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Quik Cia. de Dança apresenta “Tecituras”

Quik Cia. de Dança  apresenta “Tecituras”
Crédito: Ilana Lansky

A mineira Quik Cia. de Dança volta a ocupar os espaços públicos de Belo Horizonte após quatro anos da sua última apresentação na cidade. O espetáculo escolhido é “Tecituras”, nono trabalho do grupo, que investiga a improvisação estruturada, como metodologia de criação da companhia desde 2006.

Na montagem, os bailarinos e coreógrafos Rodrigo Quik e Letícia Carneiro – fundadores da Quik – e os músicos Rodrigo Salvador e Thiago Mioto tecem relações permeáveis entre corpo, objeto, sonoridades e arquitetura, promovendo uma relação não hierárquica entre o público, a dança, a música e os espaços. Uma dança relacional movida por estados corporais de contemplação, delicadeza e ludicidade, guiados pela percepção do corpo em conexão com o espaço.  A montagem chega também ao Centro Cultural Venda Nova neste sábado (25) às 16h e ao Centro Cultural Lagoa do Nado no domingo (26) às 15h30.

“Este projeto marca dois momentos importantes para a Quik: o retorno a Belo Horizonte, onde não nos apresentamos desde 2018, junto da reocupação dos espaços públicos da cidade, e a nossa primeira exibição presencial após dois anos de isolamento. São apresentações gratuitas, em praças e centros culturais, favorecendo a missão da companhia, que é ir ao encontro do público e levar a dança onde as pessoas estão, em tempo real”, comentam Rodrigo Quik e Letícia Carneiro, que trabalharam como bailarinos no Grupo Corpo, onde permaneceram por 12 anos. 

A metodologia de criação da Quik sempre valorizou a dança contemporânea e suas interfaces com outras linguagens artísticas. A companhia foca suas pesquisas no campo da improvisação estruturada, por meio da investigação de novos métodos de composição, com resultados inovadores e uma comunicação e interação com o público muito potente.

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“A Quik completou 22 anos. Desde o início, mesmo nos espetáculos para espaços cênicos tradicionais e coreografados, sempre existiu um forte diálogo entre a dança, a música, as artes plásticas e a arquitetura. Em 2006, começamos a investigar a improvisação estruturada, onde o público se vê dentro do espetáculo. Criamos roteiros prévios para os espetáculos, mas temos total abertura ao instante, à configuração do espaço. E Tecituras é toda essa entrega dos bailarinos em tempo real, em que as cenas se abrem para o instante”, explica Letícia Carneiro, também co-fundadora da Quik Cia. de Dança.

As apresentações de “Tecituras” criam para o público a possibilidade de novos olhares e interlocuções sobre as suas relações com o espaço. Leticia Carneiro completa que a ideia é contribuir para um processo de valorização das memórias e identidades, permitindo que as pessoas se relacionem com o patrimônio material, imaterial e a diversidade cultural presente nos contextos dos espaços.

“Tecituras possui uma linguagem transversal e se propõe a refletir sobre o cenário vivo de cada lugar em que é apresentado. É um trabalho plástico, que possui uma forte conexão com a dança e a música na sua criação. A partir de vários exercícios de improvisação, chegamos a estruturar algumas cenas, que no momento instante se ‘reconstroem’, convidando o público a participar a partir das suas percepções, símbolos e sentidos, com o seu corpo interagindo na cena”, descreve a bailarina e coreógrafa.

A Quik trabalha com a improvisação estruturada em todo o seu processo de criação. Assim como a coreografia se integra ao momento presente, a música também é resultado da interação dos músicos com o tempo real. Assinada pelos músicos Rodrigo Salvador e Thiago Mioto, e tocada ao vivo, a trilha sonora é composta dentro do conceito da improvisação estruturada.

“São músicas originais e exclusivas, pré-estruturadas pelos músicos. Durante a apresentação, ocorre uma troca de estímulos entre a trilha e os bailarinos. A música dá estímulo ao bailarino, e o bailarino dá estímulo à música. E nesse diálogo, a trilha vai se reconstruindo. Em alguns momentos, até o público nos dá um estímulo para a música, que acaba sendo ‘composta’ em tempo real”, explica Rodrigo Quik, que completa: “uma característica muito forte da trilha sonora são os instrumentos orientais, que trazem uma riqueza da música universal. Mas existe uma não hierarquização entre a dança e a música. Em algumas cenas, os instrumentos se tornam um objeto relacional com o corpo. Os bailarinos também tocam e os músicos também dançam”.

A companhia foi fundada em 2000 no bairro Jardim Canadá (Nova Lima), pelos bailarinos Letícia Carneiro e Rodrigo Quik, com vasta experiência profissional em dança contemporânea no Brasil e exterior como integrantes do Grupo Corpo de 1984 a 1996. A companhia completou 22 anos de existência em 2022 e já construiu um repertório de dez espetáculos, sendo eles “Rua” /2001, “Dos Tornozelos a Alma”/2004, “Formas e Linhas”/2006, “Dissoluções”/2008, “Clariceanas” /2008, “Mulher, Mulheres” /2009, “Ressonâncias” /2010, “De nós dois”/2012, “Tecituras”/2014 e “Prima-Veras” /2018.

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