Mostra exibe filmes com ótimas trilhas sonoras

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura, realiza, a partir de hoje e até 30 de junho, no Cine Santa Tereza, a mostra “Sonoridades: trilhas e canções marcantes”, que destaca o trabalho sonoro e musical desenvolvido em 26 filmes clássicos e contemporâneos da cinematografia norte-americana. As sessões acontecem de terça a domingo e têm entrada gratuita. A programação completa pode ser consultada no Portal Belo Horizonte.
“A equipe do Cine Santa Tereza preparou uma programação que exalta o conjunto de sons e músicas que compõem as trilhas de clássicos do cinema americano”, afirma Aline Vila Real, diretora de Promoção das Artes.
É ao som do trompete da trilha composta por Nino Rota que adentramos o universo imortalizado por Francis Ford Coppola em sua adaptação da história de Mário Puzo, “O Poderoso Chefão” (1972). Os meandros que envolvem a saga de duas gerações da família Corleone, em meio ao poder, ações criminosas e intensas e conflituosas relações familiares, transformaram-se num clássico absoluto do cinema mundial e deram origem a uma trilogia cultuada. Em 2022, a origem dessa saga comemora 50 anos. Nada mais justo que homenageá-la, com a exibição da trilogia completa, numa mostra que destaca trilhas sonoras e canções marcantes.
Nino Rota já era famoso e um compositor de destaque no cinema italiano por suas parcerias com Zefirelli, Visconti, Monicelli e, principalmente, Fellini, quando brilhou pelo trabalho desenvolvido nos dois primeiros filmes da saga. Na sua carreira constam mais de 150 partituras para produções fílmicas e ainda óperas, ballets e produções teatrais.
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Seu compatriota, Ennio Morricone foi outro que deixou uma vasta contribuição musical para o cinema, tendo composto trilhas memoráveis, como os trabalhos desenvolvidos em produções de Sérgio Leone, em especial “Três Homens em Conflito” (1966) e “Era uma Vez no Oeste” (1968); Rolland Joffé, em “A Missão” (1986); Giuseppe Tornatore, em “Cinema Paradiso” (1988); dentre outros. Sua presença na mostra se dá por meio de um de seus exitosos trabalhos, “Os Intocáveis” (1987), de Brian de Palma.
A versatilidade e onipresença de John Williams em grandes sucessos americanos é destacada por três trilhas icônicas: “Tubarão” (1975), “A Lista de Schindler”(1993) e “ET – o extraterrestre” (foto), de 1982, este em duas versões: dublado e legendado -. Um dos recordistas de indicações ao Oscar da área – mais de 50 – Williams conseguiu o feito de deixar sua marca autoral na indústria do cinema, com uma contribuição que impactou significativamente para o sucesso dos filmes. Quem não se lembra das duas notas sinistras de “O Tubarão”, que se tornou a marca registrada do mesmo, ou não se emocionou com o voo de bicicleta em “ET- O extraterreste”?
O compositor e músico grego Vangelis não poderia ficar de fora. Seu trabalho em “Carruagens de Fogo” (1981) se transformou na trilha de eventos esportivos mundo afora e um ano depois “Blade Runner” (1982) chegava às telonas com sua trilha futurista e memorável. Para homenageá-lo, cuja morte ocorreu em maio deste ano, “Blade Runner – O Caçador de Androides” (1982) será exibido em dose dupla.
Bernard Hermann, compositor nova-iorquino que se tornou um dos parceiros mais constantes de Alfred Hitchcock, está presente com dois trabalhos: “Psicose” (1960) e “Os Pássaros” (1963). No primeiro, marcou época e inaugurou um estilo, sendo o tenso violino da famosa cena do chuveiro um clássico do suspense que evidenciou mais ainda a importância do elemento sonoro para a narrativa fílmica. No segundo, um filme sem músicas, foi creditado como consultor de som, pela sonoridade desenvolvida, que acompanhava cada aparição dos estranhos pássaros que surgiam e desapareciam sem explicação. num trabalho que se pautou por um misto de originalidade e ousadia.
Canções que marcaram época e se tornaram queridas para os espectadores e cinéfilos também comparecem por meio de alguns filmes clássicos e contemporâneos como “Casablanca” (1942), “Bonequinha de Luxo” (1961), “Cantando na Chuva” (1952), além de duas versões de “Nasce uma Estrela” (1976), com Barbra Streisand,, e a de 2018, com Lady Gaga. Curiosamente, as duas ganharam o Oscar de melhor canção, integrando o ainda pequeno grupo de mulheres laureadas pelo prêmio da grande indústria.
Alguns diretores têm um trabalho especialmente cuidadoso com suas escolhas sonoras. A bricolagem pop de Quentin Tarantino sempre passa pela música, elemento essencial para sua narrativa, assim como para as narrativas de Spike Lee, Stanley Kubrick, Paul Thomas Andersen, Sofia Coppola e Alan Parker. Eles estão representados, respectivamente, pelos filmes: “Pulp Fiction” (1994), “Faça a Coisa Certa” (1989), “Infiltrado na Klan” (2018), “2001-uma odisseia no espaço” (1968), “Laranja Mecânica” (1971)), “Trama Fantasma” (2018), “Encontros e Desencontros” (2003) e “Fama” (1980)). Trama Fantasma, em especial, foi uma das contribuições para o cinema de Jonny Greenwood, integrante da banda britânica Radiohead, que mais tarde brilharia na bela trilha de “Ataque dos Cães” (2021) de Jane Campion.
Para finalizar, um tour nostálgico pelo tempo: o rock dos anos 1950 e o balanço da era das discotecas comparecem com dois filmes marcados pelo carisma e dança de John Travolta, “Grease – nos tempos da Brilhantina” (1978) e “Embalos de Sábado à Noite” (1977).
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