia na regência da OSMG

Ligia Amadio estreia na regência da OSMG
Crédito: Isabela Senatore

A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), em seus 46 anos de atividades, recebe sua primeira maestra titular: Ligia Amadio, uma das mais destacadas regentes brasileiras da atualidade. Sua estreia à frente da OSMG acontece nas próximas edições da série Concertos da Liberdade – Sinfônica ao Meio-dia e Sinfônica em Concerto, com um programa especial que inclui obras de grandes compositoras pioneiras na história da música, como Chiquinha Gonzaga (1847-1935), Dinorá de Carvalho (1895-1980) e Amy Beach (1867-1944), além de solo de piano realizado pela convidada Linda Bustani, que interpreta Sergei Rachmaninoff (1873-1943).

A apresentação de gala acontece amanhã, Dia Internacional da Mulher, às 20h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes. Os ingressos já estão à venda com preços populares, pelo site da Fundação Clóvis Salgado ou bilheteria do Palácio das Artes. Hoje, ao meio-dia, o corpo Aatístico se reúne para interpretar trechos do concerto, de forma gratuita.

Ligia Amadio notabilizou-se internacionalmente por sua reconhecida exigência artística, seu carisma e suas vibrantes performances. Sua atuação estende-se pela América, Europa e Ásia. Dentre os prêmios que recebeu, destacam-se o Concurso Internacional de Tóquio (1997), II Concurso Latino-Americano em Santiago do Chile (1998), APCA (2001), Prêmio Carlos Gomes (2012), Ordem de Rio Branco (2018), Prêmio Alumni USP (2022).

A maestra celebra com boas-vindas a regência titular e direção artística da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. “Me sinto honrada pela confiança em mim depositada pelo presidente da Fundação Clóvis Salgado, Sérgio Rodrigo Reis, pelo secretário de Estado de Cultura e Turismo, Leônidas Oliveira, pela diretora artística, Cláudia Malta, e pelos músicos da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, que indicaram o meu nome com o desejo de que eu fosse a nova regente titular da Orquestra”, declarou. “Espero fazer o melhor pela orquestra, maximizar o seu potencial artístico, ganhar novos públicos e tornar cada vez mais a música clássica e a música realizada pela OSMG acessível e democrática para todas as pessoas”, concluiu.

Ligia Amadio atuou como regente titular e diretora artística das orquestras no Uruguai, da Filarmônica de Montevidéu; na Colômbia, da Filarmônica de Bogotá; na Argentina, da Filarmônica de Mendoza, e da Sinfônica da Universidade Nacional de Cuyo; no Brasil, da Orquestra Sinfônica Nacional, da Sinfônica de Campinas e da Osusp.

O concerto tem início com o brilhantismo de composições da carioca Chiquinha Gonzaga, compositora e pianista. Gonzaga foi a primeira pianista de choro e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil, mesclando o som do piano à música popular e se tornando a primeira compositora popular do país. O sucesso começou no ano de 1877, com a polca (dança popular da Chéquia, da região da Boêmia) “Atraente”.

A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais dá início ao seu concerto histórico interpretando “Atraente”, nascida de improvisação em roda de choro na casa do compositor Henrique Alves de Mesquita, em uma mescla com a canção “Gaúcho”, popularizada pelo nome “Corta-jaca”, uma das músicas mais gravadas e conhecidas de Gonzaga. Por conseguinte, a OSMG interpreta a composição “Alerta”, considerada uma das melhores já feitas pela compositora.

O programa segue com “Noite de São Paulo”, composta pela primeira mulher a entrar para a Academia Brasileira de Música e primeira maestra brasileira, Dinorá de Carvalho. Como pianista mineira de Uberaba, ela apresentou-se no Brasil e em várias capitais europeias, tendo fundado uma orquestra só de mulheres, a Orquestra Feminina de São Paulo. Suas obras foram executadas por grandes nomes como Guiomar Novaes, Bidu Sayão e Eleazar de Carvalho. Com uma vida dedicada à música, Dinorá de Carvalho tem sido estudada nos meios acadêmicos e resultou em publicações científicas que abordam estudos aprofundados sobre a sua produção artística. Sua obra “Noite de São Paulo” é uma ode à cidade na qual a compositora morou durante grande parte de sua vida.

Na sequência, a grande pianista convidada Linda Bustani empresta seu talento na peça “Rapsódia sobre um tema de Paganini”, de Sergei Rachmaninoff. Uma das mais importantes pianistas sul-americanas de projeção internacional, Linda Bustani foi discípula de Arnaldo Estrella, no Rio de Janeiro.

A segunda parte do concerto é inteiramente dedicada a Amy Beach, compositora e pianista americana pioneira na música artística em grande escala. Sua sinfonia “Gaelica”, estreada pela Orquestra Sinfônica de Boston em 1896, foi a primeira sinfonia composta e publicada por uma mulher americana.

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