Variedades

“Nasci pra ser Dercy” em cartaz neste fim de semana no Sesc Palladium

Espetáculo une o apelo popular e o carisma de Dercy sobre um tema muito importante no âmbito teatral: a liberdade feminina
“Nasci pra ser Dercy” em cartaz neste fim de semana no Sesc Palladium
Apresentação será neste sábado (24), às 20h30, e domingo (25), às 19h | Crédito: Heloisa Bortz

Monólogo, com voz em off de Miguel Falabella, presta homenagem a Dercy Gonçalves, artista que rompeu padrões e inaugurou uma representação genuinamente brasileira nos palcos. Sucesso de público e crítica, com sessões lotadas deste a esteia, o espetáculo saí em turnê pelo Brasil. Belo Horizonte recebe a montagem para curtíssima temporada, neste sábado (24), às 20h30, e domingo (25), às 19h, no Grande Teatro do Sesc Palladium.

Dercy Gonçalves faleceu há 15 anos, em 2008, aos 101 anos, sem que jamais tenha havido nos palcos brasileiros uma peça que a homenageasse. Até agora! O monólogo “Nasci pra ser Dercy”, estrelado por Grace Gianoukas – uma das damas do humor brasileiro – e escrito e dirigido por Kiko Rieser, presta uma homenagem a Dercy Gonçalves, uma das maiores atrizes do século XX. O espetáculo estreou no dia 13 de janeiro de 2023, no Teatro Itália Bandeirantes, em São Paulo, com grande sucesso de público e crítica.

“Dercy Gonçalves é retratada quase sempre como apenas uma velha louca que falava palavrão”, fala Kiko Rieser, que no texto procura revelar ao público a mulher grandiosa e complexa que ela foi. “Uma atriz vinda do teatro de revista que recriou a comédia brasileira. Uma mulher que era chamada de puta, mas que casou e enviuvou virgem, iconoclasta e devota, libertária, mas avessa a qualquer bandeira, inclassificável e singular”, completa o autor.

O texto de “Nasci pra ser Dercy” une o apelo popular e o carisma de Dercy a uma profunda pesquisa que mostra a importância, muitas vezes ignorada, da atriz para o teatro brasileiro e para a liberdade feminina, bem como sua inquestionável singularidade.

“É uma enorme responsabilidade viver Dercy no palco. Jamais me imaginei interpretando uma personagem real, tão viva na memória de todos. Ela é um ícone, uma mulher pioneira, revolucionária, uma atriz de personalidade única, que criou um estilo brasileiro de interpretação e que construiu e instalou, ao lado de outros ícones, o conceito de graça e bom humor vigente até hoje”, diz Grace Gianoukas.

Vedete – Dercy não cabia em rótulo algum. Desbocada e defensora da mais profunda liberdade, era muito recatada em sua vida íntima. Contestava frontalmente a censura da ditadura militar, mas se recusava terminantemente a levantar bandeiras políticas específicas que não fossem a da irrestrita liberdade e do respeito a todas as formas de existir.

A atriz se consagrou como vedete do Teatro de Revista, mas sua maior contribuição ao nosso teatro se deu ao levar essa expertise para a comédia popular, que ela revolucionou inteiramente, trazendo textos fundamentais para o Brasil e instaurando uma nova forma de interpretar, que rompia com todos os padrões e inaugurava em nossos palcos uma representação genuinamente brasileira. Amada por quase todo o país, Dercy Gonçalves é uma figura largamente reconhecida, mas pouco conhecida de fato.

Com uma peruca, um cenário do Teatro de Revista – que remonta o início da trajetória de Dercy, holofotes e a voz em off de Miguel Falabella, a peça acontece sem a pretensão de ser uma biografia. Kiko Rieser não tem a preocupação de seguir um percurso cronológico e, assim, o texto avança pelas lembranças da artista, aleatoriamente, humanizando suas escolhas, decisões e despudor.

O espetáculo começa com a personagem Vera, uma atriz que entra no estúdio para fazer o teste para o papel de Dercy Gonçalves em um filme. Conforme suas falas vão surgindo, ela se revolta contra o roteiro, cheio de estereótipos. Sua mãe era grande fã de Dercy e por isso Vera cresceu influenciada pelo exemplo da icônica atriz. Ela, então, transforma-se em Dercy e começa a mostrar quem realmente foi essa mulher à frente de seu tempo.

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