Memorial Brumadinho recebe primeiro espetáculo: ‘Zona de Sacrifício’

Um espaço de memória para reverenciar 272 pessoas que morreram na maior tragédia ambiental do Brasil e uma das maiores do mundo. Hoje, elas são homenageadas em 272 ipês amarelos plantados em um bosque no Memorial Brumadinho, fruto da mobilização dos familiares para salvaguardar segmentos corporais das vítimas e honrá-las depois do rompimento da barragem B1 da Mina de Córrego do Feijão, em 2010, na cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

E o Memorial Brumadinho vai receber, pela primeira vez, uma apresentação artística: o espetáculo teatral “Zona de Sacrifício”, interpretado pela atriz Carolina Correa e com direção e dramaturgia de Laura Duarte. A peça será neste sábado (26), às 17h, e aborda os impactos sociais, ambientais e culturais da mineração em Minas Gerais, unindo diferentes linguagens artísticas.

A entrada é gratuita e os ingressos podem ser retirados na bilheteria ou no site do espaço. No sábado, o Memorial Brumadinho ficará aberto até as 19h e a entrada será permitida até as 17h.

Exibição internacional

Após ser exibido no Chile, na França, em São Paulo e Tiradentes, o espetáculo chega a Brumadinho trazendo discussões difíceis e reabrindo “feridas” ao Memorial, como o impacto socioambiental gerado pelo extrativismo mineral, com ênfase nos danos provocados pelas barragens de rejeitos.

“Zona de Sacrifício” se desdobra em três movimentos distintos que, juntos, buscam provocar uma reflexão sobre a mineração e suas repercussões. O primeiro levanta a questão: “E se a mineração fosse um deus?”, explorando os sacrifícios exigidos por essa divindade em um contexto de surrealismo grotesco. O segundo movimento enfoca a linguagem publicitária das empresas mineradoras. O terceiro e último aborda os depoimentos de moradores do interior mineiro, trazendo à tona as experiências e realidades daqueles diretamente afetados pelos crimes ambientais.

A peça mescla dança, teatro e performance em um momento de sensibilização sobre o que ocorreu no local do Memorial e também em Mariana. Unindo diferentes linguagens artísticas, “Zona de Sacrifício” conta, ainda, com imagens e registros cedidos por outros artistas, como Bruno Veiga, Julia Pontes, Pedro de Filippis, Lucas Bambozzi, Clarissa Campolina, Chris Tassis e André Hallak. A direção de imagens de João Borges.

Com um projeto arquitetônico premiado internacionalmente e assinado pelo escritório Gustavo Penna Arquitetos Associados, o Memorial preserva a história e promove ações educativas. Localizado no próprio local do rompimento, ele se tornou um símbolo de reverência, cuidado e diálogo com a comunidade e visitantes. O local é uma realização da Fundação Memorial de Brumadinho.