Novo aracnídeo é descoberto em reserva biológica de Minas Gerais

Uma nova espécie de opilião, um tipo de aracnídeo, foi descoberta na Reserva Biológica da Mata Escura, entre os municípios de Jequitinhonha e Almenara, no Norte de Minas. Denominada Cajango ednardoi, a espécie apresenta características morfológicas distintas que a diferenciam de outras do mesmo gênero. Além disso, é a primeira vez que é registrada a ocorrência desse gênero no Estado.
A descoberta é resultado das rotinas de monitoramento ambiental conduzidas pela equipe técnica que atua na reserva, sob a gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Essas ações integram o acordo entre a Vale e o ICMBio, no âmbito da Meta Florestal – um compromisso voluntário de proteger e recuperar 500 mil hectares de áreas, além de suas fronteiras até 2030. Além do monitoramento da fauna, são promovidas iniciativas de ciência cidadã que reforçam a conexão entre a sociedade, pesquisadores e a preservação ambiental.
Em abril de 2023, durante uma dessas rotinas de monitoramento, o monitor Ednardo Martins e o brigadista Jorge Pereira encontraram a espécie e compartilharam o registro fotográfico do animal em um aplicativo de ciência cidadã, o iNaturalist, que possibilita o compartilhamento de conhecimento sobre biodiversidade entre a sociedade e o público científico. A foto despertou o interesse do pesquisador e zoólogo Adriano Kury, que trabalha com aracnídeos no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, e é especialista na ordem Opiliones. Além disso, Kury se dedica à reconstrução da coleção de aracnídeos do Museu Nacional, que foi destruída no incêndio em 2018.
“Organizei uma expedição para a Mata Escura com a pesquisadora Alexia Granado no final de março de 2024. Encontramos o monitor Ednardo, que nos guiou a alguns vales úmidos, e lá achamos alguns machos e fêmeas. Chegando ao Rio, estudamos os espécimes e descobrimos que se tratava de uma espécie nova de Cajango”, ressaltou Kury. A descrição taxonômica detalhada e o registro da nova espécie foram publicados em 3 de janeiro de 2025 em uma revista científica internacional.
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Curiosidades sobre o aracnídeo
As características que distinguem o Cajango ednardoi das outras espécies do mesmo gênero incluem variações na coloração do corpo e diferenças estruturais no fêmur e nos órgãos genitais masculinos. A nova espécie foi registrada em altitudes entre 750 e 1.100 metros, enquanto as demais do gênero habitam áreas mais baixas, geralmente abaixo de 600 metros, o que sugere que este animal possa ser um gênero mais primitivo da espécie.
Outro ponto é a localização geográfica. O gênero era classificado pela World Wide Found for Nature (WWF) como endêmica das florestas no interior da Bahia, e essa descoberta amplia a distribuição geográfica do gênero Cajango, marcando sua primeira ocorrência em Minas Gerais.
O nome Cajango ednardoi foi atribuído em homenagem ao monitor Ednardo Martins, que faz parte do quilombo da Mumbuca, território tradicional e parcialmente sobreposto à Reserva da Mata Escura, em reconhecimento ao seu trabalho em monitoramento ambiental nas áreas de florestas na região do Baixo Jequitinhonha. Ednardo, que já foi chefe de brigada do ICMBio, atualmente trabalha como colaborador contratado pela Vale na Rebio Mata Escura.
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