“Pá de Cal” inicia temporada no CCBB BH

Produção da Cia Teatro Independente, com dramaturgia inédita de Jô Bilac e direção de Paulo Verlings, discute o quanto terceirizamos nossas relações, utilizando a temática representatividades. A montagem fará temporada a partir de amanhã e até 15 de novembro, no CCBB BH, sempre de sexta a segunda-feira, às 20 horas.
O espetáculo “Pá de Cal (Ray-lux)” reúne os atores Carolina Pismel, Isaac Bernat, Orlando Caldeira, Pedro Henrique França e Kênia Bárbara. A trama gira em torno da morte do membro mais jovem de uma família e de como serão terceirizadas as responsabilidades nas decisões seguintes ao trágico acontecimento. O projeto tem patrocínio do Banco do Brasil através da Lei de Incentivo Federal.
“Pá de Cal (Ray-lux)” é o novo espetáculo da Cia Teatro Independente, que em 2021 completa 15 anos de existência. A montagem faria temporada no CCBB BH em fevereiro e março de 2021 e foi adiada devido a pandemia. O espetáculo narra uma relação “familiar” por uma perspectiva diferente. “Através das representatividades discutimos o quanto nós hoje, na contemporaneidade, terceirizamos nossas relações”, comenta o diretor Paulo Verlings, também responsável pelo argumento e idealização da peça. “Atravessamos questões como culpa, ausência de diálogo e afeto, a partir de um acontecimento trágico”, ressalta
A expressão “Pá de Cal” quer dizer que fará uma última referência a um assunto não prazeroso. Já “Ray-lux” se refere ao nome de uma urna funerária tão cara, que custa o preço de um automóvel.
A trama de “Pá de Cal (Ray-lux)” parte do suicídio de um personagem central, ou seja, ele está ausente. O mesmo acontece com suas irmãs que mandam representantes para a reunião “familiar” na qual irá se definir o destino do pai dessa família e o destino da mãe do morto, que manda seu representante. O morto é representado por uma pessoa com quem conviveu em terras estrangeiras.
Além de uma morte traumática, a peça lida com a terceirização de responsabilidades e de como essas representatividades interferem na boa condução das questões. Toda a ação se desenrola na casa onde mora o patriarca, local que é foco de uma disputa pela posse, revelando interesses divergentes entre as partes. Conflitos inesperados emergem a partir desse encontro. Com o passar do tempo, as relações entre pai e seus filhos – representados – se revelam aos espectadores cada vez mais límpidas e latentes.
Bilac desenvolveu uma cena na qual os personagens realizam uma constelação familiar: “A ideia surgiu intuitivamente, ouvia falar, minha mãe havia feito constelação familiar e a forma que descrevia a situação se co-relacionava diretamente com o que eu estava pesquisando dentro do espetáculo: o desdobramento da ideia/palavra/sentido da “representatividade. É uma experiência singular, não é teatro, mas existe lugares de representação, contracenação, atmosfera, tem um “gira” que acontece ali que é muito próxima da “gira” que o teatro evoca”.
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