Livro revela patrimônio de bairros tradicionais
Em meio à pandemia do Covid-19, muitos artistas, fotógrafos, editores, escritores, entre outros profissionais da arte e cultura tiveram que se reinventar e modificar seus planos.
O lançamento do livro “Quanto tempo dura um bairro?”, projeto sobre patrimônio cultural, memória e arquitetura de bairros tradicionais de Belo Horizonte, idealizado pela fotógrafa Mirela Persichini e pelo designer Phillippe Albuquerque, composto também por um site homônimo, estava previsto para abril deste ano. Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, o projeto passou por algumas alterações e as ações de divulgação.
Mais que um manifesto pela conservação do patrimônio e da memória, o livro, editado por Fernanda Brescia e composto por 189 páginas, é um registro inédito do conjunto urbano dos bairros Lagoinha, Santa Tereza e Savassi e também um convite para olhar a capital mineira a partir de uma investigação sensível feita por meio de fotografias e textos que perpassam todos esses temas, levantando sempre a questão da permanência.Um recorte geográfico, patrimonial, simbólico e afetivo dessa crônica fotográfica permeada por imagens de tijolos, pisos, azulejos, ornamentos, fachadas e, claro, histórias e memórias de moradores.
Na proposta original, o livro seria lançado por meio de três ações em praças da cidade com a distribuição prévia de panfletos de divulgação e uma mesa de café com broa para um descontraído bate-papo com os moradores e visitantes. Diante da interrupção da proposta pela pandemia do Covid-19 não foi possível realizar esses eventos.
Em dezembro do ano passado, época em que também foi lançado o site do projeto, feito por Gui Capanema, foram realizadas caminhadas audiodescritivas na Savassi e na Lagoinha. A caminhada em Santa Tereza não foi realizada em função da pandemia do novo coronavírus. Agora, a proposta é que o “bh ao pé do ouvido”, coletivo que conduziu as caminhadas e o pensamento de acessibilidade da iniciativa, realize um compilado dos áudios dessas andanças com depoimentos dos participantes e audiodescrição de passagens do livro em formato de um podcast para ser divulgado nas redes sociais e no site do projeto.
Além das fotografias, o site disponibiliza o artigo “A vida na escala da rua”, sobre as políticas de patrimônio, escrito pela fotógrafa e arquiteta urbanista Priscila Musa e pelo produtor cultural Rafael Barros; e pelo texto de apresentação da jornalista Júlia Moysés.
Tombamento – A iniciativa surgiu quando Philippe Albuquerque recebeu um comunicado avisando que sua casa em Santa Tereza (o número 1.145 da rua Salinas) seria um dos 288 imóveis e quatro praças do bairro indicados ao processo de tombamento do Patrimônio Histórico de Belo Horizonte. Esses imóveis vão conformar o tombamento do conjunto urbano do bairro. O comunicado foi o ponto de partida para a realização do projeto.
Sendo assim, a iniciativa surgiu a partir de reflexões sobre o tombamento de imóveis históricos e seus processos nos bairros Lagoinha, Santa Tereza e Savassi. “Começamos por Santa Tereza, esse bairro cercado por trem e avenidas, cheio de memórias preservadas. Depois a Lagoinha, que carrega em si a história da nova capital mineira e convive com o abandono e os planos adversos do planejamento urbano. E por fim desembarcamos na Savassi, a menina dos olhos de BH, que convive com a verticalização e o apagamento através da senha higienizadora do progresso. O resultado é um acervo inédito, composto pelo registro do conjunto urbano desses bairros tão distintos e importantes para a cidade”, assinalam Mirela Persichini e Phillipe Albuquerque.
Os interessados em adquirir o livro “Quanto tempo dura um bairro?” podem realizar a compra pelo Instragram (@quantobairropor) meio do link bit.ly/quantobairro, que traz mais informações sobre o projeto.
Ouça a rádio de Minas