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Mostra reúne 29 filmes do japonês Yasujiro Ozu

O Cine Humberto Mauro promove a retrospectiva “A rotina tem seu encanto: 120 anos de Ozu”, com 29 filmes
Mostra reúne 29 filmes do japonês Yasujiro Ozu
Crédito: Yasujiro Ozu

O mais japonês dos cineastas. Ao mesmo tempo, o mais universal dos japoneses. Há 120 anos, em um 12 de dezembro, nascia Yasujiro Ozu. O realizador viveu por 60 anos, e então faleceu no mesmo dia em que havia chegado ao mundo. Seis décadas depois de sua morte, a Fundação Clóvis Salgado apresenta uma homenagem ao grande mestre japonês. Para celebrar uma vida e uma obra tão complexa quanto discreta, a data escolhida não poderia ser outra. A partir de hoje, o Cine Humberto Mauro promove a retrospectiva “A rotina tem seu encanto: 120 anos de Ozu”, com 29 filmes – 12 dos quais também estarão disponíveis na plataforma cineHumbertoMauroMAIS – que cobrem mais de 30 anos de sua prolífica carreira.

A mostra prossegue até o dia 29 de dezembro, trazendo obras em diversos formatos, incluindo exemplares em película 16 mm. A programação também contempla trabalhos de outros cineastas que estabeleceram algum tipo de diálogo com a obra do diretor japonês, como o iraniano Abbas Kiarostami, o norte-americano Leo McCarey, o alemão Wim Wenders, a paraguaia Paz Encina e, em especial, o mineiro André Novais Oliveira. A entrada no Cine Humberto Mauro é gratuita, com retirada de ingressos a partir de 1 hora antes das sessões, na bilheteria do cinema.

Como complemento aos filmes, a mostra conta com sessões comentadas, debates e palestras. Dentre os convidados estão os professores e pesquisadores Denilson Lopes (UFRJ) e Mariana Souto (UnB), o cineasta e jornalista Gabriel Carneiro (Unicamp), o pesquisador Luiz Fernando Coutinho (UFMG), o curador, diretor e pesquisador Ewerton Belico e, de forma on-line, a professora e cineasta paraguaia Paz Encina. A retrospectiva ainda será marcada pelo lançamento de um caderno de crítica desenvolvido especialmente para esta ocasião, proporcionando uma experiência mais rica e enriquecedora para o público a partir do encontro com as obras singulares de Ozu, como “Dias de Juventude” (1929), “Filho Único” (1936), “Pai e Filha” (1949), “Ervas Flutuantes (1959)”, “A Rotina tem seu Encanto” (1962), e aquela que é considerada sua obra-prima, “Era uma vez em Tóquio” (1953), dentre outros.

Sutileza poética

O estilo de Yasujiro Ozu pode ser reconhecido tanto pela simplicidade narrativa e visual quanto pela complexidade que se forma na sutileza poética com a qual o cineasta tratou de uma série de questões profundamente humanas, como a solidão, as relações familiares, o envelhecimento, as transformações sociais e os embates entre tradição e modernidade. Todas temáticas universais, mas que giram em torno de um referencial temático claro: a (re)formação da identidade cultural do povo japonês. “Entre o particular e o geral, o rotineiro e o encantador, a discrição estética e a sensibilidade humana, Ozu trilhou um caminho muito próprio na História do Cinema. E foi seguido. Seu legado inspirou artistas por todo o mundo”, destaca Rodrigo Azevedo, produtor do Cine Humberto e colaborador na curadoria da mostra. 

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Além de um conjunto representativo de longas-metragens realizados pelo diretor, a retrospectiva “A rotina tem seu encanto: 120 anos de Ozu” vai além, buscando ecos do trabalho do cineasta. Da francesa Claire Denis ao brasileiro Ozualdo Candeias, do português Pedro Costa ao sul-coreano Hong Sang-soo, a influência de Ozu será compreendida não apenas por comparação, mas pela riqueza de seus desdobramentos. O destaque fica com André Novais Oliveira, cineasta da produtora Filmes de Plástico, considerado um dos mais importantes realizadores contemporâneos do Brasil. A conexão Novais-Ozu revela não só uma afinidade poética – em especial no olhar sobre o cotidiano e as relações diárias –, mas também entre culturas, povos e representações. De Novais, serão exibidos os longas-metragens “Ela Volta na Quinta” (2014), “Temporada” (2018) e o recém-lançado “O Dia Que Te Conheci” (2023).

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