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Mercado de joias espera avanço de 7% em 2021

Mercado de joias espera avanço de 7% em 2021
Luiza Hermeto e Fernanda Salomão são idealizadoras do Criadouro e têm marcas próprias de joias - Crédito: Arquivo Pessoal

A arte de transformar pedras e metais brutos em valiosas e encantadoras joias passa pelas mãos de diversos profissionais. Com a aproximação dos Dias do Joalheiro e do Ourives, comemorados em 15 novembro e 1º de dezembro, respectivamente, os profissionais do setor devem vivenciar um cenário positivo, de crescimento em relação ao ano anterior.

Essa é uma confirmação da projeção prevista, em maio deste ano, pelo Sindicato das Indústrias de Joalherias, Ourivesarias, Lapidações e Obras de Pedras Preciosas, Relojoarias, Folheados de Metais Preciosos e Bijuterias no Estado de Minas Gerais (Sindijoias-MG).

De acordo com Manoel Bernardes, presidente do Sindijoias-MG, em meio à base de comparação já deprimida devido ao longo período de fechamento do comércio em 2020, o mercado aponta para a direção de crescimento de 7% até o final deste ano. “Essa não é uma meta ambiciosa demais, por isso acreditamos que a previsão vai acontecer”, disse Bernardes. 

As profissões 

Designers de joias, joalheiros, ourives. Mas afinal: qual o papel de cada um nessa indústria mágica que perpassa a brutalidade da fundição e a delicadeza dos detalhes? Conforme aponta Fernanda Salomão, especialista em design de joias e ourivesaria, essas funções podem ser exercidas por um mesmo profissional, mas a separação acontece de acordo com as etapas de criação e execução do produto final

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“O designer de joias é responsável pelo desenho, mas ele também pode fazer o trabalho da banca, que é a execução da peça e a função do ourives. E o joalheiro vem como uma junção de tudo: ele faz a venda, o atendimento, sabe dos processos de produção como um todo, ele desenha, ele tem uma noção global”, afirma Salomão. 

Fundição de material bruto dá origem a joias capazes de encantar a todos os gostos – Crédito: Divulgação

Fernanda Salomão atua no mercado como ourives há quase 10 anos. Após vivenciar a arquitetura, área na qual também é formada, a artista decidiu reviver os caminhos que a infância sempre apontou. “A primeira peça de joia que eu desenhei foi aos 15 anos. Após me formar em arquitetura, eu fiz meu primeiro curso de ourivesaria e desenho em Florença, na Itália. E quando eu voltei soube que aquilo era o que queria para minha vida”, conta. 

Prestes a completar 9 anos, a CasaNanda, marca de joias de Fernanda Salomão é a fonte de renda principal da artista junto ao Criadouro, espaço compartilhado com Luiza Hermeto e pessoas que estão em busca do fazer enquanto profissão ou hobby. Hoje, o trabalho de Salomão se concentra, principalmente, na produção de peças personalizadas. 

“O meu trabalho está 90% voltado para joias que contam histórias, que tem representação para a pessoa que usa, uma conexão. Eu trabalho também com uma linha terapêutica, astrológica, com pedras naturais que simbolizam a proteção espiritual, acrescenta Salomão. 

Compartilhando saberes e sonhos

Fernanda Salomão e a sócia, e também ourives, Luiza  se encontraram, em 2014, durante o curso de pós-graduação de Design em Gemas e Joias da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais. 

Para Luiza Hermeto, os trabalhos manuais sempre estiveram presentes em sua trajetória: “na primeira série eu fazia pulseiras com miçanguinhas para vender”, conta. Após fazer graduação em design gráfico, a artista percebeu que o manual era o que movia seu interesse e desde então se debruçou sobre a joalheria, sendo que em 2013 começou a trabalhar com a produção de joias em sua marca própria: a Hermética

Com o objetivo de fortalecer o trabalho da ourivesaria e de ajudar mais pessoas que seguem a profissão, Fernanda e Luiza idealizaram e criaram um espaço colaborativo, em 2018, onde acontecem trocas e experiências sobre a cadeia de fornecedores, conhecimentos técnicos sobre o fazer e os profissionais têm acesso às bancas e às ferramentas necessárias para a execução dos produtos finais. 

Hoje, à frente do Criadouro, as sócias apostam no compartilhamento para ver o setor crescer. “A palavra compartilhar nos define porque quando a gente começou a gente se viu em um momento de necessidade de trabalhar fora de casa, e juntas montamos uma oficina. E foi aí que as pessoas começaram a nos procurar para usar o espaço. As portas das joalherias em Minas são muito fechadas, as pessoas não gostam de falar dos fornecedores. E a gente quis fazer o contrário. E se a gente puder promover a profissão, fazer uma rede de parceria, isso só vai agregar mais e fazer com que o mercado cresça”, avalia Luiza. 

Além dos profissionais, Fernanda Salomão lembra, ainda, que o espaço recebe pessoas que querem fazer desde pequenos consertos até aquelas que querem experimentar ou fazer suas próprias joias e agregar valor às peças. “Nós já recebemos pessoas com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e o resultado após a prática foi incrível, porque é um trabalho no qual você precisa ter muito foco. E ampliar as experiências faz parte do nosso propósito”, diz a ourives. 

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