Piracema é o novo balé do cinquentenário do Grupo Corpo; confira datas e horários

Uma companhia de dança chegar aos 50 anos precisa ter uma celebração à altura. E é isso que o mineiro Grupo Corpo traz a partir da estreia nacional agora em agosto do novo balé, Piracema. O peixe sobe a correnteza do rio, numa dura jornada para chegar ao local da desova. Contra a força da corrente, contra os obstáculos, vence a urgência de criar e recomeçar o ciclo da vida. No ano de seu cinquentenário, o Corpo escolheu o fenômeno da piracema como símbolo de sua trajetória – uma viagem movida pelo irresistível desejo de criar, recriar e resistir, em sua brasilidade profunda e incontestável que deságua na linguagem universal da grande arte.
O balé faz sua estreia em São Paulo no dia 13 de agosto e em Belo Horizonte, berço da companhia, a temporada será de 27 a 31 de agosto no Grande Teatro Palácio das Artes. Os ingressos já estão à venda e é bom garantir logo porque eles se esgotam rapidamente. Em setembro, a turnê do Grupo Corpo passará por Florianópolis, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Piracema seguirá também para Fortaleza, Mossoró, Natal. Recife e João Pessoa.

Com trilha inédita composta por Clarice Assad, Piracema inaugura a parceria coreográfica de Rodrigo Pederneiras com Cassi Abranches, que passa a ser também coreógrafa residente. Completando o programa, o Corpo traz de volta Parabelo, de 1997, a peça de inspiração sertaneja com música de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik.
Inovações
Houve uma inovação radical no método de trabalho dos dois criadores – Rodrigo e Cassi – no novo Piracema. Foi um desafio a partir da proposta do diretor artístico Paulo Pederneiras. Com a companhia dividida em dois grupos de 11 bailarinos, cada um dos coreógrafos criou e ensaiou independentemente todo o balé, para depois reunir e combinar as duas versões. “Nossas duas visões se completam. Foi uma experiência riquíssima. Cassi é nossa cria, domina a linguagem e, ao mesmo tempo, traz novos elementos da bagagem internacional dela e os 10 anos que evoluiu em outros cenários”, aponta Rodrigo Pederneiras.
Já Cassi Abranches faz revelações: “Deu um frio na barriga, mas topamos a proposta do Paulo e a dança cumpriu seu papel integrador. Não podíamos nem circular na área que o outro grupo estava ensaiando”.
O balé Piracema traz outra grande novidade. É a primeira vez que uma mulher – Clarice Assad – assina a trilha sonora da companhia mineira. Dividida em três grandes movimentos, música traça um arco que se inicia no tribal, no ambiente natural intocado, passa pela polifonia sinfônica do clássico e termina no eletrônico, urbano e contemporâneo.
Morando em Chicago, ela diz como encarou juntamente com o Grupo Corpo o processo de composição: “Foi minha primeira trilha e, logo, com o gigantesco Grupo Corpo, de quem sou absolutamente fã. Foi um processo maravilhoso, que me ensinou muito”.
Figurino e cenografia
O diretor artístico Paulo Pederneiras foi buscar para a cenografia um material inusitado – e que se alinha à ideia dos cardumes durante a piracema. É formada por 82 mil tampas de latas de sardinha. “Montamos numa rede as tampas metálicas e a imagem de escamas se projeta”, explica.

O figurino, assinado pelos irmãos Susana Bastos, artista e estilista, e Marcelo Alvarenga, arquiteto, traz uma cartela de cores terrosas, com detalhes em prata e em cores fortes. Os bailarinos usam malhas justas como base, também com detalhes sutis nos cortes e um leve enchimento nos quadris e nos ombros, tornando mais indistintas as figuras masculinas e femininas.
Retrospectiva
A retrospectiva dos 50 anos do Grupo Corpo também será feita em forma de documentário e livro, que vai reunir as extraordinárias fotos de José Luiz Pederneiras produzidas ao longo de décadas para os espetáculos da companhia.
Ouça a rádio de Minas