Variedades

Orquestra Ouro Preto apresenta obra de Vivaldi

O concerto especial será neste sábado (21), no Sesc Palladium, e é uma homenagem aos 300 anos da publicação das partituras de “As Quatro Estações”
Orquestra Ouro Preto apresenta obra de Vivaldi
Crédito: Rapha Garcia

A Orquestra Ouro Preto reverencia a obra-prima de Antonio Lucio Vivaldi, com a companhia de grandes nomes da música de concerto. Para celebrar os 300 anos da publicação das partituras de “As Quatro Estações”, responsável por imortalizar o compositor italiano na história da música universal, a formação mineira contará com o solista Winston Ramalho, um dos mais destacados violinistas brasileiros de sua geração, em concerto especial que acontece no próximo sábado (21), às 20h30, no Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Os ingressos podem ser comprados no Sympla ou na bilheteria do teatro.

Mas quando se trata de Orquestra Ouro Preto, pode-se sempre esperar ousadia, algo que a grandiosidade da ocasião merece. Não bastasse a execução do programa completo de “As Quatro Estações”, a noite reserva ainda a estreia de uma versão musical inédita, assinada pelo pianista e arranjador André Mehmari, dos sonetos atribuídos ao compositor italiano e que estão registrados e acompanham cada concerto na partitura original. Intitulada “Quatro Canções para as Estações”, a homenagem será interpretada pela soprano Marília Vargas, uma das mais importantes e talentosas cantoras líricas do País.

Compostas em 1723 e publicada em 1725, numa coleção de 12 concertos que formam um conjunto único, “As Quatro Estações” são os primeiros concertos desse conjunto e tornou-se a obra mais popular de Vivaldi, tendo a rara qualidade de, mesmo passados três séculos desde sua criação e as milhares de gravações e adaptações ao longo dos anos, manter seu frescor original e a capacidade de emocionar o ouvinte.

“Os grandes autores da humanidade têm sempre de ser revisitados. Não dá para passar por este mundo sem conhecer Shakespeare, Vivaldi e muitos outros. Artistas assim são parte da nossa formação como seres humanos”, afirma o maestro Rodrigo Toffolo, regente titular e diretor artístico da orquestra.
Vivaldi escolhe “A Primavera” para começar a obra. No soneto que acompanha a partitura, anuncia a chegada das flores, a saudação alegre dos pássaros como em um grande despertar da natureza. “O Verão”, o segundo concerto, traz o calor e junto a ele um novo ritmo, em que o sol brilha sobre os campos, mas precipita no anúncio da tempestade.

Já na terceira parte, “O Outono”, Vivaldi parece celebrar a colheita, a fartura e a prosperidade que vem junto à queda das folhas. Chegando ao quarto e último concerto, “O Inverno”, estação em que coexistem o frio intenso e o prazer de se sentar próximo ao fogo quente.

Conexão

Conectar-se com a música de outros tempos e trazer uma nova luz a ela é uma constante na produção de André Mehmari, seja como compositor ou pianista. Apaixonado pela música barroca, em especial a italiana, e com dois cravos em seu acervo pessoal de instrumentos musicais, o criador de “Quatro Canções para Estações” busca o diálogo direto com Vivaldi e sua potente música atemporal.

“Foi uma composição das mais prazerosas e fluentes que fiz em tempos recentes”, afirma Mehmari. “A estética das ‘Quatro Canções’ aqui apresentadas é profundamente conectada com o gestual barroco e o uso do baixo contínuo, no cravo ou órgão, é uma prova clara disso. A linha vocal escrita para Marília Vargas, grande maestra de canto ‘historicamente informado’ também é profundamente enraizada e justificada. A própria escrita para as cordas também procura espelhar, amplificar e refletir o afeto, o espírito do soneto musicado, à melhor maneira da prática instrumental vigente no tempo de Vivaldi”, explica o músico que volta a colaborar com a Orquestra Ouro Preto, com a qual criou, em 2021, “O Canto do Curupira”, obra para piano e cordas com participação de Cristian Budu.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas