Nerd Experience abre as portas para geek sair de nicho e se tornar uma cultura
Com estandes das famosas “action figures”, camisetas, mangás (as revistas em quadrinho), canecas e até espadas, o Minas Shopping recebeu, no último fim de semana, a 9ª edição do Nerd Experience.
O festival geek e nerd, com muito conteúdo da cultura pop e asiática, reuniu em Belo Horizonte cerca de 7 mil pessoas nos dois dias, mais do que o dobro da edição passada, superando a expectativa dos organizadores.
Mas por que fazer um evento em Minas Gerais? O organizador do Nerd Experience, Ado Viana, em entrevista exclusiva para o DIÁRIO DO COMÉRCIO, conta que o mercado geek mineiro é difícil, mas bem forte.
Por muitos anos, Minas foi palco do Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), que já foi eleito o principal evento de histórias em quadrinhos no Brasil e, em 2011, superou a marca de visitantes de eventos como a Comic-Con San Diego, passando a ser considerado o maior evento de quadrinhos da América. Desta forma, o organizador acredita que Minas tem um público adormecido muito grande e com potencial.
Apesar de o público-alvo do NXP ser jovens dos 15 aos 25 anos, também são as pessoas que estão no mercado criativo – de produção de conteúdo – que consomem muita tecnologia, cursos – sendo de línguas ou profissionalizantes de design, informática, edição de vídeo – e redes sociais; o planejamento do próximo NXP, portanto, promete focar isso.
“Nas próximas edições, a gente quer trabalhar o mercado criativo, trabalhar a indústria de tecnologia e inovação, robótica, que tem tudo a ver com a gente também”, declara Ado.
O NXP, como é conhecido entre os frequentadores, aliás, tem dobrado o público a cada edição, além de estar aumentando o faturamento na mesma proporção. O investimento também cresceu significativamente para a produção do evento neste ano, cerca de dez vezes da 8ª para a 9ª edição.
Os recursos foram direcionados para o aluguel do espaço e também o cachê das atrações, que foram as estrelas deste final de semana: o comediante e youtuber Marcos Castro; o dublador Guilherme Briggs; os casais Kai e Aline e Wan e Ana, que falam sobre a mistura da cultura brasileira com a malaia e com a coreana, respectivamente; o youtuber Muca Muriçoca; e outros.
Mais NXP à vista ainda este ano
Com o crescimento tanto do público e do faturamento quanto do investimento no evento, o NXP está se tornando cada vez mais famoso. Sendo um evento anual, diferente do FIQ, que é bienal, o Nerd Experience se populariza por ter um público mais abrangente, já que fala de tecnologias, animes, mangás e cultura pop e asiática em geral.
O produtor revelou que houve um aumento no preço dos ingressos da última edição para essa, mas que o público entendeu que o maior custo é revertido para ele próprio, com uma oferta diversificada de atrações especialmente pensadas para esse nicho.
Ado Viana contou também que já recebeu convites para fazer o NXP em cidades como Cuiabá (MT) e Salvador (BA) mais de uma vez.
Sobre a próxima edição do evento, o produtor disse que vai ser muito especial, já que vai ser a 10ª. “A gente está pensando ainda para este ano um evento tão grande quanto esse, talvez ainda maior, com grandes atrações que a gente já começou a negociar com bastante antecedência. Então, o pessoal pode ficar ligadinho que vai ter notícia boa”.
“O momento é agora”
O produtor afirma que o Brasil tem vários eventos geeks, mas Minas Gerais ainda não tinha um tão grande quanto o NXP, que quer trazer cada vez mais empresas e investimentos, planejando negócios com os streamings Netflix, Disney+ e Paramount. “Nosso plano pro futuro é nos tornarmos um espaço de conexão do nerd e do geek com as pessoas que fazem e produzem as coisas que a gente ama”.
Mas afinal, o que é ser geek? Para Ado, é gostar muito de alguma coisa e ser aficcionado com ela, estudar sobre ela. Ele diz que tem como ser geek e nerd de qualquer coisa, então sempre vão ter muitas oportunidades nesse mercado, que com certeza está ficando cada vez mais amplo.
Um exemplo de uma facilitadora desse mercado é a internet, já que, com os algoritmos, ela mostra muito do que gostamos e consumimos, o que torna mais fácil chegar às pessoas com gostos semelhantes. A partir daí, só é preciso saber como se comunicar com elas – e criar um evento. Junto a ela, segundo Ado, há gigantes do streaming como a Netflix e uma série de canais e espaços que abrem portas para o geek deixar de ser um nicho e se tornar uma cultura.
*Estagiária sob supervisão da edição.
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