Minas Trend apresenta “O papel do tempo”

Reminiscências e idealizações se fundem em um cenário onírico em “O papel do tempo”, exposição que insere o Minascentro no epicentro da moda para celebrar os 15 anos de uma bem-sucedida trajetória do maior salão de negócios da América Latina, o Minas Trend. A mostra, que abre a 28ª edição do evento, e fica em cartaz de 2 a 4 de novembro, na sequência, migra para outro icônico endereço, o Museu da Moda de Belo Horizonte (Mumo).
O desafio de remontar uma década e meia repleta de memórias, simbolismos e transformações fica a cargo da tarimbada Mary Figueiredo Arantes, que assina a curadoria da exposição, e tem como aliado nessa empreitada o estilista Luiz Cláudio Silva, da grife Apartamento 03, com 16 anos de estrada, parte deles consolidados nas passarelas do Minas Trend.
Para compor o trio na execução de “O papel do tempo”, entra em cena a jovem arquiteta Ana Clara Escuciato (foto), que estreou no Minas Trend na edição passada, como curadora da exposição “Entretecer”, um enlace entre a moda e a arte, com participação do estilista Victor Dzenk e o artista Léo Brizola.
Da interlocução entre esses três profissionais que somam experiências distintas vivenciadas no evento, nasceu “O papel do tempo”, exposição, que segundo Mary, não contará com uma linha linear, ao contrário, tem a missão de surpreender o visitante, revelando a fragilidade e a fugacidade tanto do papel quanto da moda.
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“O tempo e seus ciclos são o ponto de partida para o evento que sempre privilegiou questões relevantes ao planeta, como a água, o oxigênio e a sustentabilidade. A pergunta que se faz agora é sobre a necessidade de superproduções na moda atual, gerando resíduos poluentes ao meio ambiente”, incita Mary, defensora da estética do reaproveitamento em suas coleções e desfiles da marca Mary Design em edições anteriores do Minas Trend.
A atmosfera onírica, e ao mesmo tempo, lúdica, de acordo com Ana Clara, ocupará 110 metros quadrados de um dos corredores do centro de convenções, dando a ideia de um túnel do tempo, além de propor um diálogo entre o que está sendo mostrado e a arquitetura neoclássica do espaço.
Interatividade
Para Mary, a ideia inicial era pendurar os manequins no teto para que ficassem imensos e a roupa de papel se arrastasse pelo chão, mas como o prédio é tombado (o Minascentro é patrimônio histórico de Belo Horizonte), ela optou por utilizar totens de 50 e 70 centímetros, chegando a quase um metro de altura, para mostrar o crescimento do evento ao longo de 15 anos.
“A ideia remete a um portal, onde os manequins, enfileirados e dispostos em triangulação, permitem que o visitante percorra esse cenário, contorne cada modelo e interaja com a indumentária. Haverá ainda uma arara com cabides, como um closet imaginário, onde serão dependurados moldes, a maioria usados, e croquis enviados pelas marcas para os 15 anos do evento. Em outra parede haverá projeção de um vídeo contendo flashes de momentos do Minas Trend, mesclados com depoimentos de caráter documental”, conta a arquiteta.
“A interação também estará presente no painel inspirado em fitas do Senhor do Bonfim, contendo cadarços em sarja onde se penduram etiquetas de marcas que fizeram história no evento, além de canetas que instigam o visitante a deixar sua assinatura como forma de fazer parte da celebração de 15 anos”, revela Mary.
Já o papel – aquele usado em croqui, para modelar ou plissar uma peça – ganha um significado especial na exposição, sendo utilizado como roupas criadas por Luiz Cláudio e que irão vestir 18 manequins em tamanho gigante e com cabeças de abajur-túnel de canudinhos de jornal costurados e tramados a mão, trabalho executado pelo artista Ronaldo Lima, destacando a importância da reciclagem e do artesanato na exposição.
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