O homem, a obra e a sua medida

“O Imbecil Coletivo”, da Livraria Cultura, foi editado em 2021. Olavo de Carvalho, o autor, faleceu nesta semana, deixando uma obra no mínimo aparvalhada e controversa, marcada por rompantes sintáticos violentos e vocabulário grotesco, com forte sensação de inédita psicopatia textual. O moto contínuo do discurso causou espécie a estudiosos, cientistas e membros da comunidade das letras, acostumados a absurdidades. Bons escritores, no curso da história, abusam de recursos mais ou menos sutis para diversão e troça de seus leitores. Machado de Assis, por exemplo, conhecedor de pretensos eruditos em seu público, deixa uma página em branco em um dos seus livros, sugerindo poupar tempo ao trapaceiro.
Paulo Ronái, em seu “Guia Prático da Tradução Francesa” (1983), da Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, se dirige às socialites afetadas, na elucidação e nas correções de semelhanças fonéticas e ortográficas que promovem gafes na comunicação em festas onde há abuso de gracejos e lastimáveis tentativas de sedução.
O douto jurista Victor Nunes Leal foi assertivo em sua época, mapeando no País os índices determinantes de uma eleição política bem sucedida na publicação “O Coronelismo, a enxada e o voto”. Os indicadores das eleições em 2022, quem os apontaria? Fato que um silenciamento na incitação ao ódio não suprime mas acena com paz. “Deixem que os mortos enterrem seus mortos” (Mateus, 8:22).
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