Orquestra Sinfônica traz obra inédita no Brasil

Três obras que, para além de sua grandiosidade musical, evidenciam a riqueza histórica e humana por trás do repertório de concerto, proporcionando aos espectadores uma viagem através de diferentes épocas e estilos musicais. A Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (OSMG), sob regência da maestra Ligia Amadio, interpreta um programa composto pela “5ª Sinfonia” de Tchaikovsky, “Concerto para dois pianos e orquestra”, obra de Max Bruch, que será apresentada pela primeira vez no Brasil, e “Nocturno em mi bemol maior”, composta por António Fragoso.
A apresentação será nesta quarta-feira (24), às 20h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes, e contará com a participação dos renomados pianistas portugueses Artur Pizarro e Bernardo Santos, dentro das comemorações dos 50 anos da Revolução do Cravos – que devolveu a democracia ao país após décadas de regime autoritário.
Na “5ª Sinfonia” de Tchaikovsky, cada um de seus quatro movimentos possui uma atmosfera distinta e transmite uma variedade de sensações, como melancolia, esperança, introspecção e triunfo. Composta entre maio e agosto de 1888, é uma manifestação da maestria do autor em transmitir sentimentos complexos através da música. Já o “Concerto para dois pianos e orquestra”, de Bruch, foi inicialmente escrito para órgão e orquestra, e posteriormente adaptado pelo próprio compositor. A obra reflete ecos de Bach e Brahms e, assim como a “Sinfonia nº 5”, transporta o público por diversos sentimentos ao longo dos quatro movimentos, com um final festivo. Por fim, o “Nocturno em mi bemol maior”, uma das composições mais famosas de Fragoso, possui uma atmosfera nostálgica e demonstra a habilidade do autor em combinar diferentes influências musicais, incorporando elementos de Chopin, Rachmaninov e Debussy.
Viagem pela música europeia
Talentoso pianista e compositor, António Fragoso aprendeu a compor de maneira autodidata, e sua paixão pela música romântica influenciou suas primeiras obras. Durante seu último ano no Conservatório Nacional de Lisboa, Fragoso dedicou-se à orquestração do “Nocturno”, com o desejo antigo de vê-lo interpretado por uma orquestra. Seu amigo David de Souza, maestro da Orquestra Sinfônica Portuguesa, havia prometido realizar esse sonho. Infelizmente, isso não chegou a acontecer: em 1918, os dois amigos foram vítimas da gripe pneumônica, que causou milhares de mortes em Portugal naquele ano. Como uma homenagem ao desejo de Fragoso, o “Nocturno” será a primeira obra a ser interpretada pela Orquestra Sinfônica de Minas Gerais no dia 24 de abril.
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Em seguida, Artur Pizarro e Bernardo Santos sobem ao palco para uma interpretação do “Concerto para dois pianos e orquestra”, de Max Bruch. Esta obra foi inicialmente concebida em 1911, após o compositor alemão ficar encantado com o talento das pianistas estadunidenses Ottilie e Rose Sutro, e a história por trás da composição acrescenta uma camada adicional de fascínio: as irmãs Sutro modificaram a obra para se adequar às suas habilidades, e os fragmentos da partitura original só foram redescobertos décadas depois, após a morte das duas, permitindo a reconstrução da versão original de Bruch, que, até 1973, nunca havia sido tocada, e permanece inédita no Brasil. “É um concerto belíssimo – aliás, de todos os que já toquei com a orquestra, é um dos que mais está dando gosto de estudar e ensaiar. Este concerto vai crescendo ao longo de cada movimento e, mais que tudo, é uma obra muito fácil de escutar, muito fácil de seguir e muito fácil de gostar”, diz Bernardo Santos.
Os ingressos estão à venda no site Eventim e nas bilheterias do Palácio das Artes e têm preços populares: R$30 a inteira e R$15 a meia-entrada.
E nesta terça (23) tem também programação, às 12h, no Palácio das Artes e ainda há tempo de se programar. Será apresentada ao público mais uma edição do projeto “Sinfônica ao Meio-Dia”, com parte do programa que será irá aos palcos nesta quarta-feira. A entrada é gratuita.
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