Nos cento e vinte anos do acadêmico Juscelino Kubitschek

Eleito em 1974 na sucessão de Nilo Aparecida Pinto, Juscelino Kubitschek tomou posse na cadeira de número trinta e quatro da Academia Mineira de Letras (AML) em concorrida sessão realizada na sede da Associação Médica de Minas Gerais (àquela época, a AML ainda não dispunha da espaçosa sede da rua da Bahia). O ex-presidente morreria pouco depois, em agosto de 76, em acidente automobilístico que também tirou a vida de seu fiel motorista, Geraldo Ribeiro. Mesmo passados tantos anos de sua morte, o diamantinense parece cumprir a profecia de um de seus adversários políticos, o também acadêmico Afonso Arinos de Melo Franco, que disse, certa vez: “De todos nós, é o nome dele que vai durar mil anos. Juscelino estará na memória das gerações porque sua aventura vital foi extraordinária”.
A ousadia de Juscelino se tornou visível quando foi prefeito de Belo Horizonte, entre 40 e 44. A projeção do conjunto moderno da Pampulha consolidou seu vínculo com a vanguarda artística daquele tempo e revelou ao país o gênio de Oscar Niemeyer, a ele apresentado pelo então ministro Gustavo Capanema. Construções como o Museu de Arte, a Casa do Baile e a Igreja de São Francisco de Assis são marcos fundamentais da história da arquitetura brasileira e, de certo modo, prenunciaram o que se faria em Brasília, a nova capital da República, inaugurada em 1960, num momento em que o País também assistia ao surgimento de movimentos culturais importantes, como a Bossa Nova e o Cinema Novo. Sensível e atento a tais fenômenos, JK cercou-se de refinados intelectuais e artistas, com os quais se aconselhava permanentemente, em diálogo inteligente, franco e aberto. Entre seus interlocutores, indispensável nominar Celso Furtado (com quem idealizou a Sudene), Anísio Teixeira (que permaneceu à frente do Inep), e assessores do nível de Alphonsus de Guimaraens Filho, Autran Dourado e Augusto Frederico Schmidt.
Leal servidor da democracia, Juscelino muito provavelmente teria sido reeleito presidente em 1965, se a ditadura militar não tivesse deposto João Goulart, um ano antes, instaurando longo período de exceção – responsável, inclusive, pela cassação dos direitos políticos de JK, que chegou a viver certo tempo fora do país. Nada do que fizeram contra ele, no entanto, foi suficiente para apagar o seu nome da memória coletiva, em que sua contribuição ao Brasil é sempre lembrada.
Por tudo isso, e também pela alegria que sempre manifestou por integrar a AML, a instituição vai comemorar os cento e vinte anos de nascimento de Juscelino em grande estilo. No dia 7 de novembro, às sete e meia da noite, na sede da rua da Bahia, fará sessão solene em que falarão os professores João Antônio de Paula e Maurício Campomori, da UFMG, e o acadêmico Ângelo Oswaldo, atual prefeito de Ouro Preto.
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Já no dia 8 de novembro, às cinco da tarde, o acadêmico Dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, celebrará missa em ação de graças na Igreja de São Francisco de Assis, na Pampulha, em ato revestido de inegável significado histórico, mas, sobretudo, de valor sentimental. Todos estão convidados!
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