Marcus Viana faz estreia mundial de “Montanhas”

Após 40 anos, o multi-instrumentista Marcus Viana estreia mundialmente a peça “Montanhas” e executa pela primeira vez “País de sonhos verdes” com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) e o Coral Lírico de Minas Gerais (CLMG). O programa ainda conta com clássicos do compositor mineiro, como os temas de abertura das novelas “Pantanal”, “O Clone” e a suíte orquestral do filme “Olga”. Com regência do maestro André Brant, as apresentações acontecem hoje, com entrada gratuita, e amanhã, com ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), respectivamente, às 12h e 20h30, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes.
“Escrevi a peça “Montanhas” há exatos 40 anos e esta vai ser a primeira audição mundial da obra. Estou em um estado de alegria gigantesco. Também vai ser a primeira vez que apresento a peça “País dos sonhos verdes” em concerto”, explica, orgulhoso, Marcus Viana. O compositor apresenta em primeira mão as duas obras que compõem a “Cantata Sinfônica – A memória do futuro”, no também inédito “Concerto Acústico”.
Composta em 1982, a peça “Montanhas”, que ganha o mundo só agora em 2022, é uma obra filosófica, segundo o compositor. “Parto de um jovem escutando um idoso e uma criança, que discorrem sobre histórias de vida, sobre o embate entre o passado, o presente e o futuro. É uma peça grandiosa, que precisa de uma orquestra completa e de um coro inteiro para que possa ser executada”, pontua Marcus Viana. A inédita peça teve que ser reconstruída a partir de fragmentos, já que o rolo com a fita original se perdeu em meados da década de 1980. “Como o único registro fonográfico da obra foi perdido, tive que recompor todos os fragmentos lítero-musicais. Contei com a ajuda do meu filho João Viana, que assina a orquestração da obra”, explica Marcus.
Para a apresentação, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG) contará com 75 instrumentistas e será acompanhada por 65 coralistas do Coral Lírico de Minas Gerais (CLMG). “É uma honra e uma felicidade poder apresentar as duas peças, de forma inédita, acompanhado da Orquestra Sinfônica e do Coral Lírico de Minas Gerais. Minha história na música começa justamente na OSMG, quando toquei de 1977 a 1984. Aprendi a ser músico e a escrever para orquestra participando deste corpo artístico tão importante. Minha experiência na OSMG foi sobretudo de formação, pois sou um músico autodidata”, explica o compositor.
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Para André Brant, regente assistente da OSMG e responsável por conduzir tanto a Orquestra Sinfônica quanto o Coral Lírico de Minas Gerais nos dois concertos com Marcus Viana, o trabalho de orquestração das peças é primoroso e requer a presença completa dos dois corpos artísticos da Fundação Clóvis Salgado. “Reger os dois grupos é sempre muito emocionante, principalmente quando se tem uma obra grandiosa quanto às que Marcus Viana estreia mundialmente conosco. Estou certo de que as peças vão causar um impacto muito grande. As duas possuem uma massa e densidade sonora muito ricas”, pontua André Brant.
Preservação ambiental
Outra peça a ganhar vida pela primeira vez em concerto é “País dos sonhos verdes”. “A obra flerta com a psicodelia. A narrativa traz um indivíduo acordando de um sonho em um mundo em que o verde está intacto e só existem os povos nômades, selvagens. Escrevi a peça em homenagem à vocação brasileira para preservar a natureza. Mesmo que isso tenha se perdido um pouco, ainda temos a maior floresta do mundo. Ainda temos um reino verde e precisamos preservá-lo”, avalia Marcus Viana, que pensa em um momento futuro apresentar “País de sonhos verdes” também em formato multimídia devido ao caráter quase operístico da obra.
João Viana, filho de Marcus, multi-instrumentista e compositor formado em composição pela UFMG, assina a orquestração das obras inéditas. Além disso, João apresenta um movimento de uma peça sinfônica inédita de autoria própria. “Este é um concerto de pai e filho. João virou coautor dos movimentos da cantata, fez toda a orquestração e o trabalho que executou é incrível. É um orgulho poder tocar com ele e ver o quanto ele é um compositor, orquestrador e instrumentista exímio”, diz Marcus Viana.
O programa ainda vai contar com algumas das aclamadas trilhas sonoras compostas por Viana, como a suíte orquestral do filme “Olga”, o tema de abertura da minissérie “Chiquinha Gonzaga” e, é claro, “A Miragem”, tema de amor da novela “O Clone”. “Os filhos dos filhos dos filhos dos nossos filhos verão”, tema de “Pantanal”, que sintetiza a fé do compositor na vitória dos antigos ideais humanos de fraternidade e igualdade, regidas pela consciência de preservação planetária, também será executada. “Pátria Minas”, antigo tema do programa “Terra de Minas”, faz parte do repertório. Assim como “Divertimento para Flauta e Orquestra de Cordas em Ré Menor”, em primeira audição mundial, tendo como solista o flautista Alef Caetano, da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais.
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