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Marca Nove é selecionada para a Feira Preta da C&A

Marca Nove é selecionada para a Feira Preta da C&A
Crédito: Divulgação

Há apenas dois anos no mercado, a Nove – marca mineira de roupas nascida na internet – é uma das cinco selecionadas para participar da Feira Preta da C&A. A história do seu idealizador, porém, é bem mais antiga. O estilista Athos Henrique passou os primeiros dez anos da carreira trabalhando dentro de fábricas de marcas famosas até que tomasse a decisão de se arriscar no próprio negócio.

“Sempre quis ser estilista, mesmo quando não sabia o que era isso. Quando me formei vi que não ia conseguir ser estilista dentro do mercado formal. Fui para São Paulo e lá eu tive a ideia do projeto. Eram roupas que eu fazia para o meu uso e para expor. Quando voltei para BH, as pessoas queriam as roupas que estavam no projeto, mas elas não existiam. Era a hora de começar a marca. Fiz a primeira coleção, que se esgotou em dois dias. Com o ânimo, vieram também os problemas. Não tinha mais matéria-prima e tive que correr para fazer a segunda coleção em março. Veio a pandemia. Foi um desafio porque eu não tinha caixa, mas começaram os movimentos ‘Compre local’, ‘Apoie os pequenos’ e consegui me manter trabalhando. São coleções muito afetivas. A Nove é uma marca de nicho. De lá pra cá, fiz seis coleções, a mais recente em julho”, relembra Henrique.

A oportunidade na C&A surgiu através de uma conversa informal, quando um amigo indicou um programa de mentoria do Afrolab Moda by Instituto C&A. Dos 379 inscritos, foram selecionados 21 empreendedores para participarem da mentoria. Entre eles, cinco foram escolhidos para estrear na Feira Preta da gigante varejista de moda, em uma ação com a PretaHub – aceleradora do empreendedorismo negro no Brasil -, que leva coleções de seis marcas de empreendedores negros para serem comercializadas no marketplace da varejista, o Galeria C&A.

“Me inscrevi na última hora. Fui selecionado e recebi R$ 4 mil para produzir os protótipos. Nem acreditava naquilo. Um executivo comprou uma peça logo no primeiro dia. Ele foi me pedindo materiais da marca. Depois chamaram para uma reunião. Era a primeira vez que o Instituto C&A ia fazer a Feira Preta, eles queriam fazer um pedido de atacado de produtos próprios. Foi criada uma campanha de lançamento. Ao todo eram 530 peças das seis marcas. No meu caso foram 47 peças. Uma vitória muito grande!”, explica.

Dessa experiência veio o convite para participar do BRIFW – Brazil Immersive Fashion Week, primeira semana de moda e tecnologia da América Latina, criada com o objetivo de abrir espaço para que marcas, artistas e profissionais independentes experimentem outros formatos de criação, produção e apresentação de coleções a partir das novas realidades imersivas. A Nove apresentou sua coleção 06, uma referência a obra de Sun Ra. Músico que deu nome ao movimento afrofuturismo, com o filme e música Space is the Place.

Gravação

Para essa apresentação, o material foi gravado no Espaço Vão – hub criativo no segundo andar do DIÁRIO DO COMÉRCIO – com uma câmera 360, criando uma experiência imersiva através do computador ou do celular. O trabalho contou com a participação de três bailarinos que dançam em roda para criar a sensação de que quem assiste está no centro da experiência.

Agora o estilista vai assumir as áreas de tricô, jeans e malharia de uma grande marca em São Paulo e deve fazer uma pequena pausa na Nove. O objetivo é voltar a apresentar coleções no fim do próximo semestre.

“Tudo o que aconteceu mudou nosso panorama, porque eu venho do mercado de luxo. E poder falar isso sendo um estilista que mora em Ribeirão das Neves é muito bom. Eu nunca trabalhei com outra coisa. Foi muito satisfatório entrar em um espaço tão grande como é o Instituto C&A e a apresentação no BRIFW. Agora eu assumo um novo posto e dou uma paradinha rápida apenas para ajeitar as coisas e já volto com a coleção de meio de ano”, promete o idealizador da Nove.

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