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Reinvenção do setor das artes na pandemia

Reinvenção do setor das artes na pandemia
Crédito: Michelle Mulls

Michelle Mulls

O ano de 2020 potencializou a dinâmica virtual. As mudanças relacionadas à forma de produção, circulação e consumo, exigiram adaptações e transformações nos modelos de negócios, e o campo da arte acompanhou esse processo.

Com a diminuição da circulação no mundo físico, a experiência de consumo de arte virtual se tornou uma tendência no mundo. Grandes museus, galerias e as maiores feiras de arte do mundo inovaram, tornando a constante transformação digital um processo inerente ao meio. Novas formas de consumo focadas na experiência virtual surgiram durante a pandemia e permanecerão após esse período, mudando todo o cenário econômico e de atuação desse setor.

O mercado de arte brasileiro, em 2020, surpreendeu com resultados positivos em volume de negócios e vendas, mesmo em meio à grande adversidade, segundo estudo realizado pela Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT) em parceria com a Associação Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (Apex-Brasil).

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Os melhores resultados no setor das artes, neste período de pandemia, segundo a ABACT, vieram das galerias de arte de porte pequeno e médio que tiveram proporcionalmente melhor desempenho e registraram perdas menores do que o grupo das galerias que movimentam o maior volume de recursos.

O crescimento se deve à rápida capacidade de adaptação dessas empresas ao novo cenário, que obrigou as mesmas a investirem nos formatos digitais. Segundo pesquisa, entre as estratégias digitais adotadas destacam-se o maior uso das mídias sociais, participação em marketplaces, plataformas de comércio digital, desenvolvimento de viewing room e participação em feiras on-line.

A participação representativa do setor e agentes do mercado das artes em feiras virtuais, tanto nacionais quanto internacionais, culminou em resultados positivos a essa parcela expressiva do mercado. De acordo com ABACT, 83% do mercado de arte nacional aderiram às feiras on-line. As plataformas virtuais serão uma alternativa cada vez mais utilizada, mesmo quando houver a possibilidade de eventos presenciais, uma vez que o modelo virtual abre inúmeras possibilidades, como o aumento significativo do alcance em termos de público.

Maria Brizola, galerista da jovem Brizola Arte, acredita que estamos testemunhando a criação de uma nova economia da experiência no mundo da arte. “O setor teve que se reinventar e ousar em meios antes vistos como secundários pelo setor de arte, como o marketplace e redes sociais”.

A galeria, que inaugurou em 2020, apostou em novo site com e-commerce e também em estratégias para atrair clientes através das mídias sociais. “Tivemos que nos reinventar. Investir em uma plataforma e-commerce tornou-se necessário para atender as mudanças na forma de consumo de arte. O outro canal escolhido para manter o contato ativo com clientes e agentes, foram as redes sociais. Produzir conteúdo diferenciado, informativo e atual, manteve a galeria próxima do mercado, num momento em que não podemos fazer isso de forma presencial”, segundo Maria Brizola.

As ações colaborativas também merecem destaque, no mercado nacional, entre as ações adotadas pelo setor das artes para o enfrentamento da crise. Exemplo disso é o projeto p.art.ilha, criado em abril de 2020, por um grupo de galeristas e artistas que se uniram visando à movimentação do mercado da arte, através de ações conjuntas, com o objetivo de minimizar os impactos da pandemia.

Segundo Maria Brizola, somente a união do setor e a criatividade poderão minimizar as consequências deste momento difícil e novos caminhos para a sustentabilidade dos negócios do setor acontecerão justamente através dos processos colaborativos.

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