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Mostra reúne filmes feitos em quilombos

Mostra reúne filmes feitos em quilombos
Crédito: Divulgação

A partir deste sábado (22) e até 5 de setembro, será realizada a “1ª Mostra de Cinema dos Quilombos”, totalmente on-line e gratuita, resultado parcial da pesquisa/levantamento iniciada em junho deste ano em parceria com as pesquisadoras Alessandra Brito e Maya Quilolo sobre o cinema feito nos quilombos no Brasil.

A mostra recebeu mais de 40 inscrições de filmes realizados em quilombos, dirigidos por realizadores quilombolas, negros e brancos aliados às lutas antirracistas no País. As inscrições continuam abertas e podem ser feitas no site. O objetivo do evento é mostrar a diversidade dos quilombos brasileiros existentes no campo e nas grandes cidades.

A iniciativa pretende ampliar a visibilidade da pauta quilombola e dos processos de resistência dessas comunidades num cenário de crescentes ataques aos seus direitos constitucionais. “Esperamos que esse levantamento amplo da produção de cinema nos quilombos assente as reflexões sobre as vivências e resistências dessas comunidades que, juntamente com os povos originários indígenas, comportam as manifestações profundas do que chamamos de povo brasileiro”, diz Maya Quilolo, quilombola e curadora da mostra.

A 1ª Mostra de Cinema dos Quilombos contará com exibição de filmes, lançamento on-line do curta “Nove águas” (2019), de Gabriel Martins, e “Quilombo dos Marques” e lives com os cineastas quilombolas e realizadores dos filmes no canal do Cinecipó. Compõem a programação do evento os filmes “Sonhos de um negro” (2004), dirigido por Danilo Candombe, uma das primeiras ficções dirigida por um quilombola; “A Sússia” (2018), de Lucrécia Dias; “As contas do Rosário”(2020), de Maycol Mundoca; “Blackout”(foto), de 2016, com direção coletiva de Adalmir José da Silva, Felipe Peres Calheiros, Francisco Mendes, Jocicleide Valdeci de Oliveira, Jocilene Valdeci de Oliveira, Martinho Mendes, Paulo Sano, Sérgio Santos, quilombolas dos Quilombos de Conceição Crioulas, Salgueiro e demais territórios do sertão brasileiro; “Olhar caiçara na comunidade quilombola” e “Olhar quilombola na comunidade indígena” (2018) com direção coletiva de Rafaela Araujo, Marina Albino, Alexandro Kuary, Patricia, Bianca Lucio, Eduardo xexeu, Antonio Garcia, Fabio Martins, Rafael Guedes.

A escolha do mês de agosto para a realização da 1ª Mostra de Cinema dos Quilombos visa homenagear dois marcos fundamentais na discussão étnico-racial no Brasil. A criação da Fundação Palmares em 22 de agosto de 1988, principal instituição pública responsável pela promoção e preservação da arte e da cultura afro-brasileira e pela certificação das comunidades quilombolas, que em seus 32 anos de existência registrou mais de 3.168 comunidades quilombolas; e a outra data é o 31 de agosto, aniversário da Conferência de Durban, ocorrida em 2011 na África do Sul e que reuniu mais 173 países e 16 mil delegados.

A Conferência de Durban foi de extrema importância para o reconhecimento internacional do que hoje conhecemos como Estatuto da Igualdade Racial e Políticas Afirmativas. O campo do cinema ainda enfrenta dificuldades para garantir o acesso ao cinema às comunidades negras e indígenas. “Filmes como ‘Blackout’ e ‘Nove águas’ têm em comum o fato de serem realizados em contextos de oficinas e a presença destas obras na mostra chama a atenção para a necessidade de que se ampliem as atividades formativas em audiovisual nas comunidades tradicionais”, explica Cardes Amâncio, coordenador da mostra.

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