Variedades

“Portinari Raros” atrai mais de 80 mil pessoas

No sábado (5), às 16h, no Teatro II do CCBB BH, acontecerá uma conversa entre o curador da exposição, e o fundador e diretor-geral do Projeto Portinari
“Portinari Raros” atrai mais de 80 mil pessoas
Expectativa é de 100 mil visitantes na exposição em BH | Crédito: Vitor Adalberto

Em cartaz no CCBB BH até segunda-feira (7), a surpreendente exposição “Portinari Raros” vem impactando visitantes de várias faixas etárias e classes sociais. Tendo como fio condutor mais de 200 trabalhos do artista, no formato físico e digital, a mostra híbrida, por um período de quase 70 dias, atraiu um grande público. Já passaram pelas galerias do Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte, mais de 80.000 pessoas, que se comoveram com as obras pouco vistas ou nunca antes expostas de Candido Portinari.

“Associado a certos matizes de cor e a um conteúdo figurativo levemente geométrico, existe um ‘estilo Portinari’ que se fixou no imaginário popular brasileiro. Poucos tiveram a oportunidade de se impressionar com o conjunto de técnicas e linguagens que atravessam a diversidade de sua obra, revelado em imagens tridimensionais, abstratas e realistas”, afirma Marcello Dantas, criador e curador da mostra.

“A exposição dedicada à obra desse ícone da cultura nacional é uma rara oportunidade de mergulhar no universo criativo e artístico de Portinari. O público tem demonstrado interesse e admiração pelo legado de Candido Portinari e esperamos a participação de cerca de 100 mil visitantes até o encerramento da mostra”, destaca Gislane Tanaka, gestora do CCBB Belo Horizonte.

No sábado (5), às 16h, no Teatro II do CCBB BH, com entrada gratuita mediante retirada de ingresso no site bb.com.br/cultura ou na bilheteria física do CCBB, acontecerá uma conversa entre o curador da exposição, Marcello Dantas, e João Candido Portinari, fundador e diretor-geral do Projeto Portinari. Os dois vão abordar a criação de uma mostra híbrida: com obras físicas assim como atrações digitais e imersivas, que apresentam alguns dos trabalhos mais emblemáticos de Candido Portinari, um dos maiores nomes da arte brasileira.

Nessa oportunidade, eles irão também dividir com o público a história e as ações do Projeto Portinari, que há mais de 40 anos vem tornando mais acessível o legado do artista. O projeto é responsável pelo mapeamento de um acervo de mais de 5.400 obras e 30 mil documentos, e que tornou possível trazer à tona aspectos mais raros da produção do artista, com algumas obras pouco ou nunca antes expostas ao público. “É mais uma oportunidade para celebrar a vida e a obra de Portinari”, pontua Gislane Tanaka.

O cantor, compositor e músico Celso Adolfo relata a rica experiência ao visitar a mostra Portinari Raros na companhia de João Candido Portinari, filho do artista homenageado. “Quando conheci a igrejinha da Pampulha, Cândido Portinari me pegou. Pintado no painel, eu soube que um vira-latas impedia a consagração da igrejinha. Logo ele, cão-orgulho brasileiro, um dos símbolos das humildades com que São Francisco nutria a sua alma, não poderia estar na igreja. Vá pra rua, cachorro magrelo feio com fome, saia deste altar, saia de perto de Deus, ordenou o arcebispo. Em 1959, Deus reviu a ordem e, finalmente, bendisse o cachorro e o pintor”, ressalta.

“Em outubro de 2013, Portinari me pega de novo, na inauguração do Cine Theatro Brasil Vallourec, em Belo Horizonte, onde foi exposto o seu monumental Guerra e Paz, painel que saiu da ONU para que Minas Gerais o visse de perto”, relembra Celso Adolfo.

Olhar aguçado

Ricardo Homen, artista plástico mineiro premiado e com obras expostas mundo afora, em recente visita à mostra “Portinari Raros”, voltou o seu aguçado olhar ao núcleo dedicado aos desenhos de Candido Portinari.

“Visitar esta exposição é uma oportunidade rara de mergulhar na obra de Portinari, que é tão vasta e variada, e nos permite entrar no seu universo e perceber seu espírito inquieto e transformador. O artista soube flertar com vários movimentos artísticos da sua época, como o realismo, o cubismo, o surrealismo e o muralismo mexicano. Sua marca sempre foi a expressividade dos traços, carregados de emoção. O desenho foi seu alicerce, a base de toda a sua obra. É aí que o artista pode fazer suas numerosas descobertas, com técnicas variadas, com o guache, grafite, nanquim, aquarela, lápis de cor. A partir do estudo do modelo vivo, suas figuras humanas foram ganhando formas e expressividade, com agigantamentos e deformações. O artista acabou criando um vocabulário próprio, com temáticas brasileiras, sem o intuito de imitar a natureza, e sim transformá-la em expressão e emoção”, analisa.

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