LED: primeira negra doutora em Física emociona festival em BH
                            Centenas de pessoas ovacionaram, de pé, a entrada de Sonia Guimarães, de 68 anos, no palco do Festival LED – Luz na Educação, na tarde desta segunda-feira (3), em Belo Horizonte. Especialista em semicondutores, ela foi a primeira mulher negra a obter um doutorado em Física no Brasil (1989) e a integrar o corpo docente do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em 1993.
Sonia Guimarães participou de uma conversa sobre os desafios da presença feminina nas carreiras de ciência e tecnologia no País. O bate-papo contou com a mediação da jornalista Sandra Annenberg e com a participação de outras mulheres importantes, em uma série de atrações do LED, evento gratuito (mas com inscrições encerradas) realizado pela Globo e pela Fundação Roberto Marinho e correalizado pela Fundação ArcelorMittal, com apoio estratégico do Sebrae.
Convidada a orientar meninas que desejam seguir carreira nas áreas chamadas Steam (ciência, tecnologia, engenharia, artes e matemática), Sonia Guimarães incentivou a persistência. “Quero dizer para elas que, quando elas ouvirem ‘você não vai conseguir, você nunca vai aprender Física, você não é inteligente o suficiente’, para ficarem surdas sobre isso, não ouvirem. Eu ouvi isso a vida toda e olhe onde eu cheguei”, disse a cientista.
“Se você não conseguir na primeira vez, veja o que errou na primeira, tente na segunda. Tente na terceira. E só pare quando conseguir”, completou a especialista, que desenvolveu tecnologias de ponta durante a carreira incluindo sensores infravermelhos aplicados à indústria militar.
CEO luta por mulheres na tecnologia
Referência mundial na luta por mais mulheres na tecnologia, Camila Fernandez Achutti é fundadora e CEO da startup de educação Mastertech e criadora do portal “Mulheres na Computação”. No debate, ela falou sobre a importância da diversidade racial e de gênero para a pesquisa brasileira.
“A diversidade é necessária. Não só por questões de direitos humanos, mas para conseguir carregar a inovação que a gente precisa para, quem sabe, não morrer no século que vem. A gente vai precisar inovar enquanto humanidade e só com todo mundo colaborando a gente vai conseguir”. Apesar disso, ela lembrou que a quantidade de mulheres nos negócios Steam ainda é baixa, com apenas 12% das lideranças femininas.
Deusa Cientista fala sobre o que afasta mulheres das ciências
Kananda Eller é química, mestre em Ciências Ambientais pela Universidade de São Paulo (USP), e conhecida na internet pelo perfil Deusa Cientista, canal no qual ela compartilha conhecimentos sobre ciências da natureza e educação das relações étnico-raciais. Ela falou sobre motivações que afastam as mulheres do estudo científico.
“É como se a gente ascendesse para um lugar socialmente que, muitas vezes, nossa comunidade não foi junto. Isso é um problema das estruturas das universidades que não se aproximam das culturas de outros povos, sem ser o povo que sempre dominou esses espaços, os brancos. Então, tem esse fator psicológico, que é a autoidentificação”, declarou.
Ela ainda citou, entre outros pontos, questões de dificuldade financeira e dificultadores da maternidade, situação que faz com que, segundo Kananda Eller, o cuidado dos filhos, com todos seus desafios, recaia mais sobre mulheres do que entre homens.
Mulher à frente de fundação social de siderurgia
Com mais de três décadas de experiência, incluindo a liderança de times multifuncionais com mais de dois mil colaboradores em diferentes regiões do Brasil, Camila Valverde é a atual diretora executiva da Fundação ArcelorMittal, organização dedicada a direcionar os investimentos sociais do Grupo ArcelorMittal.
Na conversa, ela falou sobre a importância dos investimentos privados da empresa para a melhoria do ambiente científico no País. Entre as iniciativas, ela destacou a Liga Steam, um projeto criado em 2022 pela Fundação ArcelorMittal e que promove a adoção da abordagem Steam em escolas públicas brasileiras.
Entre diversas atividades propostas, o programa mantém um prêmio nacional, que será entregue no fim da tarde desta segunda-feira, durante o encerramento do Festival LED – Luz na Educação. Entre os colégios brasileiros participantes de todas as regiões do País, seis unidades são de Minas Gerais.
“No Prêmio Nacional Liga Steam nossa proposta é valorizar o conhecimento produzido na comunidade escolar para inspirar novas formas de pensar o futuro do planeta, transformando os conhecimentos em soluções para os desafios atuais”, afirmou Camila Valverde.
Festival LED será encerrado com show de João Gomes
Após quatro edições no Rio de Janeiro e uma em Belém (PA), que somaram mais de 400 horas de conteúdo, 24 mil participantes e 550 palestrantes, o Festival LED – Luz na Educação chegou a Belo Horizonte nesta segunda-feira (3), especificamente na Sala Minas Gerais, sede da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais (OFMG), no Barro Preto, na região Centro-Sul da Capital.
Gratuito, mas com inscrições para entrada encerradas, o encontro reúne especialistas, educadores e artistas para pensar os desafios, oportunidades e transformações da educação brasileira.
Nesta edição, o evento traz, entre outros, a linguista e escritora brasileira Conceição Evaristo, o rapper e compositor brasileiro Djonga, e o ator Lázaro Ramos, que apresentará a final do Prêmio Nacional Liga Steam. Em seguida, haverá show do músico João Gomes.
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